Capítulo 4 — Um Novo Começo
A vida da jovem parecia ter desmoronado da noite para o dia. De filha de uma família modesta, mas estruturada, ela se viu de repente jogada num mar de incertezas. O pai, que durante anos fora o pilar da casa, havia partido sem olhar para trás, levando junto os sonhos e a estabilidade que ela e a família conheciam. Agora, ela, a mãe e a irmã precisavam se virar sozinhas. E foi nesse cenário de desespero que uma esperança inesperada bateu à porta.
Dona Marlene, a vizinha da casa da frente, sempre fora próxima da mãe dela. Mulher de fala rápida e coração generoso, Marlene trabalhava como copeira na mansão dos Monterão, uma das famílias mais ricas e influentes da cidade. Certa manhã, enquanto tomavam café na varanda, Marlene compartilhou a novidade.
— Lúcia, ouvi a governanta da casa dos Monterão dizer que estão precisando de gente nova. Vaga pra cozinheira e faxineira. Pensei logo em você — disse Marlene, olhando firme para a mãe dela. — Vai lá falar com a dona Olga, a governanta. Ela que decide quem entra.
A mãe dela, Lúcia, ficou em silêncio por um momento, engolindo o orgulho que ainda restava. Nunca tinha precisado trabalhar fora antes, mas agora não havia escolha.
— Vou sim, Marlene. Obrigada por lembrar da gente — respondeu, com um sorriso agradecido.
Naquela noite, Lúcia chamou a filha mais velha para conversar.
— Amanhã cedo você vai comigo. Vamos lá na casa da família Monterão. Quem sabe conseguimos alguma coisa pra nós duas.
Ela assentiu, sem discutir. Sabia que, mesmo com a dor da humilhação recente, precisava ser forte. Pela mãe. Pela irmã. Por si mesma.
Na manhã seguinte, acordaram antes do sol nascer. Vestiram as melhores roupas que ainda tinham e seguiram para a imensa propriedade dos Monterão. A mansão era tão grande e imponente que chegava a intimidar, com seus portões altos e jardins impecavelmente cuidados. Marlene já as esperava na entrada dos fundos, por onde os funcionários passavam.
— Entrem por aqui — disse ela, conduzindo as duas até a ala dos funcionários. — Dona Olga tá lá dentro. Vou chamar ela.
Minutos depois, a governanta apareceu. Dona Olga era uma mulher de meia-idade, olhar severo e postura impecável. Avaliou as duas de cima a baixo antes de falar.
— Marlene me disse que vocês estão procurando emprego. Estamos precisando mesmo. Uma cozinheira e uma faxineira. O trabalho é pesado, mas o salário é justo. E aqui dentro, quem trabalha direito, fica por anos.
Lúcia, com humildade, explicou que sabia cozinhar muito bem, que seus temperos eram conhecidos no bairro. A filha, por sua vez, se ofereceu para a vaga de faxineira, prometendo dedicação.
Dona Olga cruzou os braços e refletiu por um momento.
— Vou dar uma chance pra vocês. Começam amanhã cedo. Quero pontualidade e respeito pelas regras da casa. Aqui não tem moleza.
Elas agradeceram com alívio, e na volta para casa, mesmo com o coração apertado pela mudança drástica, sentiam um fio de esperança se acendendo.
Os meses seguintes foram duros. A mãe, agora responsável pela cozinha da mansão, passava longas horas preparando banquetes para os Monterão, sempre sob o olhar atento de Dona Olga. A jovem, por sua vez, limpava os salões imensos, polia móveis antigos e lavava pisos que pareciam nunca acabar. O corpo doía, mas a determinação era maior.
Ainda assim, ela não deixou de lado seu sonho. Lutou por uma bolsa de estudos na faculdade de enfermagem e, com esforço, conseguiu ser aceita. Agora, dividia seus dias entre os turnos como faxineira na casa dos Monterão e as aulas que frequentava com afinco. O tempo era apertado, o cansaço constante, mas havia uma chama dentro dela que se recusava a apagar.
Sua irmã mais nova, que agora estava com 17 anos, também se preparava para entrar nessa nova fase da vida. E foi graças a uma nova oportunidade dentro da própria mansão que ela conseguiu seu espaço.
Certa tarde, após seis meses de trabalho, Dona Olga chamou Lúcia e a filha para conversar.
— A dona Stephanie, filha dos patrões, está procurando uma babá pros filhos dela. Os gêmeos, Lorran e Lorraine, são danados e precisam de alguém que tenha paciência e jeito com criança.
Lúcia não pensou duas vezes.
— Minha filha mais nova, dona Olga. Ela tem 17 anos, mas é responsável e sempre cuidou dos sobrinhos dos vizinhos. Posso pedir pra ela vir conversar com a senhora?
A governanta assentiu.
— Traga ela amanhã cedo. Se eu gostar dela, começa logo.
No dia seguinte, a irmã dela foi até a mansão, nervosa, mas decidida. Dona Olga fez perguntas rígidas, testou a postura da garota e, no fim, aprovou.
— Está contratada. Os patrões querem alguém discreto e de confiança. Espero que honre a chance que está recebendo.
E assim, em meio à dor e ao recomeço forçado, as três mulheres encontraram uma forma de se reerguer. A mãe na cozinha, a filha mais velha na faxina e na faculdade, e a mais nova cuidando das crianças da poderosa família Monterão. A vida ainda estava longe de ser fácil, mas agora, pelo menos, havia uma estrada a seguir.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca
tomará que o miserável do pai delas leve um pé na bunda da vadia da amante e deixe ele sem nada
2025-06-14
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