Prólogo • Enrico Palladino

No dia do casamento de Diego e Antonella...

Observo Elena tentando controlar seus dois filhos que correm de um lado para o outro na Catedral, paro para refletir sobre como seria se esse matrimônio fosse nosso. Se eu pudesse perdoá-lo pela sua infidelidade e assumisse os filhos do meu irmão, que já partiu, como meus.

Não, eu não sou capaz.

Por mais que eu a deseje, por mais que ame explorar seu corpo e desfrutar do seu prazer dia após dia, não consigo perdoá-la pelo que fez. A lembrança de sua infidelidade me assombra e, embora eu a ame intensamente, ciente de que nunca amarei outra mulher do mesmo modo, também a odeio com a mesma intensidade.

Ao desviar o olhar da mulher mais bela que já conheci, olho para o relógio de pulso e percebo que Antonella está com um atraso de pouco mais de duas horas para o seu matrimônio.

Começo a pensar que Diego está correto ao afirmar que existe algo de errado ocorrendo. Embora seja comum que as noivas se atrasem, o atraso da noiva do meu amigo já está se tornando algo comum.

Reunimo-nos em torno de Diego quando ele chamou o segurança responsável por trazê-la. Inicialmente, tudo aparenta normalidade até que os nossos alarmes de emergência soam simultaneamente.

Depois, o guarda informa que Rosa, a governanta de Diego, foi encontrada morta e Antonella sumiu. Diego apressa-se para deixar a Catedral e nos preparamos para segui-lo quando um ruído abafado ressoa no ar, seguido pela confusão de uma explosão que sacude o solo e derruba uma parte das paredes de pedra.

Analiso rapidamente o ambiente para identificar a origem do perigo. Percebo alguns convidados correndo, outros se ajoelhando para se defender de um novo ataque, mas minha atenção se concentra apenas em três indivíduos: Elena e seus dois filhos, Mariana e Rafael.

Giro, ainda estagnado no mesmo local, os anos de treinamento entrando em ação de imediato. Em meio a gritos e tumulto, observo Elena desesperada tentando mover uma enorme pedra com o auxílio de Rafael, que com bravura tenta auxiliar a mãe.

Noto que a pequena Mariana se encontra aprisionada sob ela. Distraio Diego e corro em sua direção. De repente, o receio de perder qualquer um deles me domina enquanto corro em direção a ela. Lucca também nota e me auxilia na remoção da enorme pedra que quase soterrou a menina.

Com delicadeza, pego a pequena nos meus braços e corro para fora da Catedral, com Elena ao meu lado e Rafael que, apesar de aparentar estar abalado, os olhos arregalados de medo, repetia a cada momento em um lampejo de voz.

- Tio\, eu tentei empurrar ela. Sou tão corajoso quanto você\, prometo que tentei salvá-la... - Envolvo a pequena nos braços de Elena no momento em que ela se acomoda no banco traseiro do meu carro.

- Você fez o que estava ao seu alcance. Rafael\, você é forte. – Agarro o garoto nos meus braços e o coloco no banco traseiro ao meu lado\, tentando tranquilizá-lo.

Dirijo como um doido pelas ruas, desviando dos veículos enquanto, através do espelho retrovisor, observo Elena chorando e sussurrando palavras que não entendo no ouvido de Mariana, segurando sua mãozinha, agora ferida.

O silêncio aflito de Rafael ao meu lado só intensifica a tensão no interior do veículo. O meu foco se alterna entre a estrada e a dor que permeia os três. Cada instante parece se estender indefinidamente até alcançarmos o hospital.

No hospital que sempre recorremos quando precisamos, o Doutor Conelly nos aguarda com uma grande equipe de médicos e enfermeiros prontos para nos atender prontamente. Ele coloca Mariana na maca e a conduz para dentro, enquanto eu, Elena e Rafael permanecemos na sala de espera. Um turbilhão de dúvidas e temor.

Observo a tela do celular na tentativa de descobrir mais sobre Diego. Observei quando ele desobedeceu às instruções de Alessandro e partiu sozinho em busca de sua noiva.

Ocasionalmente, meus olhos se voltam para Elena, que aparenta estar abalada. Ela treme ao tentar manter a calma pelos seus filhos, especialmente por Rafael, que se encontra sentado entre nós dois.

Lamento, gostaria de poder auxiliar meu amigo agora, mas é neste momento que preciso estar. Elena tem apenas a mim e aos seus filhos, e, se fosse honesto, eu não conseguiria me afastar, mesmo que essa alternativa existisse, o que não é o caso.

