Capítulo 5

Os dias passaram com uma intensidade que eu não sabia como lidar. A relação com Luiz estava em um ponto sem volta, onde a linha entre o profissional e o pessoal desaparecia a cada olhar, a cada palavra não dita.

Na manhã de terça-feira, a tensão estava no ar, mas eu não sabia o que fazer com ela. O que realmente aconteceria quando os limites entre nós fossem finalmente rompidos? O desejo era palpável, uma chama que eu sentia ardendo sob minha pele a cada vez que ele se aproximava. Mas Luiz... Luiz estava guardado demais, distante demais.

Decidi que, dessa vez, seria eu a dar o primeiro passo.

Entrei na sala dele sem bater, sabendo que ele estava sozinho. Ele levantou os olhos da tela do computador, me analisando com aquele olhar profundo e penetrante.

— Letícia — disse ele, com a voz suave, mas carregada de um tom que só ele tinha. — O que está fazendo aqui?

Eu não sabia dizer se estava mais nervosa ou excitada. Apenas andei até ele, sem hesitar, e fiquei parada à sua frente. Ele não se moveu, mas seus olhos me devoraram de cima a baixo, como se estivesse esperando algo.

— Eu preciso de você — falei, com a voz mais firme do que me sentia.

Luiz franziu a testa, mas não disse nada. Ele estava se controlando, eu sabia disso. Mas ele não imaginava que eu também sabia jogar o jogo dele.

Me aproximei ainda mais, ficando a poucos centímetros de distância. Podia sentir a respiração dele, sua presença dominando o espaço. Ele não falou nada, mas me observava com intensidade, como se estivesse pesando cada movimento que eu fazia.

— Você me deseja — disse baixinho, os olhos não saindo dos meus.

Eu sabia que ele queria ouvir isso. Sabia que o silêncio entre nós era mais quente do que qualquer palavra que pudesse ser dita.

— Sim — sussurrei, sentindo um arrepio percorrer minha espinha. — Eu te desejo.

Ele respirou fundo, e antes que eu pudesse perceber, ele me puxou para perto, seus lábios capturando os meus em um beijo quente e urgente. Seus braços me envolveram, e eu me senti consumida por ele. Não havia mais controle, nem razão. Apenas nós dois, no limite entre o que era permitido e o que não devia acontecer.

A mão dele deslizou por minha cintura, puxando-me para mais perto, e a outra foi para minha nuca, forçando-me a olhar diretamente em seus olhos. O beijo foi mais feroz, mais desesperado, como se ele estivesse tentando me absorver.

— Não devia ser assim — ele murmurou, entre beijos, mas sua voz estava rouca, carregada de desejo.

— Então pare de lutar contra isso — respondi, com os lábios quase tocando os dele.

Ele parou, seus olhos se fixando nos meus, como se estivesse prestes a ceder a algo muito mais profundo do que ele imaginava. Mas antes que qualquer um de nós pudesse dizer algo, ouvimos o som da porta se abrindo.

Meu corpo se afastou instintivamente dele, e eu vi o rosto de Luiz fechar em um segundo, enquanto ele se recompunha.

— O que está acontecendo aqui? — A voz vinda da porta foi firme, mas cheia de uma surpresa controlada.

Era um homem. Alto, com uma postura confiante e olhos escuros que imediatamente capturaram a minha atenção. Ele usava um terno caro, mas não parecia ser só mais um executivo. Havia algo nele, algo que me fez imediatamente perceber que ele não era só mais um CEO.

Luiz se levantou, agora completamente distante e frio.

— Rafael — disse Luiz, com um tom que era uma mistura de cordialidade e distanciamento. — O que faz aqui?

Rafael, o homem à porta, observava a cena com uma calma calculada. Ele não parecia surpreso ou incomodado pela situação, apenas interessado. Seus olhos se fixaram em mim, e eu senti um calafrio percorrer minha pele.

— Eu vim para a reunião, mas parece que estou interrompendo algo mais interessante — ele disse, com um sorriso enigmático, os olhos ainda em mim.

Eu me senti exposta, sem saber se deveria falar ou apenas ficar em silêncio. O que ele via em mim? E por que Luiz estava tão... diferente quando o viu?

— Letícia, este é Rafael Costa — Luiz disse com a voz mais fria do que nunca, mas ainda com um leve toque de irritação. — Rafael, Letícia Duarte, minha assistente.

Rafael sorriu, a expressão dele já deixando claro que ele não era alguém fácil de ignorar.

— Um prazer, Letícia — disse ele, estendendo a mão. Seu toque foi firme, mas o suficiente para deixar claro que ele estava se divertindo com o desconforto da situação.

— O prazer é meu — respondi, tentando manter a compostura. Mas o olhar dele... havia algo nele que me fazia querer saber mais. Algo que eu não sabia ainda como definir.

A tensão entre Luiz e Rafael era palpável, mas o que mais me intrigava era o jeito que Rafael olhava para mim. Havia uma curiosidade, um interesse profundo. E eu sabia que ele não era o tipo de homem que se interessava por qualquer coisa sem razão.

Rafael finalmente se afastou da porta, deixando o ambiente ainda mais carregado. Eu podia sentir o peso do olhar dele em mim, mas, ao mesmo tempo, sabia que ele estava apenas começando a jogar.

— Vamos para a reunião, Luiz — Rafael disse, quebrando o silêncio. — Temos negócios a tratar.

Luiz parecia tenso, como se estivesse prestes a explodir, mas ele se recompôs rapidamente e se virou para mim.

— Prepare-se para a reunião, Letícia. Nos vemos em breve.

Antes que eu pudesse responder, ele saiu com Rafael, e o silêncio voltou a tomar conta da sala. Mas eu sabia: algo estava mudando. Rafael não era um homem qualquer, e ele tinha algo a mais em mente.

Enquanto eu ficava ali, sozinha, com os pensamentos em Luiz e Rafael, algo dentro de mim dizia que essa história estava apenas começando.

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Comments

Arilene Vicente

Arilene Vicente

Gente que mistério é esse, curiosissima pra saber 🤔

2025-05-03

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