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A luz da manhã entrava tímida pelas cortinas finas do apartamento de Clarisse, iluminando o chão de madeira gasto e a pilha de livros empilhados na mesinha de centro. Ela estava na cozinha minúscula, o cheiro de café fresco misturando-se ao som do rádio que tocava uma música antiga. Desde o encontro com Allan na noite anterior, algo parecia diferente. Não era só o jeito como ele a olhou — intenso, quase perigoso —, mas a forma como ele a fez rir, como se fosse fácil, natural. Ela balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento. "Ele é só um cara que apareceu do nada", murmurou para si mesma, servindo o café na caneca.
Mas Allan não era "só um cara". Naquele exato momento, ele estava sentado no banco traseiro do mesmo carro preto, o celular na mão enquanto lia uma mensagem de Gustavo: *"Bruna tá quieta por enquanto, mas Melissa tá rondando. Cuidado com ela, chefe."* Ele ignorou o aviso, os olhos fixos na foto que um de seus homens havia tirado de Clarisse saindo da livraria. Era uma imagem simples, mas ele a encarava como se pudesse decifrar cada pedaço dela. O cabelo solto, o jeito desajeitado como ela segurava a bolsa — tudo o fascinava. Ele guardou o celular no bolso, o rosto endurecendo. "Hoje", pensou. Ele precisava vê-la de novo.
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Na livraria, o dia estava calmo. Clarisse organizava uma prateleira de romances quando o sino da porta tilintou. Ela virou, esperando um cliente qualquer, mas lá estava ele. Allan. O casaco preto, os olhos que pareciam atravessá-la, o ar de quem não pertencia àquele lugar. Ele sorriu — um sorriso pequeno, quase charmoso —, e ela sentiu o estômago dar um salto.
— Você de novo? — perguntou ela, tentando soar casual enquanto colocava um livro na prateleira.
— O que posso dizer? Gosto de lugares com boas histórias — respondeu Allan, caminhando até ela com uma calma que escondia a tempestade dentro dele. Ele parou a poucos passos, as mãos nos bolsos. — E parece que você trabalha num.
Clarisse riu, surpresa com a leveza dele. — Não sei se a gente tem algo que combine com você. Aqui é mais... tranquilo.
— Talvez eu precise de um pouco de tranquilidade — disse ele, os olhos fixos nos dela. Havia algo na voz dele, um tom que ela não conseguia decifrar, mas que a fez corar.
— Tá bom, então me diz: o que você lê? — Ela cruzou os braços, desafiando-o com um sorriso.
Allan inclinou a cabeça, como se pensasse. — Não sou muito de livros. Mas se você me indicar um, eu leio.
Ela hesitou, depois pegou um exemplar de *O Morro dos Ventos Uivantes* da prateleira. — Esse aqui. É intenso, meio sombrio. Acho que combina com você.
Ele pegou o livro, os dedos roçando os dela por um segundo. O toque foi elétrico, e Clarisse puxou a mão rápido demais, rindo para disfarçar. — Me conta depois o que achou.
— Pode deixar — disse ele, o olhar demorando-se nela antes de se virar para o caixa. Ele comprou o livro, mas não foi embora. Ficou ali, fingindo folhear outras capas, só para observá-la. Cada gesto dela — o jeito como ela ajeitava o cabelo, como mordia o lábio ao se concentrar — alimentava algo dentro dele. Algo que ele não queria nomear ainda.
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Enquanto isso, do outro lado da cidade, Melissa tamborilava as unhas vermelhas na mesa de um café chique, o vapor do cappuccino subindo em espirais. Gustavo estava sentado à sua frente, o rosto tenso.
— Ele tá diferente — disse ela, a voz baixa, mas carregada de veneno. — Eu vi ontem. Ele não me olhou como antes.
Gustavo deu de ombros, desconfortável. — O chefe tá focado na Bruna, Melissa. Não inventa coisa onde não tem.
— Não é a Bruna — retrucou ela, os olhos estreitando-se. — É outra pessoa. Uma mulher. Eu sei. — Ela se inclinou para frente, o sorriso frio. — Descobre quem ela é, Gustavo. Ou eu mesma vou atrás. E você sabe que eu não sou delicada.
Gustavo engoliu em seco, sabendo que Melissa não blefava. Ela era tão perigosa quanto Allan, talvez mais, porque não tinha limites quando se tratava dele. — Tá bem. Eu vejo o que consigo.
— Bom menino — disse ela, recostando-se na cadeira com um ar de vitória.
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Naquela noite, Clarisse fechou a livraria e caminhou até o ponto de ônibus, o vento frio bagunçando seu cabelo. Ela não viu o carro preto estacionado a poucos metros, nem o homem dentro dele, observando-a com uma intensidade que beirava o insano. Allan segurava o volante com força, o coração acelerado. Ele queria entrar na vida dela, devagar, como um predador que cerca a presa. Mas a vontade de simplesmente tomá-la — de arrancá-la daquele mundo simples e trazê-la para o dele — era quase insuportável.
O celular vibrou no banco ao lado. Uma mensagem de um número desconhecido: *"Ela mora na Rua das Flores, apto 302. Sozinha. Cuidado com o chefe, ele tá obcecado."* Era Gustavo, traindo Allan por medo de Melissa. Ele não respondeu, apenas apagou a mensagem e ligou o carro. A obsessão já tinha nome, endereço e um plano.
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No dia seguinte, Clarisse abriu a porta do apartamento e encontrou uma surpresa: um buquê de rosas pretas na soleira, com um bilhete simples: *"Pra combinar com o livro. — A."* Ela sorriu, o coração leve, sem imaginar que aquelas flores eram o primeiro passo de uma dança perigosa. Allan estava se aproximando, e com ele vinham as sombras que ela ainda não podia ver.
Melissa, por outro lado, já sabia o nome dela. E enquanto afiava suas garras, o jogo entre os três começava a tomar forma — um jogo de amor, sangue e traição.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Samara Nogueira de Freitas
parabens autora. narrativa bem construída.
2025-04-25
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