Eu Serei a Única LeRouge de Pé

Eu Serei a Única LeRouge de Pé

A queda da Família LeRouge

Me chamo Amaya LeRouge, e neste exato momento estou na prisão construída pela minha própria família, aguardando a hora de ser levada para a praça de execução do império. Por quê? Porque alguém tem que pagar pelos pecados da linhagem LeRouge… e, claro, escolheram a filha mais fácil de manipular. Ou pelo menos achavam que era.

“Você deve fazer esse sacrifício por nós, a família LeRouge continuará invicta por causa do seu sacrifício.”

A voz do meu pai ainda ecoa na minha mente, junto ao maldito sorriso sombrio que ele usava como uma máscara de glória.

Mas eu me recuso.

Essa noite, silenciosa e fria, era a minha única chance. Arrombei a fechadura com um pedaço de metal que escondi na manga, e minhas mãos tremiam de nervoso — e de raiva. O coração batia descompassado, mas meus passos eram certeiros. Eu sabia o caminho até o portão dos fundos. O caminho da minha liberdade.

Mas não cheguei nem perto.

— Achei que tentaria fugir. — disse uma voz familiar atrás de mim.

Me virei, e lá estavam eles. Todos. Meus tios, primos, irmãos. Até minha mãe. Espalhados pelo corredor como sombras famintas. Cercando cada saída.

Flashback.

Eu tinha oito anos quando percebi que era sozinha.

Meus irmãos gêmeos, Damien e Dorian, me arrastaram pelos corredores da mansão e me jogaram na fonte gelada do jardim só porque eu tinha tocado nas espadas deles.

— Você nunca vai ser uma guerreira, sua inútil. — eles riram, e ninguém fez nada.

Flashback.

Na escola de esgrima, eu era o saco de pancadas da turma.

Enquanto as filhas perfeitas dos nobres treinavam em duplas, eu sempre acabava “por engano” em lutas contra meninos duas vezes maiores. Meus braços viviam roxos.

— Você é uma LeRouge, aguente. — dizia meu instrutor, com desdém.

Ser LeRouge nunca me protegeu. Só me quebrou.

— Vocês não vão fazer isso. — murmurei, recuando no corredor sombrio. — Eu sou da família também! Eu não sou um pedaço de carne pra ser entregue aos lobos!

— Exatamente por isso. — disse minha mãe, com o mesmo tom frio de todas as vezes que ignorou minhas lágrimas. — Porque é da família, você deve protegê-la.

Meus gritos ecoaram pelos corredores quando me derrubaram no chão de pedra. Chutes. Cotoveladas. Algemas apertadas com mais força. Não houve misericórdia.

— Você devia se orgulhar. — disse meu primo, limpando o sangue do lábio. — Vai morrer como uma LeRouge leal.

Mas eu cuspi no chão, com o sangue escorrendo da boca e os olhos queimando de fúria.

— Eu prefiro morrer como a vergonha dos LeRouge… do que viver como mais uma covarde entre vocês.

Flashback.

Eu tinha doze anos quando tentei fugir pela primeira vez.

Fui capturada na floresta atrás da mansão, amarrada e deixada no porão por dois dias sem comida.

Meu pai me olhou com tédio.

— Só as fracas fogem, Amaya. Não me decepcione de novo.

Com aquelas lembranças podres rodando na minha cabeça, acabei apagando. Um apagão completo. Quando abri os olhos de novo, estava sacolejando dentro de uma carruagem de quinta categoria, amarrada como um bicho prestes a ser abatido.

Madeira podre, cheiro de mofo e suor. A luz mal entrava pelas frestas laterais, mas eu sabia muito bem para onde me levavam. A maldita praça de execução.

Soltei uma risada seca, amarga.

— Que piada, não é? — murmurei pra mim mesma. — O destino não só me odeia… ele se diverte com isso.

Do lado de fora, sons abafados de gente. Gritos, risos, talvez vaias. Não importava. O povo sempre adora um bom espetáculo, principalmente quando é alguém da alta nobreza indo pro chão. Ainda mais sendo uma mulher. E ainda mais… sendo uma LeRouge.

Fui puxada pra fora como um saco de batatas. Me jogaram de joelhos no centro da praça, sob o olhar atento da multidão e os olhos apáticos do imperador.

A guilhotina se erguia à minha frente, majestosa e cruel. A madeira escura manchada pelo sangue dos que vieram antes de mim. O machado de lâmina afiada cintilava sob o sol.

O arauto imperial se colocou à frente, abriu um pergaminho longo e, com voz forte, começou a ler:

— Amaya LeRouge, filha da casa LeRouge, está aqui por decreto imperial, sentenciada à morte pelos seguintes crimes: envolvimento com magia negra, assassinato, sequestros, tentativa de contato com demônios, uso indevido da espada, roubo, sonegação de impostos… e tentativa de derrubar o império.

A multidão murmurava. Alguns cuspiam no chão ao ouvir meu nome. Outros apenas sorriam, satisfeitos. E lá estava minha família, escondida entre as sombras da tribuna reservada aos nobres, assistindo de camarote. Covardes.

Me forçaram a deitar na estrutura da guilhotina. A madeira era gelada contra minha pele. O cheiro de sangue seco subia até minhas narinas.

Respirei fundo.

Um guarda puxou meus cabelos para prender minha cabeça na posição. Típico.

Mas antes da lâmina cair, abri um sorriso — o meu primeiro sorriso verdadeiro em dias. Olhei para frente, para o céu, como se conversasse com o tempo.

— Se eu pudesse voltar no tempo… faria com que todos pagassem pelos seus crimes. E viveria feliz.

E então… o silêncio.

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Comments

girassol 🌻

girassol 🌻

muito boa história parabéns.

2025-04-17

2

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