Eu já detesto Rooveryng e esse jeito preconceituoso dele, sou qualificada e uma detetive experiente. Resolvi vários casos no departamento de cibernética, posso ser novata aqui. Porém, sei como funciona uma investigação e sou bem preparada para o cargo. Respondo diretamente esse disparate:
— E quem disse que eu quero trabalhar com um preconceituoso idiota que nem você? Acha que também quero trabalhar com um arrogante? Mas, eu não tenho escolha no momento é uma decisão vindo de cima. Se liga, cara.
Smith respira fundo e se manifesta:
— Vocês dois vão trabalhar juntos sim, isso é uma decisão da superintendência e estar acima de nós! Se respeitem, peçam desculpas agora um pro outro e vamos trabalhar!
Rooveryng diz:
— Agora deu pra defender os seus casinhos, Smith? Eu não vou pedir desculpa para a sua "amiga" modelo, ela que aguente o tranco calada, isso se vai conseguir aguentar um dia aqui. Tá na cara que ela não tem noção alguma de como ser uma detetive nesse departamento.
É o quê? Já vi que irei precisar ter muita paciência pra trabalhar com esse babaca, a vontade que eu tenho é de socar esse belo rosto dele. Porém, eu não farei isso e não irei me rebaixar ao nível desse escroto. Sorrio e respondo:
— Já vi que a gente vai se dar muito bem, se estou aqui é porque fiz por merecer! E outra, você pode não gostar de mim, mas deve me respeitar! Eu não sou qualquer uma que fala o que quer e fica caladinha, falo mesmo. E eu não vou me desculpar, ele quem começou implicar. Vamos trabalhar juntos, mas não vou aturar desrespeito.
Ele responde:
— Se eu não quiser te respeitar, o que vai fazer, Mendes? Vai reclamar com o chefinho? Vai chorar no banho como covardes que nem você?
Smith tenta apaziguar os ânimos, estou a um fio de esmurrar esse maldito. E é só o primeiro dia, mas eu não vou desistir da vaga que tanto quis por causa desse ridículo:
-- Parem de discutir agora, vão trabalhar! E já tem um caso pra vocês.
Reviro os olhos e fico inexpressiva, David fala:
-- Qual é a ocorrência?
— Ocorrência em Gold Freestein, um homem de trinta e cinco anos, foi aparentemente baleado e morto na entrada da sede da Green Horizon Interprises. Investiguem isso, o caso estar nas mãos de vocês. Vão na frente que encontro vocês lá. Sem brigas, ok?
Balanço a cabeça em concordância, David bufa. Porém, concorda e diz:
— Ok, Smith.
Me direciono até a minha mesa, a organizo e Rooveryng se aproxima da mesma e pronuncia:
— Vamos, modelo. Quero ver se vai aguentar um dia aqui, a cibernética é fichinha perto dos casos daqui.
Continuo a organizar as minhas coisas e ignoro essa provocação idiota desse cretino. Ele continua em pé a frente da minha mesa, e questiona:
— Não vai falar nada? Pra ofender é boa!
Respiro fundo e devolvo:
— Vou terminar de organizar a minha mesa, e depois vamos para o local do crime. Saiba que também não gosto nem um pouco de você, é recíproco.
O idiota me olha com desdém e responde:
— Que bom, estamos acertados então, modelo.
Termino de organizar e me aproximo da mesa dele:
— Vamos, Rooveryng.
Ele concorda e se levanta. Caminhamos em silêncio até o estacionamento, e David avisa:
— Eu dirijo, certo?
Respondo impaciente:
— Não sei se posso confiar, vai que você joga o carro num poste pra me matar.
— Relaxa, eu não vou fazer isso. Sei que não vai resistir muito tempo, e vai voltar pra cibernética ou pra agência de modelos de onde saiu.
— Vamos ver, Rooveryng.
Continuo inexpressiva e entro no carro. Me acomodo no banco do carona e coloco o cinto, durante o percurso ele pergunta:
— Quantos anos têm?
— Por que quer saber disso? Rebati.
— Ué, saber. Chuto que você tem uns vinte e três, acertei?
— Não, tenho vinte e oito.
— Deveria estar desfilando e não aqui sendo detetive.
— Estou no trabalho que sempre quis estar, tô nem pro que pensam de mim.
David me olha e muda de assunto:
— O que será que aconteceu com essa vítima?
— No local teremos uma ideia.
