Capítulo 5 — O Jogo da Mãe
A rotina de Ricardo Monterão era simples e repetitiva: do hospital direto para casa. No meio disso, preenchia suas noites com mulheres que não significavam absolutamente nada. Médicas, enfermeiras, recepcionistas... Todas já haviam caído na lábia e no charme que ele exalava sem esforço. Era como um ciclo sem fim — trabalho, prazer sem compromisso e solidão disfarçada em luxúria.
Naquela manhã, enquanto tomava um café amargo antes do plantão, recebeu uma ligação da mãe, Juliana Monterão. O tom dela era doce, quase meloso demais, e ele já sabia que vinha armação por aí.
— Filho, venha almoçar comigo hoje, querido. Escolhi aquele restaurante que você adora, o Bellagio. Meio-dia. Quero matar a saudade.
Ricardo até pensou em recusar, mas conhecia a mãe bem demais. Se não fosse, ela apareceria no hospital dele ou, pior, mandaria alguém buscá-lo. Resignado, confirmou e voltou à rotina cansativa do hospital, onde mais uma vez recebeu olhares e suspiros de algumas funcionárias. Não era novidade.
Ao meio-dia em ponto, estacionou sua BMW no valet do restaurante e entrou. Ao ver a mãe já sentada à mesa, com aquele sorriso que misturava doçura e manipulação, sentiu o estômago revirar. E ao lado dela, lá estava Camila, a ex-namorada grudenta que ele havia abandonado há anos.
Ricardo travou por um segundo, os olhos ficando gelados. A mãe se levantou, deu-lhe um beijo na bochecha e o conduziu à cadeira como se nada estivesse fora do normal.
— Que surpresa boa rever você, Ricardo — Camila sorriu, ajeitando os cabelos com aquele ar afetado que sempre irritou ele.
Ele fechou a cara na hora. A raiva borbulhava dentro dele. Sabia que aquilo era mais do que um almoço inocente — era uma emboscada da mãe para tentar reacender um relacionamento morto e enterrado.
— Mãe, eu trabalho até tarde, não tenho tempo pra isso — murmurou, sem esconder a irritação.
Mas a mãe fingiu não ouvir e começou a falar sobre a família, negócios, os sobrinhos gêmeos, Lorran e Lorraine, e como Stephanie, sua irmã, estava lidando com o casamento de fachada. Ricardo engolia a comida sem prestar muita atenção. Lorena, por outro lado, não perdia uma chance de tocar no braço dele, rir alto das próprias piadas sem graça e relembrar os "bons tempos" que nunca foram tão bons assim.
Depois de aguentar aquela tortura por mais de uma hora, Ricardo se levantou abruptamente.
— Tenho que voltar pro hospital — mentiu, só querendo sair dali.
Camila, no entanto, não deixaria escapar a oportunidade. Sem muito esforço, ela conseguiu convencê-lo a levá-la de volta ao carro. E ali mesmo, no estacionamento, lançou o ataque final, se jogando nos braços dele. Ricardo, dominado mais pela raiva e o orgulho ferido do que pelo desejo verdadeiro, não resistiu. Era o tipo de erro que ele cometia com frequência: confundir raiva com prazer.
Horas depois, acordou com ela deitada ao lado, sorrindo como se tivesse vencido alguma batalha. Ele nem pensou duas vezes — se levantou, vestiu a roupa e a deixou no quarto de luxo do hotel onde era da família dela , sem sequer dizer adeus.
No carro, acendeu um cigarro e soltou uma risada amarga.
— Nunca mais, Camila… nunca mais.
Mas no fundo, sabia que o ciclo dele ainda estava longe de ser quebrado.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca
que idiota esse homem e um besta mesmo agora ela vai dizer que está grávida dele logo
2025-06-14
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