Daniela vestiu uma calça jeans confortável, uma blusa clara e prendeu os cabelos em um coque simples. Pegou sua bolsa e chamou um motorista e dois seguranças. Era o dia de ir ao shopping comprar brinquedos para as crianças da ONG, uma tradição mensal que ela fazia questão de manter.
Já estavam a certa distância da casa quando o inesperado aconteceu. O carro freou bruscamente, e Daniela sentiu o impacto.
— Signore Dio... — murmurou, saindo apressada do carro. — O que foi isso?
Os seguranças a cercaram, abrindo caminho até a frente do veículo. No chão, uma jovem mulher, aparentando cerca de 20 anos, gemia de dor.
— Dio mio, você está bem? — Daniela perguntou, abaixando-se ao lado dela, visivelmente aflita.
— Meu tornozelo... estou com muita dor... — a moça gemeu, os olhos apertados pelo incômodo.
— Vamos te levar ao hospital, agora.
— Me leva pro Hospital London... é onde meu médico trabalha. Sou ginasta olímpica, ele me conhece, sempre cuidou de mim — disse com dificuldade.
Daniela assentiu, compreensiva.
— Eu entendo... tenho uma irmã ginasta também.
Com cuidado, um dos seguranças a carregou até o banco traseiro do carro, e Daniela entrou ao lado. Enquanto o carro seguia, ela tentava confortar a jovem.
— Quer que eu chame alguém da sua família?
— Sim, por favor... liga pro meu irmão.
Ela estendeu o celular com a tela já desbloqueada, e Daniela discou. O toque foi rápido, e logo uma voz grave e rouca atendeu.
— Alô?
Ao ouvir aquela voz, Daniela estremeceu. Era familiar. Intensa. Quase impossível de esquecer. Seu coração acelerou, mas ela manteve o foco.
— Oi... aqui é Daniela. Sua irmã Agatha sofreu um acidente... nada grave, mas ela está sentindo dor e estamos a caminho do Hospital London.
— Estou indo agora. — A voz firme do outro lado fez o estômago dela revirar. Ela reconhecia aquele tom. Não era possível...
Chegaram ao hospital, e Agatha foi levada direto para o atendimento emergencial. Daniela permaneceu na sala de espera, andando de um lado para o outro, ansiosa e sentindo uma culpa crescente. Uma hora se passou até que o médico apareceu e a conduziu até o quarto.
Agatha estava deitada, com faixas no braço direito e no tornozelo. O médico explicou com calma:
— Ela trincou o osso do braço e torceu o tornozelo, mas nada que não se recupere com repouso e fisioterapia.
— Per favore, me perdoe, Agatha. Eu cubro todas as despesas, te levo em casa, o que precisar...
— Foi um acidente, Daniela... — Agatha respondeu com um sorriso gentil, mesmo com o desconforto. — Eu sei que você não teve culpa.
Antes que Daniela pudesse dizer algo mais, a porta se abriu.
E por ela entrou ele.
Alto, imponente, olhar cortante. Era o mesmo homem do leilão. O mesmo que, há um mês, entregou um colar de rubis para ela como se fosse um gesto banal, mas carregado de intenções. O mesmo cuja voz a tinha feito estremecer minutos antes.
Os olhos dos dois se cruzaram como se o tempo tivesse parado.
Daniela sentiu o coração bater descompassado, os pensamentos em turbilhão. Ele estava ali. O desconhecido que rondava seus pensamentos e pesadelos. Aquele que ultrapassara o limite com gestos ousados e agora aparecia na sua frente como se o destino estivesse determinado a cruzar seus caminhos de novo.
— Você... — ela sussurrou, quase sem fôlego.
Ele fechou a porta atrás de si com calma, olhando-a com um meio sorriso.
— Daniela.
— Você é o irmão dela?
— Sim. — Seus olhos pousaram na irmã por um instante antes de voltarem para ela. — E parece que agora temos muitos assuntos pendentes, não é?
Daniela recuou um passo, mas manteve o queixo erguido. Sabia que estava diante de um homem perigoso. Talvez não nos mesmos moldes que os que enfrentava com a família, mas ele tinha algo que transbordava domínio, desejo e mistério. E ela, mesmo relutante, sentia-se arrastada para aquele vórtice.
Agatha, ainda deitada, olhou de um para o outro, estranhando a tensão no ar.
— Vocês se conhecem?
Daniela respirou fundo, tentando recuperar o controle.
— Nos esbarramos em um leilão. Só isso.
Ele sorriu, como se soubesse que não era só isso.
— Nos esbarramos... e agora o destino resolveu caprichar.
Daniela desviou o olhar, tentando escapar daquele jogo.
— Eu vou dar espaço para vocês. Agatha precisa descansar.
Mas antes que saísse, ele segurou o braço dela com delicadeza, firme o suficiente para fazê-la parar.
— Daniela... você me deve uma conversa. E eu não sou do tipo que esquece dívidas.
Ela o encarou, desafiadora, mesmo com o coração acelerado.
— E eu não sou do tipo que deve nada a ninguém.
Ela puxou o braço e saiu, deixando no ar uma tensão palpável. Do lado de fora do quarto, respirou fundo, tentando entender o que acabara de acontecer.
Mas uma coisa era certa: aquele homem não era coincidência.
Era um aviso.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Marli Batista
Eita que Matheus vai infarta 🤣🤣🤣🤣🤣
2025-05-22
0
Simone Silva
parabéns autora pelo seu livro ❤️
2025-05-19
1
Jessica Ferreira Borges
Uauuuuuuuuu
2025-05-18
0