A porta do camarote se abriu com um tranco suave e confiante.
— *Oi, irmãzinha* — a voz de Natan surgiu, grave e divertida ao mesmo tempo. Ele entrou com passos firmes, seus olhos explorando a sala até parar em Lucca. — *Lucca? O que você tá fazendo aqui?*
Lucca manteve a calma, mas o olhar fixo em Aurora não se alterou nem por um segundo.
— *Foi seu pai quem me chamou.* — respondeu com tranquilidade, sem desviar o olhar.
Natan estalou a língua, o sorriso travesso tomando conta de seu rosto.
— *Bom te ter aqui, amigo. Pra proteger essa pequena.* — ele comentou, a provocação visível nas palavras, mas ainda com um toque de ironia.
Aurora bufou, a cabeça se virando para Natan, os olhos faiscando como brasas.
— *Eu não sou criança!* — disparou, a voz carregada de desdém. Ela se levantou, os braços cruzados sobre o peito, e seu corpo inteiro parecia se preparar para um confronto. — *Não preciso de proteção. De nenhum dos dois.*
Lucca deu um passo à frente, sua presença crescendo no ambiente. Ele se aproximou mais, seus olhos tão fixos em Aurora que mais parecia que ele a devorava com o olhar. Seus olhos brilhavam com uma intensidade quase visceral, como aço endurecido.
— *Piccola stellina, você precisa ficar segura.* — a voz dele saiu baixa, quase como um comando.
Aurora sentiu uma onda de calor subir por sua espinha, mas seu orgulho foi mais forte. Ela não ia ceder tão facilmente. O tom dele a irritava, mas também despertava algo mais, algo que ela se recusava a admitir.
— *Não me chame assim!* — ela respondeu, o tom afiado como uma lâmina. — *Eu não sou uma criança. Sou uma mulher.*
Lucca arqueou uma sobrancelha, um sorriso torto se formando nos lábios. Ele parecia divertido, como se tivesse encontrado algo... encantador na resistência dela. Pela primeira vez naquela noite, ele soltou uma risada baixa, rouca, que parecia atravessar a pele de Aurora como eletricidade.
— *È una bambina* — murmurou em italiano, sem se importar em disfarçar o sorriso. A maneira como disse aquilo tinha algo de provocador, como se estivesse testando os limites dela.
Aurora ficou momentaneamente paralisada, mas não por fraqueza — era a energia bruta de Lucca que mexia com ela. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Era difícil não perceber que ele estava mexendo com seus nervos de forma deliberada.
Ela o encarou com um olhar desafiador, e antes que pudesse pensar em algo para responder, estendeu a mão e pegou o copo de uísque das mãos de Natan.
Com um movimento rápido, virou o conteúdo de uma vez só.
O líquido desceu queimando a garganta, mas Aurora não recuou. Ela sentiu o calor do álcool misturado com a tensão crescente entre ela e Lucca. O ardor queimava de uma forma intensa, diferente de tudo que ela já havia experimentado.
— *Vou te mostrar a menina* — ela disse, a voz baixa, firme, cheia de promessas implícitas.
Sem dar tempo para Natan ou qualquer outra pessoa reagir, ela pegou Fernanda pela mão e a puxou para fora do camarote, suas botas de salto batendo contra o chão com força. A música da boate explodiu em cores e batidas, como um feitiço que a tomava por completo.
**“Ela gosta é de gasolina...”**
Aurora desceu para a pista como uma tempestade, seu corpo se movendo com a sensualidade de uma criatura selvagem e indomada. O vestido vinho se colava ao seu corpo como uma segunda pele, evidenciando cada curva enquanto ela se entregava à música. Os quadris se moviam com precisão provocante, como se dançasse com a própria alma, e a cada movimento, o ar parecia se aquecer ao redor dela.
Cada gesto seu era uma provocação, um convite silencioso, mas irresistível. Ela rebolava com maestria, a cintura serpenteando e a bunda subindo e descendo de maneira quase hipnótica, enquanto o copo em sua mão não se movia.
Ela era pura sedução, uma mulher em controle total de seu corpo e da situação, e parecia que ninguém ao seu redor seria capaz de resistir a isso.
Lucca, no camarote, estava imóvel, mas seus olhos seguiam cada passo de Aurora com uma intensidade que beirava o insano. Cada movimento dela era como uma chama acesa que ele não conseguia apagar. Ele queria… não, ele **precisava** manter o controle, mas algo nela estava começando a destruí-lo, pedaço por pedaço.
— *Essa mulher...* — ele pensou, seus dentes cerrados. *Ela vai ser a minha ruína.*
Natan, ao lado, observava com um sorriso irônico.
— *Isso vai dar problema...* — ele murmurou, divertido, mas também com um toque de cansaço na voz, como se já soubesse o que viria.
Mas Lucca não ouviu. Ele estava completamente absorto em Aurora.
A batida da música parecia ecoar dentro do peito de Lucca, mas não era a melodia que fazia seu coração acelerar — era Aurora.
Ela se movia como se o mundo fosse o palco dela. Cada curva do corpo, cada rebolado perfeitamente marcado, cada volta dos quadris fazia o ar ficar mais pesado ao redor. O vestido vinho colava como uma provocação viva, e o jeito que ela segurava o copo, sem derramar uma gota, mesmo dançando daquela forma, era quase... indecente.