Após uma agoniante espera, o Doutor Conelly finalmente surge na sala de espera, mas se aproxima com precaução e com uma expressão inquieta. Nós nos levantamos instantaneamente.

- Como ela está? – Indagamos simultaneamente.

- A garota está viva - seu semblante mostra cansaço - no entanto\, sua condição atual é crítica.

- Em estado crítico? - Seguro Elena pela cintura\, pois por um momento\, penso que ela vai desmaiar. - Doutor\, o que aconteceu com ela?

- Mariana foi vítima de diversos traumas internos e uma fratura no fêmur. Conseguimos estabilizar ela\, porém\, ela necessita de uma transfusão de sangue urgente para realizarmos as cirurgias requeridas - Conelly esclarece\, sua voz é de certa forma serena\, contrastando com a tensão que cada palavra traz.

Elena chora ao meu lado e eu aperto sua cintura com força em um gesto de suporte. Rafael se abaixa mais na cadeira, seus olhos pequenos repletos de lágrimas, enquanto tenta entender a seriedade da situação.

- Qual é o seu tipo sanguíneo? - pergunto\, já pensando em como podemos acelerar o procedimento\, e sinto Elena agarrar meu braço. As suas unhas penetrando profundamente na minha pele.

- Ela possui um tipo de sangue incomum\, AB Negativo. Estamos enfrentando problemas para encontrar um doador adequado rapidamente e\, infelizmente\, não possuímos reservas suficientes no momento. - Conelly esfrega a testa\, finalmente expressando sua frustração.

- Não\, não\, não - Elena começa a tremer - não era para ser dessa maneira.

- Relaxe\, Elena\, vamos encontrar uma solução. – Tento tranquilizá-la\, mas seus olhos me olham com medo e remorso.

- Enrico... me desculpe\, por favor\, me desculpe. – Suas palavras subsequentes surgem num sussurro\, repletas de um desespero que nunca antes percebi nela. - Eu preciso te contar algo que prometi a mim mesma que jamais diria.

- Elena\, explique claramente o que é. Se isso puder ajudar a salvar sua filha\, apenas fale - digo\, esforçando-me para manter a serenidade\, mas meu coração dispara repentinamente e tenho certeza de que qualquer palavra que você pronunciar tem relação conosco e transformará nossas vidas para sempre.

- Os pequenos... Rafael e Mariana... Enrico\, eles... são seus filhos. Nunca consegui te contar. Peço desculpas\, mas salve a nossa menina.

A descoberta me atinge como um golpe no estômago e dou dois passos atrás, permitindo que ela caia no chão. Percebo tudo em vermelho à minha frente e sinto como se o chão se desvanecesse debaixo dos meus pés.

Observo Rafael, que está assistindo à cena sem compreender totalmente a seriedade do incidente, e depois Elena, caída no chão, com os olhos suplicando por perdão.

- Meus filhos? Como assim\, meus filhos? – minha voz falha\, um misto de surpresa\, raiva e\, surpreendentemente\, um sentimento de responsabilidade instantânea me invade.

- Se isso for verdade\, Enrico\, pode ser que você seja um doador adequado. - Conelly\, ao notar a tensão\, interrompe\, considerando a urgência da situação.

- Sim\, sem dúvida - respondo\, recuperando o sentido\, mesmo que minha mente persista em divagar. Rafael e Mariana\, meus filhos\, viviam sob minha proteção sem que eu soubesse. - Vamos realizar o teste\, Doutor Conelly. É necessário que salvemos minha filha.

Minha filha! Minha filha! Minha filha!

As palavras ressoam incessantemente em minha mente, porém Elena me chama a atenção ao segurar a barra da minha calça com as mãos tremendo.

- Enrico\, peço desculpas por não ter te contado antes. Você...

- Elena\, depois vamos conversar sobre isso - falo sem esconder o ódio e a sensação de traição; mais uma vez\, ela me enganou - A única coisa que me importa agora é salvar a minha filha. - Interrompo e\, sem olhar para ela\, sigo Conely pelos corredores até a sala de exames para fazer o exame de sangue.

Caralho, não consigo acreditar que ela tenha sido tão desleal comigo. Ela esteve sob meu cuidado por mais de quatro anos e nunca, jamais, considerou revelar a verdade para mim. Elena é realmente uma praga terrível. Ela me devastou anteriormente com sua infidelidade e, agora, me devastou novamente.

