Sally ouviu o som apressado dos passos antes mesmo de vê-lo, e quando Domínik entrou na casa de Marta, seu olhar se voltou imediatamente para ele. Havia fúria em seus olhos, uma tempestade prestes a transbordar, embora ele a camuflasse com esforço sob uma máscara de compaixão. Sem dizer nada, caminhou até a mulher mais velha e a envolveu num abraço firme, murmurando palavras de consolo que pareciam sinceras, mas que carregavam uma tensão latente. Sally percebeu o aperto de sua mandíbula, o modo como seus ombros se mantinham rígidos mesmo na tentativa de conforto. Ao fundo, Nicholas permanecia sentado num canto ao lado de Luna, a cabeça baixa, as mãos entrelaçadas no colo como se tentasse conter algo dentro de si. Luna, sempre cuidadosa, murmurava algo quase inaudível, sua voz como um sussurro de vento, enquanto deslizava os dedos com suavidade pelos ombros do garoto, tentando acalmar a rigidez que parecia tê-lo endurecido por completo. O ambiente estava carregado — de dor, de tensão... e de verdades não ditas.
Domínik me avisou com um aceno discreto que subiria até o escritório do falecido Jack, dizendo que precisava rever alguns papéis. Passaram-se apenas alguns minutos quando um dos agentes entrou apressado, com o rosto pálido, e nos informou que o corpo de Jack havia sido encontrado. Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Subi imediatamente para chamar Domínik e, ao me aproximar da porta do escritório, ouvi soluços contidos, quase imperceptíveis. Empurrei a porta devagar e o encontrei ajoelhado no chão, chorando baixinho, segurando uma foto desgastada nas mãos — nele, estavam ele, Jack e Marta, sorrindo em um passado que agora parecia distante demais. Me aproximei em silêncio e o abracei, sentindo seu corpo tremer de dor em meus braços.
Abracei Domínik com firmeza, sentindo seu sofrimento transbordar em lágrimas silenciosas. Murmurei palavras de conforto, tentando suavizar, mesmo que por um instante, o peso que ele carregava no peito. “Vai ficar tudo bem… você não está sozinho,” sussurrei, passando a mão por suas costas. Ele não disse nada, apenas apertou a foto com mais força. Respirei fundo, buscando coragem para lhe contar o que precisava. “Domínik… encontraram o corpo do Jack,” disse, com a voz baixa e cuidadosa. Ele congelou por um momento, como se o tempo tivesse parado de girar ao redor daquela notícia, e aos poucos, ergueu o olhar, seus olhos vermelhos de dor encontrando os meus.
Com delicadeza, segurei Domínik pelos braços e o ajudei a se levantar, ainda trêmulo e com o olhar perdido. Ele limpou o rosto com as costas da mão, guardou a foto no bolso do casaco e desceu lentamente as escadas. Vi quando ele encontrou Marta na sala — ela correu até ele e os dois se abraçaram em silêncio, partilhando uma dor que dispensava palavras. Sem dizer mais nada, seguiram juntos para o necrotério, lado a lado, como se precisassem um do outro para suportar o que viriam a enfrentar. Fiquei ali parado por um instante, observando-os até que a porta se fechasse atrás deles. Luna e Nicholas permaneceram em casa comigo, em silêncio respeitoso. Caminhei até o garoto, que estava sentado no sofá, respirando fundo, tentando se acalmar. Sentei ao seu lado com cuidado, oferecendo minha presença como um abrigo silencioso enquanto ele lutava contra o turbilhão que ainda o tomava por dentro.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Jeon Jungkook
estou amando
2025-05-19
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