Noah.
Meu coração deu um salto brutal, como se tentasse pular para fora do meu peito.
Os flashes ainda estouravam, os sorrisos ao redor continuavam a brilhar, mas tudo ficou desfocado quando os olhos dele encontraram os meus. Era como se só existisse ele. Alto, envolto por uma aura de sombra e mistério, com aquela jaqueta de couro escura que moldava seu corpo como se tivesse sido feita sob medida. Os cabelos ruivos desalinhados, o maxilar trincado, o olhar… Deus, aquele olhar. Intenso. Penetrante. Mortal.
Ele não sorriu. Apenas me observou. E isso bastou para fazer minhas pernas ameaçarem ceder.
— Parabéns, ma fille. — A voz do meu pai me puxou de volta à realidade, forte e segura. Ele me envolveu num abraço apertado, me protegendo do caos que se instalava dentro de mim. — Que você brilhe mais do que qualquer estrela que já vi, e que o mundo te conheça por tudo o que é… e tudo o que será. — Disse, beijando o topo da minha cabeça com carinho.
Minha mãe, sempre elegante, apareceu logo em seguida.
— Meu tesouro… — sussurrou, com os olhos marejados. — Que sua luz nunca se apague. Que o mundo jamais te diminua. Parabéns, meu amor. — Ela me beijou na bochecha com um afeto que quase me desmanchou.
Meu tio, Gabriel Salazar, surgiu logo atrás, com um copo de uísque na mão e um sorriso genuíno nos lábios.
— Minha sobrinha linda, minha herdeira de fogo… — disse ele, erguendo o copo em minha direção. — Se alguém tiver coragem de partir esse seu coração, juro que dou um jeito… à moda antiga. — Piscou e me puxou para um abraço forte.
— Tio, obrigada… — sussurrei contra seu ombro. Ele era minha rocha, minha ponte segura entre o mundo e meus próprios abismos. — Você sempre sabe o que dizer.
Nos abraçamos e, um a um, os convidados vinham me felicitar. Sorrisos. Brindes. Beijos. Mas meu olhar teimava em procurar por ele.
Noah.
Ele estava ali. Conversando com Tomás, seu irmão mais novo. Os dois pareciam relaxados, mas eu sentia o calor do olhar dele como um raio de sol em plena tempestade. Nem precisava me encarar diretamente, meu corpo já sabia quando ele estava por perto. E doía. Queimava.
...----------------...
O tempo passou arrastado. Fui para o jardim com Harper e Zane. O ar noturno trazia um frescor que aliviava a tensão.
— E pensar que semana que vem a gente já vai estar na faculdade e separados… — murmurou Harper, com um suspiro triste. Ela jogou o cabelo para trás e tomou um gole do refrigerante. — E que eu não vou ter vocês dois para enlouquecer minhas manhãs.
— Vou sentir falta de você nas aulas, sua maluca dramática — disse, forçando um sorriso. — Quem mais vai me passar cola e arrumar confusão com o professor de física? Nem sei como vou sobreviver sem o caos de vocês dois — completei, tentando manter o tom leve.
Zane riu e nos abraçou, os três fingindo um momento de despedida como em um filme de drama barato.
Ficamos assim por um momento.
E então, quando ergui os olhos, quase deixei meu copo cair.
Lá estava ele.
Apenas alguns passos à frente. Alto. Imponente. Com um copo nas mãos. Os olhos cravados nos meus.
— Bom… — murmurou Harper, engolindo seco. — Zane… que tal pegarmos mais alguma coisa para beber? — disse, tentando soar casual, mas a voz dela vacilou.
Zane assentiu. Ele e Noah se encararam feito dois lobos. Não sei por que, mas Noah nunca simpatizou com ele. Talvez fosse ciúmes. Ou apenas frescura.
Meus amigos se afastaram, e então ele se aproximou.
— Parabéns, Bella. — A voz dele era baixa, rouca… e cada palavra parecia arrancada do fundo da garganta. Carregava uma intensidade que me cortou feito lâmina. — Você está linda...
Continuei sentada, mantendo a postura firme, mesmo que meu coração estivesse prestes a explodir.
— Obrigada. — Respondi, seca. Queria soar fria. Imune. Mas minha voz falhou no final.
Ele então meteu a mão dentro da jaqueta de couro e puxou uma pequena caixa preta. Estendeu para mim com a mesma mão que tantas vezes segurou a minha.
