continuação: A sala vermelha

CAPÍTULO 2 —

Os degraus rangiam sob seus pés, como se guardassem memórias antigas. Luna subia devagar, cada passo ecoando dentro de si como um lembrete: ela estava indo em direção ao que jurou evitar. Mas o corpo traía a mente. Como sempre.

No topo da escada, a luz era mais intensa. Vermelha, viva, pulsante. A porta ao final do corredor parecia respirar, como se estivesse viva — esperando por ela, faminta.

Ela parou diante dela.

Por um segundo, sua mão hesitou. Mas então a voz dele veio de baixo, firme como uma ordem sussurrada:

— Entre.

A maçaneta estava quente. Diferente da outra. Como se aquela sala tivesse um fogo próprio, alimentado por desejos velhos e promessas que nunca morreram.

Luna entrou.

A Sala Vermelha era exatamente como lembrava. Paredes acolchoadas em veludo escarlate, uma lareira acesa, sombras dançando no teto. No centro, uma poltrona de couro escuro — imponente, solitária. E atrás dela, ele.

Ele não sorriu. Apenas a observou, como se cada movimento dela fosse uma confissão. Seu olhar desceu lentamente pelo corpo dela, despindo-a sem tocar.

— Tire o vestido.

Ela engoliu em seco. A frase não era um pedido. Era um ritual. Um lembrete do que os unia ali dentro — onde o mundo lá fora deixava de existir.

Ela puxou lentamente o zíper. O tecido caiu com a graça de algo inevitável. Ficou de pé, diante dele, em silêncio, de lingerie preta e pele arrepiada.

Ele se aproximou devagar, como uma sombra ganhando forma.

— Você não precisa fingir aqui, Luna. — Ele disse, parando a centímetros dela. — Aqui, você só precisa sentir.

Os dedos dele deslizaram pelo pescoço dela, pela clavícula, até o centro do peito. Lentamente. Como se a estivesse redesenhando.

— Eu sinto tudo. — ela sussurrou, quase com raiva de si mesma.

Ele inclinou a cabeça, o olhar agora mais brando.

— E é por isso que você voltou.

Ele se sentou na poltrona e abriu espaço entre as pernas. Estendeu a mão para ela.

— Vem. Me mostra o que você não mostra pra ninguém.

Luna não hesitou. Deixou os sapatos caírem no caminho e se sentou no colo dele, os joelhos de um lado e de outro. Ele a recebeu como se já tivesse esperado por aquele momento desde sempre.

O mundo pareceu encolher ali. Tudo o que existia era o calor da pele dele, o cheiro conhecido, e o ritmo do coração dela acelerando contra o peito dele.

— Eu ainda sou sua? — ela perguntou, a voz quase inaudível.

Ele sorriu, lento. Perigoso.

— Você nunca deixou de ser.

Sentada no colo dele, Luna se sentia pequena. Não frágil — intensa. Como se o toque dele tivesse o poder de acender tudo que ela tentou apagar. As mãos dele estavam ali, firmes em sua cintura, como quem segura algo precioso… ou perigoso demais para escapar.

— Você nunca deixou de ser minha, Luna. — ele repetiu, com a voz baixa, encostando a testa na dela. — Só tentou esquecer o que somos juntos.

Ela fechou os olhos por um segundo, sentindo o calor que subia pelo corpo. As mãos dele exploravam com calma, como se redescobrissem um território já conquistado. E cada movimento, cada toque, fazia com que ela se lembrasse... do quanto sentiu falta.

Os lábios dele encostaram nos dela, sem pressa. Um beijo sem urgência, mas cheio de lembranças. Era como se dissesse “eu sei o que você gosta, eu sei como você se perde”. E ela odiava como o corpo respondia tão rápido. Como a respiração ficava curta. Como o controle escorregava pelos dedos.

Ele separou o beijo com um leve puxão no lábio inferior, mantendo o olhar preso no dela.

— Ainda tem medo do que sente aqui dentro? — ele perguntou, encostando a mão aberta sobre o peito dela.

— Tenho medo de gostar demais. — ela admitiu, em um sussurro frágil.

Ele passou o polegar pelo queixo dela, erguendo levemente o rosto.

— E se for exatamente isso que você precisa?

As palavras dele a atingiam como lâminas suaves: cortavam sem machucar, marcavam sem sangrar. Ela queria dizer que ele estava errado. Que tudo aquilo era loucura. Mas, ali, sentada sobre ele, com a pele acesa e a alma inquieta, ela sabia a verdade.

Ela precisava daquilo. Precisava se perder pra lembrar quem era.

— Me mostra. — ela pediu, com a voz firme. — Me mostra quem eu sou aqui dentro.

Os olhos dele brilharam. Não com arrogância — mas com um prazer sombrio, de quem acabava de ouvir a confissão que esperava.

Ele a virou com um movimento preciso, fazendo com que ela ficasse de frente para ele, os joelhos apoiados na poltrona. O corpo colado, o vestido agora uma lembrança esquecida no chão. Uma das mãos dele segurou os pulsos dela e os levou até o encosto da poltrona.

— Fica assim. Quero que sinta sem se esconder.

Ela obedeceu. O couro frio contra os braços. A respiração dele na nuca. Os dedos explorando cada centímetro, subindo lentamente pelas coxas, pela lateral da cintura, pelas costas nuas.

— Aqui... você não precisa ser forte. Não precisa mentir. Aqui, você pode... sentir tudo.

E ela sentiu.

Sentiu o toque, a pressão, a ausência dele em certos lugares e a intensidade em outros. Ele a levava até o limite e voltava, como quem conhece o mapa do prazer com olhos fechados. E ela se desfazia em cada nova onda, em cada nova provocação.

— Você está linda assim... rendida. — ele sussurrou, como quem admira uma obra feita só pra ele.

Ela virou o rosto, os olhos marejados — não de tristeza, mas de verdade. E naquele olhar, ele viu. Ela estava ali por inteiro. Sem escudos. Sem máscaras.

— Eu odeio que você me conheça tanto. — ela disse, com a voz embargada.

— E eu amo cada parte que você tenta esconder.

O silêncio que veio depois dizia mais que mil palavras.

E no fundo da sala, a lareira queimava... como os dois.

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