O comentário do Midgar ecoou pelo escritório com aquele tom possessivo dele. Eu, sinceramente, só achei engraçado. A gente aqui não tem pudor mesmo, não é como se alguém se importasse de verdade.
— Eu só queria que você usasse menos roupas que mostram o corpo, meu amor.
Yul riu, lançando aquele olhar cúmplice para o Mireles, já prevendo o caos.
— Mireles, você tem uma bunda grande demais pra... Como posso dizer isso sem parecer pervertida?
Revirei os olhos. Já sabia onde isso ia dar.
Mireles sorriu daquele jeito sacana que é quase a marca registrada dele.
— Eu fico muito de quatro, e tem gente que gosta de me encher...
A frase saiu como um tiro.
Midgar tapou a boca dele na hora, meio indignado, meio fingindo.
— Não termina isso, desgraçado! Eu te amo, mas não fala essas merdas!
Yul caiu na gargalhada, se divertindo mais do que devia.
— O pior é que eu entendi. Socorro!
Dei um sorriso discreto. A naturalidade com que eles falavam dessas coisas me fazia lembrar que, por mais fodidos que fôssemos, a gente ainda sabia rir. Talvez por isso eu gostasse de ficar calado e só observar. Esse caos... me dava certo conforto.
Malura passou a mão pela testa, daquele jeito teatral dele, tentando fingir ser o adulto responsável no meio da bagunça.
— Vocês fazem muita algazarra. Não parecem adultos, muito menos agentes do Estado. Pelo amor...
Wiki, esparramado na cadeira, resmungou com aquela voz cansada de sempre:
— Eu é que tô sem energia nenhuma. Preciso de café. Tem alguém me drenando.
Makamura, como sempre, não perdeu a oportunidade:
— A baixinha tá te dando chá todo dia.
Ri sozinho. A insinuação era óbvia.
Wiki suspirou, mas tava rindo por dentro:
— Um pouco sim... Achei que ela fosse quietinha. Mas eu amo minha abelhinha.
Mewtwo entrou na conversa com aquele jeito misterioso dele:
— As baixinhas são as piores. Tem cara de anjo, mas nas quatro paredes...
Só balancei a cabeça. Já vi esse filme antes.
No meio disso tudo, fiquei em silêncio. Só assistindo. Era sempre divertido ver a liberdade que eles tinham pra ser quem eram. A gente zoava, falava besteira, ria de si mesmo. Cada um fugindo dos próprios demônios do jeito que dava.
A voz do Malura voltou, dessa vez mais firme:
— Chega! Vocês estão demais. Nem parecem os veteranos barbudos que são.
Edgar suspirou e tomou a frente:
— Faltam só o Sheng e o Mirael. Um tá fora do país, o outro foi pra cirurgia. Mas já que estamos aqui, vou adiantar: quero missões conjuntas. Como nos velhos tempos.
Malura revirou os olhos:
— O Sheng nunca participou de missões em grupo. Você sabe disso.
Edgar assentiu.
— Eu sei. Mas nós, os que sobraram, temos ainda a capacidade de agir juntos. E acho que precisamos disso.
Midgar franziu o cenho:
— Espera. Eu, você e Hend de novo?
— Exato. A velha equipe. — Edgar deu aquele sorriso confiante que sempre me irritou.
Wiki balançou a cabeça.
— Toda equipe tem sua loira, ruiva e morena. A nossa é só disfuncional mesmo. Hend ruivo, Midgar loiro platinado, e Edgar... o líder que ninguém entende, mas todo mundo segue.
Yul cruzou os braços:
— E eu? Eu já tô aposentado, caramba.
— E continua vindo aqui. — Edgar rebateu com um sorriso.
Quando vi, o assunto já tava longe de mim de novo. Observei o grupo. Apesar das brigas e diferenças, havia laço ali. E Edgar, nostálgico como sempre, parecia querer juntar as peças antigas.
Mas minha mente? Ela já tinha se afastado de novo.
Saí do gabinete com a cabeça fervendo. A reunião foi longa demais, e mesmo ali, no meio das piadas, eu ainda sentia… ele.
Louis.
A presença dele era uma sombra quente nas minhas costas.
Caminhei pela cidade, tentando clarear a mente. Mas algo me seguiu. Eu sabia.
Aquela sensação de estar sendo observado me dominava.
Um assobio curto e familiar cortou o ar. Olhei em volta.
Louis.
Encostado em um beco escuro, como se fosse parte da noite.
Usava uma blusa leve demais pro frio e uma calça justa demais pra minha paz.
Filho da puta sabia o que fazia.
— Você tá me seguindo? — perguntei, com a voz baixa. Talvez até um pouco rouca.
— Nunca sigo ninguém. Você que me sentiu. — ele respondeu, com aquele tom grave e aveludado que me arrepiava de dentro pra fora. — Sou um lorde, Izamura. Mas também sei ser... bem adaptável.
O sorriso nos lábios dele era puro deboche. E malícia.
Dei um passo pra trás, tentando romper o fio invisível que ele lançava entre nós toda vez que se aproximava.
Louis me alcançou em silêncio, pousando as mãos na minha cintura com naturalidade demais.
O sussurro dele veio direto no meu ouvido:
— Eu posso ser formal... ou sexy. Depende de quem me inspira.
Engoli seco.
Me preparei pra afastá-lo, mas ele foi mais rápido. Me virou de frente, colando nossos corpos com aquela calma controlada dele, e me beijou.
Sem aviso. Sem pedir. Sem hesitar.
A boca dele era quente, o gosto doce e perigoso. O beijo foi intenso, firme — quase desesperado, como se ele tivesse esperado tempo demais por aquilo.
Minha mente apagou por um instante. Não havia mais a cidade, o frio ou a lógica. Só Louis.
A mão dele firme na minha cintura. Minha respiração entrecortada. Um gemido baixo escapando de mim.
Quando ele me soltou, fiquei sem ar. Literalmente. O mundo girou um pouco.
— Eu espero. — ele disse, com aquele sorriso que me desmontava por dentro. — O tempo que for preciso pra você entender o que sente.
Fiquei ali parado, perdido.
Vi Louis se afastar, e só então percebi que eu tremia.
Passei os dedos pelos meus próprios lábios. Ainda estavam quentes. Ainda doíam do toque dele.
E meu corpo inteiro implorava por mais.
Cheguei em casa transtornado. Tirei a roupa com pressa, como se pudesse arrancar Louis da minha pele.
Entrei no chuveiro, água gelada.
Mas nada ajudava.
Fechei os olhos.
Vi os olhos vermelhos dele.
O cabelo bagunçado pelo vento.
A maldita voz dizendo meu nome como se soubesse de tudo que eu escondo.
A presença dele tava grudada em mim como sangue seco.
E eu…
Eu não sabia se queria me limpar ou me sujar mais ainda com ele.
Continua...(◍•ᴗ•◍)
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Atualizado até capítulo 75
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