Do lado de fora, o mundo parecia girar como sempre, mas dentro de Ethan, tudo havia mudado. Depois de terminar com Veronica, ele se sentia como se tivesse rompido com uma parte da própria identidade. Ele sempre soube que havia algo errado naquele relacionamento, mas encarar a verdade doía mais do que esperava.
Agora, havia uma nova missão: conquistar o apoio de Charles Bennett.
Charles não era apenas o homem mais influente dos Estados Unidos, mas também um dos maiores acionistas da Montgomery Industries. Respeitado, temido e adorado por uns poucos, era conhecido por sua personalidade meticulosa e sua postura protetora em relação à única filha: Chloe Bennett.
Ethan viajou para os Estados Unidos em seu jatinho particular. Chegou à propriedade dos Bennett numa manhã clara, em que o céu azul refletia o brilho imponente da mansão no alto de uma colina cercada por seguranças, jardins esculpidos e uma arquitetura que misturava o clássico com o moderno.
Ao chegar, foi recebido por William, o mordomo da família há mais de vinte anos, que o conduziu diretamente ao escritório de Charles.
A porta de carvalho se abriu silenciosamente, revelando o homem atrás de uma enorme mesa de mogno, cercado por livros, papéis e uma lareira acesa apesar do clima ameno. Charles ergueu os olhos e sorriu com ironia.
— Montgomery... finalmente criou coragem?
— Vim ser direto com o senhor — disse Ethan, sentando-se. — Estou pronto para assumir a empresa. Mas meu pai impôs uma condição: eu preciso estar casado. E ele acha — e eu concordo — que a pessoa ideal seria alguém que não esteja interessada em fama ou poder. Alguém com princípios.
Charles cruzou os braços, observando-o com olhos experientes. — E você acha que minha filha se encaixa nesse perfil?
— Sim. Ela é discreta, inteligente, tem personalidade. E... pelo que ouvi, é o tipo de mulher que não se deixa corromper. Eu não estou pedindo amor, senhor Bennett. Estou pedindo confiança. Um casamento de dois anos, sem obrigações emocionais. Apenas uma aliança mútua. Em troca, sua filha teria tudo que precisar: segurança, respeito e liberdade.
Charles se levantou, andando lentamente até a janela, de onde observava os jardins da propriedade.
— Chloe é meu bem mais precioso. Ela não é como as outras meninas que você deve conhecer. Ela é... inocente. Nunca namorou. Nunca beijou. Ainda acredita em contos de fadas, Ethan. Você tem ideia do que está pedindo?
— Tenho. E eu não vou machucá-la. — A voz de Ethan estava firme, mas sincera. — Eu posso prometer isso.
Charles virou-se, encarando-o com seriedade.
— E se ela disser não?
— Eu aceitarei.
Houve um silêncio pesado. Então Charles respirou fundo, pegou o telefone sobre a mesa e disse ao mordomo:
— Mande chamar Chloe. Agora.
Minutos depois, a porta se abriu, e Chloe Bennett entrou no escritório.
Ela usava um vestido leve de verão, azul-claro, que contrastava com sua pele alva e olhos cor de mel. Os cabelos estavam soltos, caindo em ondas naturais sobre os ombros. Ela parou ao ver Ethan, surpresa.
— Pai? O que está acontecendo?
— Sente-se, querida. — Charles apontou para a poltrona ao lado de Ethan.
Chloe obedeceu, desconfiada, mas educada. Seus olhos se voltaram para o homem ao seu lado com uma mistura de curiosidade e desconfiança.
— Chloe, o sr. Montgomery tem um pedido... inusitado.
Ethan então contou tudo, com calma. Explicou o contrato, os dois anos, a ausência de pressões, o respeito que teria por ela e a proteção que ofereceria. Falou de sua responsabilidade como CEO, da pressão familiar, e de como acreditava que ela era a única pessoa que poderia aceitar esse acordo sem segundas intenções.
Quando terminou, Chloe estava em silêncio. O coração acelerado, as mãos frias no colo. Seu olhar inocente, mas não ingênuo, estava fixo em Ethan.
— Você quer se casar comigo... por obrigação?
— Por necessidade. Mas não estou te oferecendo uma prisão. E sim um contrato. Um acordo que termina em dois anos. Prometo nunca ultrapassar os seus limites. E te proteger da exposição.
Ela baixou o olhar. Tinha apenas dezenove anos. Nunca tinha namorado. Nunca beijara ninguém. Era romântica, mas não burra. Sabia o que aquele pedido significava.
— Você... está me escolhendo porque sou virgem e ingênua? Porque acha que vou aceitar calada?
Ethan se surpreendeu com a firmeza da voz dela.
— Não. Estou te escolhendo porque, apesar de não te conhecer, já ouvi o suficiente pra saber que você é diferente. E porque preciso de alguém em quem eu possa confiar.
Chloe olhou para o pai, depois de volta para Ethan. Respirou fundo.
— E se eu disser sim... você vai manter sua palavra? Vai conversar comigo... vai me respeitar, mesmo se um dia eu me apaixonar por você e você não sentir o mesmo?
A pergunta atravessou Ethan como uma lâmina. Ele não esperava ouvir algo tão sincero e vulnerável.
— Sim. Eu vou te respeitar. Sempre.
Chloe ficou em silêncio por alguns segundos que pareceram eternos... então respondeu:
— Me dê até amanhã. Preciso pensar.
E saiu, com o coração disparado e a cabeça girando.
Naquele momento, Ethan percebeu: ela era muito mais do que ele imaginava. E, talvez... fosse ele quem corria o risco de se apaixonar.
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Atualizado até capítulo 35
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