— É pra você. — Disse, olhando nos meus olhos, como se aquilo significasse mais do que um simples presente.
Fiquei olhando para a caixa com desprezo. Peguei-a devagar, e então levantei os olhos para ele.
— É isso que você vai fazer de novo? Vai me dar algo e sumir? — Minha voz saiu firme.
Me levantei, colocando a caixa fechada no banco ao meu lado.
— Você chega aqui como se nada tivesse acontecido. Como se eu fosse uma figurante na sua vida. Finge que se importa comigo e vai embora de novo. É isso que você faz, Noah. — Meus olhos ardiam, mas me recusei a chorar na frente dele.
Ele hesitou. A tensão nos ombros dele ficou visível.
— Você tá nervosa… é melhor eu ir antes que a gente fale merda e se arrependa depois… — disse, virando-se de costas.
Dei uma risada amarga, sem humor, o peito em combustão.
— Claro que vai fugir. É isso que você faz, não é? Foge. Se esconde. Age como se eu fosse uma fração, um mero detalhe. — Dei um passo à frente. — Você não vê? Não vê o que eu sinto por você? Ou simplesmente ignora?
Ele parou, os ombros tensos. Mas não respondeu.
— Fala comigo, Noah... — Estendi a mão, tocando o braço dele.
Ele se virou lentamente. Os olhos encontraram os meus. Tão penetrantes, tão intensos. Tão cheios de tudo o que ele tenta esconder.
E então eu fiz.
Deus, eu fiz.
Subi nas pontas dos pés, ignorando o salto alto, e me aproximei tão rápido quanto o fogo que me consumia por dentro.
Beijei-o.
Antes que ele reagisse, eu o beijei.
Um beijo sem jeito, inexperiente, mas carregado de sentimentos.
A boca dele era fogo e pecado. Era raiva e saudade. Era sentimento não dito e desejo descontrolado.
Ele segurou minha cintura com força, os dedos afundando na minha pele como se quisesse me manter ali. Presa.
Por um segundo eterno, o mundo perdeu o som.
A festa virou poeira.
Só existia ele. E eu. E esse sentimento gritando dentro de nós.
E então…
Ele afastou o rosto.
Mas os olhos dele… estavam em chamas.
— Esquece o que acabou de acontecer, — ele murmurou contra minha testa, a respiração dele ainda quente no meu rosto, ofegante como a minha. — Não cometa esse erro de novo, Bella. Foi a primeira e última vez, entendeu?!— Ele cravou as palavras como punhais e se afastou.
Eu pisquei, travando o choro, sentindo o gosto do beijo ainda queimando na minha boca.
Dei um passo à frente. E o encarei com tudo que havia dentro de mim: mágoa, orgulho, dor e amor sufocado.
— Não se preocupe, Noah. — minha voz saiu baixa, mas afiada como uma lâmina — Eu vou esquecer. Esquecer cada maldito segundo desse beijo.
Meu olhar cravou o dele, e eu vi quando ele travou a mandíbula. Eu tinha atingido.
— E se depender de mim… nunca mais meus lábios vão tocar os seus. Eu cansei. — Dei uma risada amarga. — Cansei da sua indiferença, da sua covardia disfarçada de frieza. Você quis me afastar, muito bem, você conseguiu. Parabéns.
Ele ficou em silêncio, mas eu vi.
Vi os olhos dele vacilarem.
Vi a dor que ele tentava esconder atrás daquele rosto de mármore.
— Vai. Volta para suas festas de fachada. Volta pra tua vida cheia de luzes falsas, risos vazios e amores descartáveis. — Minha voz tremia, mas era firme. — E leva isso com você. — Peguei o presente que ele tinha trazido. — Toma. Eu não quero, não quero nada de você.
E virei as costas.
Saí andando sem olhar para trás.
Noah queria que eu esquecesse? Queria me afastar?
Tudo bem. Eu faria exatamente como me pediu.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Gislaine Duarte
só queria saber pq ele foge dela😒
2025-05-20
5
Joselma Trajano
ah noah uma mulher magoada e terrível, vc ainda não sabe o que e sofrer , vai saber agora depois que ela vai seguir em frente e tirar vc do coração, vai vê seu amor com outro e se arrepender de não ter corrido atrás dela .
2025-05-21
0
Claudia Vidal
amo suas histórias eita que agora vai ser fogo ela desafiando o próprio pai com esse amor dela que venho crescendo desde pequenos já mostrando que tem personalidade forte
2025-05-23
0