No dia do casamento de Diego e Antonella...
Observo Elena tentando controlar seus dois filhos que correm de um lado para o outro na Catedral, paro para refletir sobre como seria se esse matrimônio fosse nosso. Se eu pudesse perdoá-lo pela sua infidelidade e assumisse os filhos do meu irmão, que já partiu, como meus.
Não, eu não sou capaz.
Por mais que eu a deseje, por mais que ame explorar seu corpo e desfrutar do seu prazer dia após dia, não consigo perdoá-la pelo que fez. A lembrança de sua infidelidade me assombra e, embora eu a ame intensamente, ciente de que nunca amarei outra mulher do mesmo modo, também a odeio com a mesma intensidade.
Ao desviar o olhar da mulher mais bela que já conheci, olho para o relógio de pulso e percebo que Antonella está com um atraso de pouco mais de duas horas para o seu matrimônio.
Começo a pensar que Diego está correto ao afirmar que existe algo de errado ocorrendo. Embora seja comum que as noivas se atrasem, o atraso da noiva do meu amigo já está se tornando algo comum.
Reunimo-nos em torno de Diego quando ele chamou o segurança responsável por trazê-la. Inicialmente, tudo aparenta normalidade até que os nossos alarmes de emergência soam simultaneamente.
Depois, o guarda informa que Rosa, a governanta de Diego, foi encontrada morta e Antonella sumiu. Diego apressa-se para deixar a Catedral e nos preparamos para segui-lo quando um ruído abafado ressoa no ar, seguido pela confusão de uma explosão que sacude o solo e derruba uma parte das paredes de pedra.
Analiso rapidamente o ambiente para identificar a origem do perigo. Percebo alguns convidados correndo, outros se ajoelhando para se defender de um novo ataque, mas minha atenção se concentra apenas em três indivíduos: Elena e seus dois filhos, Mariana e Rafael.
Giro, ainda estagnado no mesmo local, os anos de treinamento entrando em ação de imediato. Em meio a gritos e tumulto, observo Elena desesperada tentando mover uma enorme pedra com o auxílio de Rafael, que com bravura tenta auxiliar a mãe.
Noto que a pequena Mariana se encontra aprisionada sob ela. Distraio Diego e corro em sua direção. De repente, o receio de perder qualquer um deles me domina enquanto corro em direção a ela. Lucca também nota e me auxilia na remoção da enorme pedra que quase soterrou a menina.
Com delicadeza, pego a pequena nos meus braços e corro para fora da Catedral, com Elena ao meu lado e Rafael que, apesar de aparentar estar abalado, os olhos arregalados de medo, repetia a cada momento em um lampejo de voz.
- Tio\, eu tentei empurrar ela. Sou tão corajoso quanto você\, prometo que tentei salvá-la... - Envolvo a pequena nos braços de Elena no momento em que ela se acomoda no banco traseiro do meu carro.
- Você fez o que estava ao seu alcance. Rafael\, você é forte. – Agarro o garoto nos meus braços e o coloco no banco traseiro ao meu lado\, tentando tranquilizá-lo.
Dirijo como um doido pelas ruas, desviando dos veículos enquanto, através do espelho retrovisor, observo Elena chorando e sussurrando palavras que não entendo no ouvido de Mariana, segurando sua mãozinha, agora ferida.
O silêncio aflito de Rafael ao meu lado só intensifica a tensão no interior do veículo. O meu foco se alterna entre a estrada e a dor que permeia os três. Cada instante parece se estender indefinidamente até alcançarmos o hospital.
No hospital que sempre recorremos quando precisamos, o Doutor Conelly nos aguarda com uma grande equipe de médicos e enfermeiros prontos para nos atender prontamente. Ele coloca Mariana na maca e a conduz para dentro, enquanto eu, Elena e Rafael permanecemos na sala de espera. Um turbilhão de dúvidas e temor.
Observo a tela do celular na tentativa de descobrir mais sobre Diego. Observei quando ele desobedeceu às instruções de Alessandro e partiu sozinho em busca de sua noiva.
Ocasionalmente, meus olhos se voltam para Elena, que aparenta estar abalada. Ela treme ao tentar manter a calma pelos seus filhos, especialmente por Rafael, que se encontra sentado entre nós dois.
Lamento, gostaria de poder auxiliar meu amigo agora, mas é neste momento que preciso estar. Elena tem apenas a mim e aos seus filhos, e, se fosse honesto, eu não conseguiria me afastar, mesmo que essa alternativa existisse, o que não é o caso.
Após uma agoniante espera, o Doutor Conelly finalmente surge na sala de espera, mas se aproxima com precaução e com uma expressão inquieta. Nós nos levantamos instantaneamente.
- Como ela está? – Indagamos simultaneamente.
- A garota está viva - seu semblante mostra cansaço - no entanto\, sua condição atual é crítica.
- Em estado crítico? - Seguro Elena pela cintura\, pois por um momento\, penso que ela vai desmaiar. - Doutor\, o que aconteceu com ela?
