capitulo 1

Capitulo 1

A mala estava sobre a cama, dentro dela Cíntia guardava não só as roupas mas as lembranças que construiu nos últimos cinco anos vivendo em um internato na Suiça.

Estava feliz, fazia meses que não via o pai e para sua surpresa o mesmo pediu que a buscassem naquele fim de semana para passar algum tempo em casa, Cíntia era filha única, herdeira de Nazir Makiere um multimilionário turco que fez fortuna em aplicações na bolsa e sociedades com empresas de software.

Cíntia terminou de colocar as roupas na mala, na porta algumas colegas que vieram se despedir, Saore era a mais íntima delas, trocavam confidencias e compartilhavam gostos que lhe tornaram melhores amigas.

—Ainda não acredito que vai embora.

Se abraçaram, por algum motivo Cíntia não voltaria no próximo semestre e isso já tinha sido informado pela diretora do colégio.

— Talvez possa me visitar em Istambul.

Cíntia sorriu com o coração apertado, sabia que dificilmente isso aconteceria, Saore era uma das herdeiras da Yakuza e por mais que todos naquele internato soubessem era um assunto proibido entre elas.

— Falarei com Papai, quem sabe ele não tenha algum compromisso por aqueles lados, me levaria para conhecer o grande bazar, o palácio de topkapı.

Saore limpou as lágrimas, entregou a Cíntia uma pequena caixa, o kimono bordado a mão dentro dela havia sido um presente dado pela mãe antes de sua morte.

— Saore, não posso aceitar.

Cíntia disse com a voz embargada, sabia que aquele era o tesouro mais precioso no mundo para amiga.

— Quero que fique com ele, sabe como funcionam as coisas em minha casa.

Olhou para os lados certificando-se de que ninguém as ouvia.

— Mamãe me deu isso para que eu usasse em meu casamento, em uma ocasião feliz mas dificilmente Isso acontecerá Cindy, provavelmente quando voltar daqui seis meses eu já terei sido entregue em casamento a um dos homens de papai, terei morrido pois prefiro a morte que ser obrigada a me deitar com um deles, você se casará por amor, será feliz como em seus sonhos.

Cíntia chorou, abraçou forte a amiga, lamentava o destino terrível de Saore em ter que se casar por obrigação e não por amor como muitas vezes sonharam juntas, levou a mão ao pescoço, tirou dele o crucifixo de ouro que trazia, apesar de ter nascido na Turquia a mãe era do México, um dos motivos para seguir o cristianismo.

— Tome, quero que fique com isso.

— Cindy...

— Sei que não acredita em Deus, a medalinha não é referência a ele e sim para que se lembre de mim.

A abotoou no pescoço da amiga, terminou de se despedir e desceu a rampa do internato, o mordomo do pai a esperava, em pé ao lado de um importado preto sorriu para ela.

— Senhorita.

— Cindy, Madur.

Beijou o rosto do velho homem.

— Sempre me chamou assim.

Entrou no carro o esperando fechar a porta, os olhos em um tom de mel encaravam o internato com melancolia, todo o vôo até Istambul passado em claro, sonhando acordada com as viagens que faria, os passeios ao lado do pai e no quão próximo estariam, algo novo já que Nazir sempre foi um homem frio, que priorizava o trabalho e que proibia demonstrações de afeto em público, ainda assim era amado, Cíntia tinha orgulho do pai e falava dele com carinho.

— Estamos quase chegando Cindy, durma um pouco, não pregou os olhos por todo o caminho.

Madur dirigiu do aeroporto até em casa, Cíntia cochilava abraçada ao casaco de pele branco, tinha roupas caras, sapatos sofisticados mesmo quase nunca tendo onde usá-los, eram os uniformes o que vestia quase que o tempo inteiro, estava frio e já era madrugada quando Madur estacionou o carro.

— Espere um instante, vou tirar as malas do carro e conversamos um pouco, tenho que falar com a senhorita.

Cíntia estava tão ansiosa que não ouviu, desceu sem nem mesmo esperar que o mordomo abrisse a porta, andou pela sala com um sorriso no rosto.

— Papai.

Correu pelas escadas, entrou no quarto, o sorriso desapareceu ao ver o homem deitado sobre a cama, ligado a vários aparelhos e máquinas.

— Papai.

