Senti o frescor da noite tocar minha pele enquanto a luz da lua cheia dançava entre as árvores — um espetáculo quase mágico. Cada sombra parecia viva, movendo-se numa coreografia hipnotizante. Caminhei lentamente, a brisa fria beijando meu rosto… até que um arrepio subiu pela espinha.
Havia algo no ar. Um peso. Um olhar. E eu não conseguia ignorar.
Mas havia algo errado.
Ou talvez certo demais.
Um arrepio me percorreu a espinha. Não era o frio.
Era… ele.
Senti aquela presença antes mesmo de vê-lo. Como se meu corpo já o reconhecesse — ou como se ele tivesse marcado cada canto do meu ar maldito.
Louis.
Lorde dos Vampiros. E agora, como sempre, um enigma encostado nas minhas costas.
Não ouvi passos. Não ouvi respiração. Mas ele estava ali.
E quando suas mãos roçaram minha cintura com delicadeza quase calculada, meu corpo enrijeceu — como se ele tivesse apertado algum gatilho em mim. Um daqueles que eu passo a vida tentando esconder.
— Você me intriga, Izamura. Nunca vi alguém como você. — sua voz arrastou-se num sussurro rouco, elegante, direto na minha nuca.
Era como veneno e mel ao mesmo tempo.
Engoli seco.
A presença dele é sufocante. Ele sempre parece saber demais, ver demais. E fala como se tivesse todo o tempo do mundo para brincar com isso.
Afastei-me um passo. O suficiente para respirar, mas não o bastante para escapar.
— Você tenta ser sutil… e mesmo assim é tão fácil de ler. — Louis sorriu. Um daqueles sorrisos sutis, quase imperceptíveis, que cortam mais do que qualquer lâmina. — Eu gosto de coisas difíceis. Gosto de você.
Aquele olhar dele... tão calmo, tão seguro, me fode a mente.
O problema é que ele sabe disso.
— Não sou um brinquedo pra você.
Minhas palavras saíram mais afiadas do que eu esperava.
Ele ergueu uma sobrancelha, como quem se diverte.
— Oh, jamais... — murmurou. — Eu tenho muito respeito por coisas raras. E você, Izamura… é uma relíquia que sangra.
Minha respiração travou por um segundo.
A porra da lua fazia questão de iluminar o rosto dele naquele momento — os cabelos longos alaranjados, o brilho dos olhos vermelhos, a pele quase translúcida.
Era lindo demais.
Irreal demais.
Assustador demais.
E era exatamente isso que me irritava.
Eu detesto perder o controle.
Mas com ele... meu corpo inteiro age por conta própria.
— O que você quer de mim? — perguntei, tentando manter a voz firme.
Não consegui.
Louis deu um passo à frente. Não rápido. Não ameaçador.
Simplesmente... inevitável.
— Quero ver até onde você aguenta ser tocado sem se entregar. Quero saber o que acontece quando a sua frieza derrete.
Senti meu coração disparar.
Ele ouviu. Eu sei que ouviu.
— É por minha causa que seu coração acelera, não é? — ele perguntou, os olhos presos em mim.
— É só estresse… — tentei dizer. Mas minha voz saiu mais baixa do que devia.
Mentira mal contada. Eu sabia. Ele também.
— Não minta pra mim, Izamura. Nós, vampiros, sentimos tudo. — Louis se aproximou ainda mais. — Até as coisas que você mesmo nega sentir.
Meu corpo reagiu antes da minha mente.
Um calor subiu, descontrolado, e a sensação da respiração dele se misturando com a minha me tirou o ar.
Ele me puxou com suavidade pela cintura, aproximando os rostos. Quase encostando.
— Seu cheiro muda quando pensa em mim. Sabia? Fica mais… denso. — ele murmurou, como quem confidencia um segredo antigo.
Eu devia ter fugido.
Devia ter empurrado ele no primeiro toque.
Mas eu esperei tempo demais.
Empurrei-o, enfim, com um gesto brusco, tentando recuperar o ar, o juízo, qualquer coisa que ainda fosse minha.
— Desculpe… tenho coisas pra fazer. Com licença, meu lorde.
Aquelas palavras saíram tortas, com a voz trêmula, e eu me odeio por isso.
Me afastei rápido, sem olhar pra trás. Mas eu sentia.
Sentia o olhar dele queimando minhas costas.
Sentia aquele maldito sorriso ainda desenhado nos lábios dele.
Como se ele soubesse que eu voltaria.
E talvez…
Talvez ele estivesse certo.
—
Decidi ir até Malura. Precisava de um espaço mental, algo que me lembrasse quem eu sou.
Ou quem eu ainda tentava ser.
Encontrei meu irmão no gabinete. O som das vozes familiares me deu algum alívio. Mas meu corpo ainda pulsava o toque de Louis.
Como se ele tivesse entrado sob minha pele.
— O que eu perdi pra vocês estarem reunidos? — perguntei.
Celina sorriu, se aproximando para deixar um beijo leve no meu rosto.
— Como você está? Por que esse brilho no olhar, hein?
— Não tô animado com nada. — menti de novo. Que inferno.
Malura me observou como se visse através de mim.
— Você tá estranho, Izamura. — ele comentou, casual. — Edgar nos chamou. Tão analisando os documentos das próximas missões.
— Só tô pensando em coisas antigas. — respondi, desviando o olhar.
Mas a verdade era: eu ainda sentia o cheiro do Louis na minha roupa.
Edgar entrou com Wiki.
— Vamos relembrar os velhos tempos?
Malura bufou.
— Missões conjuntas? Você tá maluco. Mal temos tempo pra respirar.
— Mas eu posso. Não sou o único com deveres no Estado. — Edgar rebateu.
A conversa entre eles seguia leve.
Mas eu…
Eu tava em outra frequência.
Preso em pensamentos com olhos vermelhos e sorrisos perigosos.
—
Hend apareceu do nada e estalou os dedos na frente do meu rosto.
— Terra chamando, Izamura. Você tá em qual planeta?
— Ah, nada demais. — falei, tentando soar casual.
— Nada demais? Você tá com cara de quem viu um fantasma... ou de quem quer beijar um. — ele provocou.
— Não tem ninguém. Me deixa em paz.
— Hmm… Alguém ficou estressado. Tá apaixonadinho, é?
— Cala a boca, Hend. — murmurei, mas não com raiva. Só… confuso demais.
Yui chegou com Mireles e Midgar.
Mireles, como sempre, gritou animado:
— Cheguei pra iluminar essa escuridão!
Todos riram. A sala ganhou cor.
Mas dentro de mim, algo ainda fervia.
Algo com nome, rosto… e fôlego frio no meu pescoço.
Louis.
E por mais que eu negasse, ele já estava ali.
Dentro de mim.
Continua....(◕ᴗ◕✿)
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Atualizado até capítulo 75
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