- Mariana foi vítima de diversos traumas internos e uma fratura no fêmur. Conseguimos estabilizar ela\, porém\, ela necessita de uma transfusão de sangue urgente para realizarmos as cirurgias requeridas - Conelly esclarece\, sua voz é de certa forma serena\, contrastando com a tensão que cada palavra traz.
Elena chora ao meu lado e eu aperto sua cintura com força em um gesto de suporte. Rafael se abaixa mais na cadeira, seus olhos pequenos repletos de lágrimas, enquanto tenta entender a seriedade da situação.
- Qual é o seu tipo sanguíneo? - pergunto\, já pensando em como podemos acelerar o procedimento\, e sinto Elena agarrar meu braço. As suas unhas penetrando profundamente na minha pele.
- Ela possui um tipo de sangue incomum\, AB Negativo. Estamos enfrentando problemas para encontrar um doador adequado rapidamente e\, infelizmente\, não possuímos reservas suficientes no momento. - Conelly esfrega a testa\, finalmente expressando sua frustração.
- Não\, não\, não - Elena começa a tremer - não era para ser dessa maneira.
- Relaxe\, Elena\, vamos encontrar uma solução. – Tento tranquilizá-la\, mas seus olhos me olham com medo e remorso.
- Enrico... me desculpe\, por favor\, me desculpe. – Suas palavras subsequentes surgem num sussurro\, repletas de um desespero que nunca antes percebi nela. - Eu preciso te contar algo que prometi a mim mesma que jamais diria.
- Elena\, explique claramente o que é. Se isso puder ajudar a salvar sua filha\, apenas fale - digo\, esforçando-me para manter a serenidade\, mas meu coração dispara repentinamente e tenho certeza de que qualquer palavra que você pronunciar tem relação conosco e transformará nossas vidas para sempre.
- Os pequenos... Rafael e Mariana... Enrico\, eles... são seus filhos. Nunca consegui te contar. Peço desculpas\, mas salve a nossa menina.
A descoberta me atinge como um golpe no estômago e dou dois passos atrás, permitindo que ela caia no chão. Percebo tudo em vermelho à minha frente e sinto como se o chão se desvanecesse debaixo dos meus pés.
Observo Rafael, que está assistindo à cena sem compreender totalmente a seriedade do incidente, e depois Elena, caída no chão, com os olhos suplicando por perdão.
- Meus filhos? Como assim\, meus filhos? – minha voz falha\, um misto de surpresa\, raiva e\, surpreendentemente\, um sentimento de responsabilidade instantânea me invade.
- Se isso for verdade\, Enrico\, pode ser que você seja um doador adequado. - Conelly\, ao notar a tensão\, interrompe\, considerando a urgência da situação.
- Sim\, sem dúvida - respondo\, recuperando o sentido\, mesmo que minha mente persista em divagar. Rafael e Mariana\, meus filhos\, viviam sob minha proteção sem que eu soubesse. - Vamos realizar o teste\, Doutor Conelly. É necessário que salvemos minha filha.
Minha filha! Minha filha! Minha filha!
As palavras ressoam incessantemente em minha mente, porém Elena me chama a atenção ao segurar a barra da minha calça com as mãos tremendo.
- Enrico\, peço desculpas por não ter te contado antes. Você...
- Elena\, depois vamos conversar sobre isso - falo sem esconder o ódio e a sensação de traição; mais uma vez\, ela me enganou - A única coisa que me importa agora é salvar a minha filha. - Interrompo e\, sem olhar para ela\, sigo Conely pelos corredores até a sala de exames para fazer o exame de sangue.
Caralho, não consigo acreditar que ela tenha sido tão desleal comigo. Ela esteve sob meu cuidado por mais de quatro anos e nunca, jamais, considerou revelar a verdade para mim. Elena é realmente uma praga terrível. Ela me devastou anteriormente com sua infidelidade e, agora, me devastou novamente.
Ao estender o braço à espera da coleta de sangue, tudo o que eu sabia sobre a minha vida parece desmoronar e se reestruturar em apenas alguns segundos.
Hoje, não se trata apenas de salvar Mariana; trata-se de aceitar a minha nova situação, na qual sou pai e minhas ações têm a capacidade de influenciar o futuro de duas vidas pequenas que, até então, eu desconhecia serem minhas.
Em relação à Elena, ela vai me retribuir por mais essa infidelidade.
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Atualizado até capítulo 56
Comments
Dulce Gama
misericórdia eu não li os primeiros livros na as tô adorando vou continuar até a onde está atualizado e vou tentar ler os outros 👍👍👍👍👍🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹
2025-04-08
1
Camile Vitória 🇧🇷🇰🇷
começando
2025-05-12
0
Severa Romana
não gostei.. ela casou com o irmão? afff se ela traiu, entoa ele merece conhecer alguém que realmente ame ele
2025-04-07
3