Os olhos cheios de lágrimas.

— O que houve?

Ela olhou para porta, Madur estava lá, parado, me silêncio.

— O que aconteceu com ele?

Colocou as malas no chão, da estendeu a mão para Cíntia.

— Levante-se por favor.

Apontou a cama.

— Sente-se.

Ela obedeceu, o rosto molhado de lágrimas, encarava Madur com tristeza.

— A quanto tempo ele está desse jeito?

— A uns seis meses.

— Estive aqui a seis meses Madur, ele estava bem.

O homem se sentou ao seu lado, suspirou.

— Seu pai tem um problema sério no coração menina, é uma doença congénita com a qual ele tem lutado muito anos.

— Como eu não soube disso?

Cíntia o confrontou, o coração em seu peito doía, por mais distante que fosse o pai ela deveria ter sido informada sobre seu estado de saúde.

— Só tem dezesseis anos Cindy, seu pai está em coma induzido a quase seis meses e isso devido a três tentativas frustradas de transplante.

— Achei que isso demorasse, como ele conseguiu três órgãos de forma tão rápida? como fizeram cirurgias desse porte em um espaço tão curto de tempo?

Madur ficou em silêncio.

— Por favor não me esconda nada, se meu pai está em coma quem ligou ao internato exigindo minha dispensa?

O homem se levantou, cruzou os braços frente ao corpo como se algo estivesse entalado em sua garganta.

— Antes da primeira cirurgia o senhor Nazir designou um representante legal para que tomasse conta das coisas, esse homem tem administrado a casa, o pagamento dos funcionários e até mesmo as despesas médicas, ele tem permissão não só de tomar decisões frente as empresas, contas bancárias, como tem a sua guarda Cíntia.

— Um tutor?

— Um calhorda.

Madur fechou os olhos, tentou recuperar a calma.

— É um homem cruel, com um olhar maligno e que carrega um sorriso debochado no rosto, não sei em quê o senhor Nazir estava metido mas algo é certo, aquele homem é ruim, muito ruim menina.

Cíntia o olhou assustada.

— Meu Deus, por que Papai faria isso? porque deixaria tudo o que temos nas mãos de um monstro?

Silêncio.

— Madur.

— Esse homem não é uma pessoa comum, um advogado ou um dos abutres do mundo dos negócios com quem o senhor Nazir se relacionava, é um traficante de órgãos senhorita, um criminoso de envolvimento com a máfia, as más línguas estão comentando que seu pai perdeu tudo o que tinha para esse rapaz.

— Impossível, meu pai tem dinheiro, tem muitos bens, mesmo que ele tivesse cometido essa loucura teríamos dinheiro para pagar pelos serviços desse homem.

Madur enfiou a mão no bolso.

— Isso é verdade, mas de qualquer forma está prestes a descobrir criança.

Lhe estendeu um cartão, Cíntia aceitou.

— Ele deu ordens de que o encontre nesse hotel amanhã a noite.

Ela se levantou, andou até o pai se pondo ao lado de sua cama.

— Estefano D'Ávila.

Leu o nome no cartão com a voz trêmula.

— O que eu faço agora? Acha que devo ir Madur.

O homem passou as mãos pelos cabelos grisalhos.

— Não tem escolha, as palavras dele foram as seguintes senhorita:

"Diga a filha de Nazir que estarei a sua espera, para o caso dela se recusar a aparecer quero deixar claro que não é uma boa ideia, se eu for até aquela mansão trarei duas coisas comigo e nenhuma irá agradar a ela".

— A quê ele se referia?

— Você arrastada pelos cabelos menina, e o coração que seu pai carrega no peito.

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Comments

Denise

Denise

Cíntia é ainda uma menina, mas parece que ela tem garras e fibra para enfrentar Estefano. Será que estou certa ou minha intuição falhou?

2025-05-05

1

Anailde Batista

Anailde Batista

Vamos que vamos pra mais uma aventura da nossa autora favorita, haaa Estefano, como eu te odeio e depois te amoooo❤️❤️❤️ muito muito muito ❤️🤣🤣

2025-04-09

1

Carolina Luz

Carolina Luz

sei que a estória já é sucesso,mas já comecei odiando ele tá mas pode ser que eu perca o juízo e me apaixone

2025-04-19

1

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