Jett franze a testa. "Você não deveria atender? É a sua mãe."
"Eu consigo ver isso, e farei isso. Assim que você for embora", digo, tenso.
Ele hesita, a preocupação estampada no rosto. "Ela está bem?"
"Ela está bem." Uma mentira, mas que o faz se mexer.
"Bom ouvir isso."
Lembro-me de algo pouco antes de ele chegar à porta.
"Também enviei flores para a esposa de William Templeton. Ela está no hospital se recuperando de uma apendicectomia de emergência."
Ele se vira, com as mãos ainda nos bolsos. É claro que noto seus ombros largos novamente e a forma como seus punhos estão dobrados.
Não fique olhando para os antebraços dele. Não.
Sua testa se franze daquele jeito familiar. "A esposa dele? Mas eu não a conheço."
"Pode ser, mas ele mencionou que ela estava se recuperando de uma operação. Ele te contou sobre isso quando estávamos na reunião", eu pergunto.
Ele me encara sem entender. Como esse homem pode não se lembrar?
"Certo, certo", ele diz como se a lâmpada tivesse acendido em sua cabeça. "Estamos prestes a assinar o acordo."
“Sim, você é”, eu respondo.
Confie nele para se lembrar do acordo, mas esqueça as pessoas envolvidas. Gestos pessoais como este? Não está no radar dele, mesmo indiretamente. Dinheiro e números são o foco deste homem. Seu pai o ensinou bem, e esses homens da Knight e sua obsessão com seu império provam isso. Eles só valorizam dinheiro. Não confio em Paul Knight, não gosto dele e mantenho distância dele. Tenho pena de seu assistente pessoal.
O pior é que consigo ver o Jett se tornando como ele daqui a uma década ou mais. Talvez a Brooke o faça mudar. Meu coração derrete ao pensar naquela garotinha adorável que é o centro do mundo do Jett, e a garotinha de quatro anos mais fofa que eu conheço.
Jett coça o queixo. "Obrigado?" Ele diz isso como uma pergunta, como se não entendesse por que enviei as flores.
"É uma coisa legal de se fazer. Mostra a ele que você se importa", explico. "Mostra a ele que você é humana e que coisas assim importam."
"Você provavelmente tem razão", ele admite. "Obrigado por cuidar disso. Você é..." Ele para, esfregando a nuca. "Você é boa no que faz, Cari. Não sei o que faria sem você."
Engulo o nó na garganta enquanto ele se afasta. Também não sei o que ele faria sem mim, e esse é o problema.
Quando me sento novamente, meu telefone vibra novamente: uma mensagem da mamãe.
Não ligue. Estou tirando uma soneca. Passe aqui no caminho para casa. A tia Scarlett fez tacos.
Solto o ar, aliviada por ela estar descansando, mas o peso no meu peito não diminui. Nem mesmo a ideia da minha comida favorita me esperando alivia a dor.
Jett retorna, vestindo o casaco. "Você pode pegar uma coisa para a Dina?"
Eu congelo. Dina. A namorada mais recente dele. "Pegar o quê?"
"Um relógio. Cartier. Deve estar pronto."
Meu maxilar se contrai. Ele não me escuta mesmo, né? "Eu te disse — já estou trabalhando durante o almoço."
Ele para de repente, a expressão se suavizando. "Certo. Desculpe."
Minha mente está em desordem, ainda preocupada com a minha mãe. Agora encaro meu chefe sem entender nada.
Para meu chefe exigente.
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