Capítulo 3 – Rachaduras no Silêncio

As manhãs se tornavam mais frias, o cheiro de folhas secas no ar mais forte, e o tempo parecia correr mais rápido. Desde que Izuku começara a andar com Uraraka e Shoto, os dias ficavam menos pesados. A rotina na escola deixava de ser apenas suportável — começava a ter momentos bons, quase acolhedores.
Eles estudavam juntos na biblioteca, trocavam mensagens até tarde e até criaram um apelido carinhoso para o trio: “os três da sala do fundo”.
Mas nem tudo era paz.
A cada risada de Uraraka ao lado de Izuku, a cada comentário seco mas gentil de Shoto, Katsuki Bakugou parecia ferver um pouco mais. E mostrava isso. Da pior forma.
Bakugou
Bakugou
— Ei, esverdeado, tá competindo pra ver quem fica mais grudado nesses dois? (disse, largando a mochila com força sobre a carteira de Izuku antes mesmo da aula começar.)
Izuku
Izuku
— Não tô te dando atenção, Bakugou. (respirou fundo.)
Bakugou
Bakugou
— Isso é novidade. Sempre parece que tá implorando pra alguém olhar pra você.
Uraraka, que estava a poucos passos dali, parou ao ouvir isso. Shoto, sentado ao lado, ergueu os olhos, atento.
Izuku
Izuku
— Você quer o quê, exatamente? (virou o rosto, tentando controlar a irritação.)
Bakugou
Bakugou
— Nada. Só tô dizendo que seu novo clubinho de fracassados não vai te proteger pra sempre.
Izuku
Izuku
— E você acha que eu preciso de proteção contra você? (se levantou, o tom da voz começando a mudar.)
A turma silenciou.
Bakugou
Bakugou
(sorriu com um canto da boca, como se estivesse esperando por isso.) — Finalmente tirou a voz do bolso, nerd.
Izuku
Izuku
— E você finalmente admitiu que me observa o tempo todo. (rebateu, firme, o coração martelando no peito.)
Izuku
Izuku
— Tá sempre me provocando, sempre por perto. Isso não é ódio, Bakugou. É obsessão.
Bakugou ficou sério. Por um segundo, seus olhos arderam com algo que Izuku não conseguiu decifrar — raiva, orgulho ferido… ou algo mais profundo.
Bakugou
Bakugou
— Você não sabe nada sobre mim (disse ele, baixo, antes de sair da sala.)
Mais tarde, no jardim da escola, Izuku chutava pedras pelo caminho, tentando se acalmar. Uraraka e Shoto o seguiram, silenciosos.
Shoto
Shoto
— Ele te provoca porque sente que tá perdendo o controle (disse, depois de um tempo.)
Izuku
Izuku
— Controle?
Shoto
Shoto
— Você era a sombra dele. Agora não é mais.
Uraraka
Uraraka
— E ele odeia isso (completou, com um olhar preocupado.)
Izuku parou. O vento soprou forte, bagunçando seu cabelo. Por dentro, tudo parecia bagunçado também.
Izuku
Izuku
— Eu tô cansado. De verdade. Eu não sou mais aquele garoto que engolia tudo calado. Se ele quiser guerra… vai ter.
Shoto
Shoto
(assentiu, sério.) — Só não se deixe perder no processo. Ele quer te tirar do eixo. Não dá esse gosto pra ele.
Izuku olhou pro céu nublado, sentindo as nuvens dentro de si também se formando.
Bakugou podia continuar provocando. Mas agora… ele não estava sozinho. E não ia mais abaixar a cabeça.
Continua...

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