Ela sabia o que fazia. E sabia que ele estava olhando.
“Ela está provocando”, pensou, a mandíbula travada. “Ela quer que eu veja. Ela quer me testar.”
E estava conseguindo.
O calor subiu pelas veias como gasolina, inflamado pela música que parecia ter sido feita para ela. E então, como se o universo tivesse decidido provocar Lucca ainda mais, aquele homem apareceu.
Alto. Arrogante. Um sorriso sujo no rosto.
O cara chegou por trás de Aurora e se inclinou, dizendo algo em seu ouvido. Algo que fez a expressão dela mudar por um segundo — surpresa, talvez nojo, talvez só fingimento. Mas ela riu. Riu como se não se importasse.
Ele colocou a mão em sua cintura, os dedos descendo perigosamente pelas costas dela.
Lucca não viu mais nada.
O mundo virou um borrão. Só havia uma coisa pulsando dentro dele: raiva. Uma raiva escura, afiada, possessiva.
— Figlio di puttana... — murmurou entre os dentes, antes de largar o copo com um estrondo no chão.
Natan nem teve tempo de reagir.
Lucca desceu as escadas com passos largos, furiosos. Cada passo fazia o chão tremer sob seus pés. A multidão parecia abrir caminho instintivamente, como se sentissem o furacão prestes a se soltar.
E então ele chegou.
Sem aviso, sem hesitar, sem um segundo sequer de conversa.
O soco veio seco. Rápido. Preciso.
Um estalo surdo. O maxilar do homem virou para o lado e o corpo caiu, desabando como um boneco sem cordas. As pessoas ao redor gritaram, algumas se afastaram, outras riram ou puxaram o celular.
Aurora piscou, confusa, o corpo ainda no ritmo da música.
— Lucca?! — a voz dela saiu surpresa, indignada, quase um riso nervoso.
Mas ele não respondeu.
Os olhos dele encontraram os dela. E por um segundo, tudo ao redor sumiu. Ela podia ver a raiva contida. A tensão nos músculos. O peito subindo e descendo rápido. O queixo travado. E nos olhos... havia algo mais. Algo que ela não sabia nomear. Algo que doía e aquecia ao mesmo tempo.
— Me solta! O que você pensa que tá fazendo? — ela tentou recuar quando ele avançou.
Mas foi inútil.
Ele a puxou pela cintura com força e a jogou sobre o ombro como se fosse leve feito uma pluma.
— Chega de show, piccola. — disse com a voz baixa, carregada de autoridade. Mas havia algo ali, um tremor que entregava que ele também estava à beira do limite.
— Você ficou maluco? Me põe no chão agora!
Ela começou a bater nas costas dele, as mãos pequenas contra os ombros largos.
— Você vai se arrepender disso, Lucca! Eu juro!
Ele continuava andando, abrindo caminho por entre os olhares curiosos da multidão. Cada passo dele era firme. Dominante. Autoritário.
E ela...
Ela estava tremendo.
De raiva.
De adrenalina.
De outra coisa que ela se recusava a admitir.
Seu coração batia tão forte que Aurora podia ouvir no próprio peito. O perfume dele subia até ela — aquele cheiro de madeira, couro e alguma coisa masculina que sempre a fazia desviar o olhar. E agora, com o rosto encostado na parte de trás do pescoço dele, ela estava cercada por aquilo.
— Você não pode simplesmente chegar e me carregar feito um saco de batatas!
— Eu vou fazer o que for preciso pra te manter segura, — ele respondeu entre os dentes. — Mesmo que eu tenha que te carregar até o inferno.
Ela fechou os olhos por um segundo. Deus, por que aquilo fazia seu estômago se revirar?
Natan observava tudo do alto, com os braços cruzados e um sorriso misto de incredulidade e diversão no rosto.
— Isso vai dar um trabalho danado... — murmurou, balançando a cabeça.
Enquanto isso, Aurora continuava esperneando.
— Você não manda em mim! Eu sou adulta! Eu faço o que eu quiser!
— Então comece a agir como uma, — Lucca retrucou, seco. — Porque se você dançar daquele jeito de novo, cercada de babacas com cara de cafetão, eu juro que não respondo por mim.
Ela mordeu o lábio, ofendida, furiosa, mas parte dela... parte dela queimava por dentro com aquele tom possessivo.
— Você tem algum problema, Lucca? — ela gritou.
Ele finalmente a colocou no chão, mas o fez contra a parede mais próxima. A mão dele firme no braço dela, a respiração dos dois descompassada. Os olhos se enfrentaram como lâminas afiadas.
— O meu problema... é você, — ele sussurrou, os olhos ardendo.
Aurora ficou imóvel. O coração martelava. O ar parecia denso demais.
E por um segundo... só um segundo...
Ela pensou em beijá-lo.
Mas mordeu o lábio, virou o rosto e disse:
— Então talvez seja melhor você se afastar de mim, Lucca. Porque eu nunca vou deixar de ser um problema.
Ele sorriu. Um sorriso torto. Sombrio. Quente.
— Eu não quero que você deixe de ser.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
GAMER W (TITANS BR)
como todas suas obras , esta maravilhoso esse inicio
2025-05-12
2
Claudia
Modo Ciúmes ativado com sucesso ♾♾🧿🧿
2025-05-13
1
bete 💗
❤️❤️❤️❤️❤️
2025-05-14
1