O feriado chegou como uma promessa. Quatro dias sem aulas, sem justificativas, sem olhos atentos. Melissa acordou na sexta com uma mensagem de Miguel:
> “Hoje. 20h. Rua das Palmeiras, 318, apto 602. Porta destrancada. Só venha se tiver certeza.”
Ela ficou olhando para o celular como se fosse uma bomba prestes a explodir. Porque, no fundo, sabia o que aquilo significava.
Não era só um convite.
Era uma escolha.
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Às 19h59, ela estava de frente para o prédio. De vestido claro, cabelos soltos e um coração batendo mais rápido do que deveria. Pensou em desistir. Em correr. Mas subiu.
A porta realmente estava aberta. Quando entrou, foi recebida por um som suave de jazz, uma luz amarela aconchegante e cheiro de café com alguma coisa doce.
— Achei que você não viesse — disse Miguel, surgindo na cozinha com uma taça de vinho.
— Achei que eu ia desmaiar no elevador. Mas sobrevivi.
Ele riu. Aquele sorriso que deixava tudo mais leve.
— Vinho?
— Preciso de um copo cheio e de coragem em dobro.
Ele serviu. Os dois beberam em silêncio por alguns segundos.
— Isso parece... irreal — disse Melissa, olhando o apartamento. Era aconchegante, cheio de livros, discos e uma poltrona surrada que provavelmente já tinha ouvido mais confissões do que qualquer terapeuta.
— Talvez porque a gente viveu tudo entre corredores e olhares. Aqui... é só a gente.
— Só a gente. — Ela repetiu, como um segredo.
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Conversaram por mais de uma hora. Sobre música, livros, viagens que queriam fazer. Riram. Se provocaram. Em algum momento, Miguel tirou os sapatos e se sentou no chão, ao lado dela.
— A gente devia parar por aqui, você sabe.
— A gente devia ter parado no primeiro beijo.
— Mas não paramos.
Ela o olhou. Ele estava mais sério agora. Mas os olhos diziam outra coisa. Diziam vem.
Melissa se aproximou. Devagar. Como se ainda houvesse tempo para voltar atrás.
— Ainda dá tempo de me pedir pra ir embora — sussurrou ela.
— Não tem como pedir isso. — A voz dele saiu rouca, baixa. — Você me faz esquecer que sou professor e lembrar que sou... humano.
Então ele a beijou.
Dessa vez, sem pressa.
Um beijo que começou calmo, mas foi crescendo. Como se cada vez que os lábios se encontrassem, fosse necessário mais. Mais toque, mais pele, mais entrega.
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Foram para o quarto entre beijos e risos abafados.
As roupas caíam no caminho como se tivessem vida própria. A camisa dele no chão. O vestido dela deslizando até os tornozelos. Os sorrisos entre um toque e outro. O cuidado. A intensidade.
Miguel a deitou com delicadeza, como se ela fosse algo precioso. Tocou cada parte dela como quem memorizava um mapa.
— Você é linda demais — sussurrou, beijando o ombro dela.
Melissa respondeu com um toque. Um beijo no pescoço. Um gemido leve que escapou sem controle. Ela o queria há semanas, e agora, finalmente, ele estava ali. Inteiro. Só dela.
A primeira vez foi intensa.
Corpos se encaixando com fome e carinho. Mãos explorando, olhos fechados e corações abertos. Era mais do que desejo. Era uma espécie de necessidade.
Quando terminaram, ainda ofegantes, ele a puxou para perto.
— Promete que não vai se arrepender?
— Só se você prometer continuar me olhando desse jeito.
Ele sorriu, o rosto escondido entre os cabelos dela.
— Eu não sei como parar, Melissa. E isso me assusta mais do que qualquer regra da faculdade.
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Adormeceram entrelaçados. A luz do abajur ainda acesa, a música baixinha continuando como uma trilha para o que viria a seguir.
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No dia seguinte, Melissa acordou com o cheiro de café e o som do chuveiro.
Vestiu a camisa dele e foi até a cozinha. Encontrou a mesa posta, frutas cortadas, pães quentinhos.
Miguel surgiu com o cabelo ainda molhado, descalço, e um sorriso preguiçoso.
— Achei que fosse fugir de manhã cedo.
— Depois daquele café da manhã? Jamais.
— Depois de ontem à noite?
— Menos ainda.
Ele se aproximou e a puxou pela cintura.
— Isso tá começando a parecer... real demais.
— É. Tá começando a parecer nós dois.
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Atualizado até capítulo 32
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