Ao estender o braço à espera da coleta de sangue, tudo o que eu sabia sobre a minha vida parece desmoronar e se reestruturar em apenas alguns segundos.

Hoje, não se trata apenas de salvar Mariana; trata-se de aceitar a minha nova situação, na qual sou pai e minhas ações têm a capacidade de influenciar o futuro de duas vidas pequenas que, até então, eu desconhecia serem minhas.

Em relação à Elena, ela vai me retribuir por mais essa infidelidade.

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Comments

Dulce Gama

Dulce Gama

misericórdia eu não li os primeiros livros na as tô adorando vou continuar até a onde está atualizado e vou tentar ler os outros 👍👍👍👍👍🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹

2025-04-08

1

Camile Vitória 🇧🇷🇰🇷

Camile Vitória 🇧🇷🇰🇷

começando

2025-05-12

0

Severa Romana

Severa Romana

não gostei.. ela casou com o irmão? afff se ela traiu, entoa ele merece conhecer alguém que realmente ame ele

2025-04-07

3

Ver todos
Capítulos
1 Introdução
2 Prólogo • Enrico Palladino
3 PARTE I • Capítulo 01 • Elena Franco
4 PARTE I • Capítulo 02 • Elena Franco
5 PARTE I • Capítulo 03 • Elena Franco
6 PARTE I • Capítulo 04 • Enrico Palladino
7 PARTE I • Capítulo 05 • Enrico Palladino
8 PARTE I • Capítulo 06 • Enrico Palladino
9 PARTE I • Capítulo 07 • Enrico Palladino
10 PARTE I • Capítulo 08 • Elena Franco
11 PARTE I • Capítulo 09 • Enrico Palladino
12 PARTE I • Capítulo 10 • Enrico Palladino
13 PARTE I • Capítulo 11 • Enrico Palladino
14 PARTE I • Capítulo 12 • Elena Franco
15 PARTE I • Capítulo 13 • Enrico Palladino
16 PARTE I • Capítulo 14 • Elena Franco
17 PARTE I • Capítulo 15 • Antonio Palladino
18 PARTE I • Capítulo 16 • Elena Franco
19 PARTE I • Capítulo 17 • Elena Franco
20 PARTE I • Capítulo 18 • Elena Franco
21 PARTE I • Capítulo 19 • Enrico Palladino
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23 PARTE I • Capítulo 21 • Elena Franco
24 PARTE I • Capítulo 22 • Elena Franco
25 PARTE I • Capítulo 23 • Elena Franco
26 PARTE I • Capítulo 24 • Elena Franco
27 PARTE II • Capítulo 25 • Enrico Palladino
28 PARTE II • Capítulo 26 • Elena Franco
29 PARTE II • Capítulo 27 • Enrico Palladino
30 PARTE II • Capítulo 28 • Enrico Palladino
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41 PARTE II • Capítulo 39 • Enrico Palladino
42 PARTE II • Capítulo 40 • Elena Franco
43 PARTE II • Capítulo 41 • Elena Franco
44 PARTE II • Capítulo 42 • Enrico Palladino
45 PARTE II • Capítulo 43 • Elena Franco
46 PARTE II • Capítulo 44 • Enrico Palladino
47 PARTE II • Capítulo 45 • Elena Franco
48 PARTE II • Capítulo 46 • Elena Franco
49 PARTE II • Capítulo 47 • Enrico Palladino
50 PARTE II • Capítulo 48 • Enrico Palladino
51 PARTE II • Capítulo 49 • Elena Franco
52 PARTE II • Capítulo 50 • Elena Franco
53 PARTE II • Capítulo 51 • Enrico Palladino
54 PARTE II • Capítulo 52 • Elena Franco
55 Epílogo 01 • Enrico Palladino
56 Epílogo 02 • Lucca Baroni
Capítulos

Atualizado até capítulo 56

1
Introdução
2
Prólogo • Enrico Palladino
3
PARTE I • Capítulo 01 • Elena Franco
4
PARTE I • Capítulo 02 • Elena Franco
5
PARTE I • Capítulo 03 • Elena Franco
6
PARTE I • Capítulo 04 • Enrico Palladino
7
PARTE I • Capítulo 05 • Enrico Palladino
8
PARTE I • Capítulo 06 • Enrico Palladino
9
PARTE I • Capítulo 07 • Enrico Palladino
10
PARTE I • Capítulo 08 • Elena Franco
11
PARTE I • Capítulo 09 • Enrico Palladino
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