Amiga…
AMIGA.
Você não tá preparada pro que aconteceu depois que o elevador abriu.
Assim que a porta abriu e a plateia inteira da empresa Ferraz viu a funcionária nova suada, sem paletó e o CEO da empresa com a camisa aberta igual um stripper de luxo, eu juro que eu tive uma microparada cardíaca. Eu nem consegui levantar rápido. Fiquei tipo uma lesma congelada, querendo morrer, desaparecer, explodir em poeira igual aquele povo do Thanos.
Ele se levantou primeiro, deu um mini aceno tipo “bom dia” (com aquela voz de CEO pós-apocalipse sexual), e só falou:
— Joyce, me acompanhe até minha sala.
SÓ. ISSO.
E FOI COM UM TOM SÉRIO.
SÉRIO DE NOVO.
O mesmo homem que tava me olhando com fome cinco minutos atrás virou uma geladeira da Samsung.
Aí eu levantei igual um boneco de posto falido, juntei minhas coisas, puxei meu paletó do chão (que parecia um pano de chão de tanta lama), e fui atrás dele.
O ambiente na empresa? Um clima de enterro com festa surpresa ao fundo, sabe? Todo mundo tentando fingir que tava ocupado, mas claramente com o pescoço torto tentando ver o circo pegar fogo. O escritório em si era chiquérrimo. Mármore branco, plantas caríssimas que pareciam até de mentira (mas cheiravam a vida rica), e ar-condicionado no grau “pinguim com casaco”.
Entrei na sala dele e PUFT.
O homem virou o robô-chefe.
Sentou na cadeira de couro, cruzou os braços e falou com uma voz mais gelada que o ar do elevador:
— A senhorita começa na segunda-feira. Às 8h. Pontualidade é essencial.
E eu, completamente confusa, só consegui responder:
— Certeza que não quer fazer mais uma hora no elevador antes disso?
Amiga… ELE LEVANTOU A SOBRANCELHA.
Eu me calei na hora. Sentei a bunda na poltrona, baixei o olhar e murmurei um “obrigada pela oportunidade, senhor Ferraz”.
Senhor Ferraz. Eu. Chamei. Ele. De. SENHOR.
Eu, que cinco minutos antes tava derretendo em frente ao peitoral dele, virei uma estagiária do século passado.
Saí da empresa em silêncio. A recepção me olhou tipo: “é essa aí mesmo que vai trabalhar aqui?”. E eu só queria um buraco. Um túnel. Um trem. Qualquer coisa.
E aí começou a jornada da vergonha.
Metrô Lapa, 17h, lotado.
Salto torto, sujo de lama até o tornozelo.
Maquiagem? Toda carimbada no olho.
Suor? Em lugares que nem deveriam suar.
Cabelo? Parecia que uma vaca lambeu e depois uma criança penteou com um garfo.
No caminho pra casa, eu fiquei olhando os carros, as árvores, os mendigos dormindo melhor que eu, e pensando:
“Que porra aconteceu hoje?”
A cidade tava num pôr do sol rosa meio laranja, sabe? Aquela vibe de filme francês. E eu ali, uma deusa desgraçada, fedendo a elevador e frustração.
Cheguei em casa. E você sabe, né?
Casa de vó.
Portão com corrente, campainha que não funciona, cachorro da vizinha latindo sem razão, e aquele cheiro de feijão refogado no ar. Entrei.
A vó tava na cozinha, de avental, mexendo um tacho de doce de banana. A minha irmã tava largada no sofá, comendo Ruffles, vendo TikTok.
Eu entrei e falei:
— Gente… eu fui presa num elevador com o CEO da empresa. Aí a porta abriu e tavam todos olhando a gente igual filme pornô de comédia.
A minha irmã cuspiu a Ruffles.
— VOCÊ FEZ O QUÊ???
— EU NÃO FIZ NADA, FOI O DESTINO!!! — gritei, tirando o salto e jogando na parede.
Minha vó olhou pra mim com aquela cara de quem vai bater ou rir.
Ela riu. MAS DEPOIS…
— Vai trabalhar sem lavar o cabelo, Joyce? Tá parecendo uma lombriga de top.
— Vó, pelo amor de Deus, eu quase beijei um homem dentro de um elevador.
— E perdeu a chance ainda, anta.
E pegou a bengala.
E DEU EM MIM.
DEU COM A BENGALA.
— Não aprendeu que quando a oportunidade aparece, a gente tem que agarrar? Eu com a sua idade já tinha três namorados e dois empregos! — falou, batendo no meu braço com aquele amor que só vó sabe.
Minha irmã já tava no chão, CHORANDO de rir.
— Você ficou com o cara sem camisa num elevador TRANCADA. Isso parece episódio de série da Netflix! — ela disse.
Subi pro quarto. Meu quarto é minha caverna.
Tem poster do Harry Styles, luz de LED roxa, uma pilha de roupa em cima da cadeira (aquela cadeira, você sabe), e um gato que nunca me dá atenção.
Deitei. Olhei pro teto.
E só pensei:
“Segunda-feira. Oito da manhã. Com ele.”
Com aquele homem.
E eu vou ter que fingir que sou normal.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Neuza Chaves Chaves
segunda história puxada pra comédia,adoraaaaannndo
2025-05-17
0
Paloma Sousa
tudo ficou bem tenso né kkkk
2025-05-03
0
gata
😂😂😂😂 chorei de rir 😅
2025-05-16
0