O relógio da parede marcava exatamente oito horas da manhã quando um carro preto, luxuoso, estacionou em frente à pequena cafeteria. O motor desligou e, em silêncio absoluto, a porta traseira se abriu. Felipe Albuquerque desceu, trajando um terno escuro impecável, os cabelos perfeitamente penteados, e a expressão séria de quem estava ali para cumprir uma obrigação — não um resgate, muito menos um gesto de compaixão.
Paola já o aguardava do lado de fora, vestindo um casaco surrado e segurando uma pequena mala.
Atrás da vidraça embaçada da cafeteria, seu pai a observava com os olhos marejados, sentindo um vazio que nenhuma palavra poderia preencher. Ela não chorava. Não por fora. Por dentro, sentia-se quebrada em mil pedaços, mas cada pedaço seu lutava para permanecer firme. Era por ele. Pelo homem que sempre a protegeu.
Felipe não disse uma única palavra. Apenas a encarou por breves segundos, avaliando seu estado, e então gesticulou para que entrasse no carro. Sem perguntas, sem rodeios. Ela assentiu, respirou fundo e entrou, deixando para trás não apenas a cafeteria, mas toda a sua antiga vida.
Durante o caminho, o silêncio dentro do carro era opressor. Paola mantinha o olhar fixo na janela, tentando memorizar cada rua, cada sinal, como se ainda houvesse chance de voltar. Felipe mantinha-se ocupado em seu celular, com o semblante frio e indiferente.
Ao chegar ao portão da mansão, Paola engoliu seco. Era um lugar grandioso, cercado por muros altos, jardins perfeitamente cuidados e uma fachada que mais parecia de um castelo moderno. O portão se abriu automaticamente, como se já soubesse quem chegava.
O carro seguiu pela longa entrada de pedras até parar em frente à entrada principal. Um funcionário abriu a porta, e Felipe desceu primeiro. Depois, indicou para que ela o seguisse.
— Bem-vinda à sua nova casa — disse ele, sem emoção.
Ela desceu, observando cada detalhe com cautela. O ar ali era frio, silencioso demais. Nada nela se sentia acolhida. Ao entrar na mansão, os olhos dela se perderam entre os móveis caros, lustres de cristal, piso de mármore branco e escadas que pareciam não ter fim. Tudo exalava poder, mas também solidão.
— A partir de agora, você vive sob minhas regras.
— Quais são elas? — perguntou, mantendo a voz firme.
— Não me questione. Não se envolva em minha vida. Obedeça. E não tente fugir.
Ela o encarou por um momento, sentindo a pressão da sua presença. Apesar do medo, havia algo dentro dela que se recusava a se curvar completamente.
Felipe chamou uma empregada e mandou que a levasse até o quarto de hóspedes.
— A partir de hoje, você é mais uma na casa. E só vai permanecer aqui porque me é útil. Lembre-se disso.
Paola apenas assentiu, mas por dentro, a promessa já estava feita: ela suportaria o inferno, mas não deixaria de ser quem era.
E naquele silêncio da mansão, entre paredes frias e olhares distantes, começava o verdadeiro jogo entre o amor e a vingança.
curte e comente para a parte 3
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Atualizado até capítulo 55
Comments
Rose Dias
não achei interessante ainda
2025-05-07
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