capítulo 5

Lily chegou à sua toca, o coração acelerado, a mente girando. Algo dentro dela dizia que não era seguro ficar ali. Precisava sair da cidade o quanto antes.

Começou a empacotar suas coisas — computadores, documentos falsos, armas. Sabia que levaria pelo menos dois dias para desmontar toda sua vida escondida. Dois dias. Tempo demais.

O problema é que ela não sabia que já estava sendo vigiada.

No segundo dia, ainda em meio às caixas, sentiu uma presença do outro lado da porta. Franziu a testa. Puxou a arma, como sempre fazia.

Abriu a porta com a arma em punho...

E quase teve um infarto.

Ali estava ele.

Lorenzo De Luca.

O diabo em carne e osso.

Encostado na porta, sorriso no rosto, olhar predador.

— Que bom que você já empacotou tudo, amore — ele disse, a voz arrastada, debochada, como se estivesse se divertindo. — Assim vai ser mais fácil te levar comigo.

Antes que ela pudesse reagir, ele puxou uma seringa do bolso.

Lily tentou levantar a arma, tentou gritar, tentou correr.

Não deu tempo.

Com movimentos rápidos, ele segurou o braço dela e aplicou a substância.

Ela ainda tentou lutar, mas as forças evaporaram rápido demais.

O mundo girou.

O último que viu foi o rosto dele, calmo, satisfeito, antes de apagar nos braços dele.

Lorenzo a segurou contra o peito, olhando para ela como quem contempla uma obra rara e perigosa.

— Agora você é minha, piccola — murmurou, acariciando o rosto dela com a ponta dos dedos.

E, sem pressa, carregou Lily para fora.

Para um lugar onde ela não teria mais para onde fugir.

Onde ela aprenderia, da maneira mais intensa, o que significava ser dele.

E só dele.

Lily acordou devagar, a cabeça latejando, o corpo pesado. A primeira coisa que sentiu foi o toque macio do tecido contra sua pele nua — um robe preto de seda, leve, sensual, que mal cobria suas curvas.

Tentou se mover e sentiu algo prender seu tornozelo.

Olhou para baixo.

Uma corrente fina, presa a uma tornozeleira de couro macio. Feita para não machucar a pele delicada... mas forte o suficiente para impedir qualquer fuga.

O pânico começou a subir em sua garganta.

Foi aí que sentiu.

Não estava sozinha.

Virou o rosto devagar — e no canto do quarto, encostado numa poltrona, estava ele.

Lorenzo De Luca.

Olhos escuros, postura relaxada, mas completamente alerta. Observava cada centímetro dela como um caçador que finalmente capturou sua presa mais desejada.

A lembrança do que aconteceu explodiu na mente dela.

O sequestro. A seringa. A fuga fracassada.

O ódio ferveu.

Levantou da cama com violência, puxando a corrente, e começou a gritar, xingando em italiano:

— Figlio di puttana! Bastardo! Lasciami libera subito! (Filho da puta! Bastardo! Me solte agora!)

A corrente tilintava enquanto ela tentava arrancá-la inutilmente, os olhos verdes faiscando raiva e humilhação.

Mas Lorenzo nem se moveu.

Só a olhava.

Como se ela fosse a coisa mais bela e perigosa que já tinha visto.

Cada movimento de Lily, cada palavra cuspida com ódio, parecia enfeitiçá-lo ainda mais.

Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, sorrindo de um jeito calmo, perigoso.

— Você é perfeita assim, sabia? — murmurou, a voz baixa, cheia de desejo. — Selvagem. Indomável.

Ela puxou a corrente com força, mas só conseguiu machucar o próprio orgulho.

— Stronzo! (Idiota!) — gritou de novo, o peito subindo e descendo de raiva.

Ele apenas riu, um som rouco que fez a espinha dela arrepiar de raiva... e algo mais que ela se recusava a admitir.

— Grite o quanto quiser, amore — ele disse, levantando devagar. — Ninguém vai te ouvir aqui.

Deu alguns passos lentos em direção a ela.

— E quanto mais você luta... mais linda você fica.

Lily sentiu o coração bater forte, a corrente fria contra o tornozelo, a seda escorregando pela pele quente.

Ela era forte. Inteligente. Letal.

Mas Lorenzo era um predador treinado.

E agora, a caçada tinha terminado.

Ele a tinha.

E não pretendia soltar.

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