No percurso restante, sigo calada e noto que esse ridículo me fita quando para nos semáforos. A minha vontade era perguntar se ele perdeu alguma coisa na minha cara, a minha paciência decaiu uns 35% apenas hoje e olha que nem entardeceu ainda.
Ele estaciona e saio do veículo, sem olhar para atrás ou esperar esse cretino. Logo reconheço a entrada da empresa Green Horizon, já estive aqui antes investiguei um vazamento de dados da empresa há um ano e meio. Quando me distanciou, sinto uma mão me puxando pelo braço, pelo visto alguém quer apanhar hoje. Escuto uma voz familiar:
— Aonde pensa que vai sem mim, modelo?
— Tire as suas patas imundas de mim agora, porr4!
Rooveryng aumenta a força na qual segura o meu pulso esquerdo, parece que quer deslocar ou quebrar os ossos dali. Esse m3rda questiona:
— Se não vai fazer o quê?
— Me solta agora, que merda! Ai! Você estar me machucando, porr4!
— Vem me fazer soltar, Mendes.
Num movimento rápido, acerto uma joelhada no estômago dele que me solta na hora e resmunga de dor:
— Ai! Ai...sua...sua...
— Agradeça por ter sido leve, aceite isso como um presente da minha parte.
Sigo sem esperar ele novamente, me direciono rumo à um policial protegendo a área isolada por eles, e pergunto:
— Bom dia, sabe me dizer o que houve?
Ele me olha com desdém e responde:
— É da imprensa? Não tenho interesse em ser fonte.
Mostro o distintivo e digo:
— Sou a detetive Rina Mendes, da homicídios.
A expressão dele muda, abro a minha bolsa e pego o meu caderno de bordo, uma caneta. O policial fala:
— Desculpe—me pelo equívoco, inspetora Mendes. Fomos chamados aqui para intervir numa confusão e briga causadas por dois homens, sendo que os dois e uma mulher foram baleados. Quando chegamos encontramos o cadáver de um homem de aparentemente trinta anos, e outro homem vivo baleado na barriga e sagrando bastante que foi socorrido e deve estar no hospital. Haviam muitas testemunhas que viram o crime, inclusive o irmão de uma das vítimas, funcionários da empresa Green Horizon. Essas testemunhas algumas estão aqui, e outras foram embora antes de chegarmos.
Anoto tudo que ele relata e questiono:
— Sabe o nome da vítima assassinada?
— Sim, o irmão dele disse que se trata de Kyle Greenvell presidente da empresa.
— O nome desse irmão, sabe?
— Charlie Greenvell, vice-presidente da empresa. Evacuamos o prédio pelos fundos, para não haver contaminações na cena do crime.
— E o nome do homem que foi levado ao hospital?
— Relataram ser Jimmy O’Rell, namorado de Jasmine Dwith,ex - esposa de Kyle Greenvell.
— Vou apurar mais coisas, obrigada Nielsen.
Li o seu nome na sua farda, anotei tudo. Ele sorriu e continuou a vigiar para a imprensa não se aproximar. Coloco equipamentos para não contaminar a cena do crime, e entro no local. Vejo Kyle Greenvell caído ao chão numa poça de sangue, sem vida, vestindo um terno preto, uma camisa social branca, calça preta.
Me aproximo e vejo dois ferimentos que indicam que fora alvejado duas vezes na cabeça, alguns ferimentos que sugerem que ele participou de um embate físico antes de ser morto. Reconheci as suas feições, era o mesmo homem que havia denunciado um vazamento de dados variados da sua empresa de tecnologia. Lembro que investiguei isso, descobri que se tratara de um ex—funcionário demitido na época e tinha acesso aos dados e os vazou na Internet. Será que o seu assassinato tem relação com esse caso do passado?
Ouço Rooveryng dizer:
— Já liguei pra perícia e eles estão vindo, modelo.
— Pela posição do corpo o tiro pode ter partido de um carro na rua, vamos ver quando tivermos acesso às câmeras de segurança. Disse para ele.
— Realmente sugere isso, mas as imagens dirão. Respondeu a analisar a cena.
Observo que há uma correntinha com um pingente de crucifixo dourada, do outro lado quatro projéteis. Mais sangue no chão e deduzo ser da outra vítima levada ao hospital, um pouco mais adiante entro na recepção e vejo algumas pessoas ali. David me segue e diz:
— Vamos conversar com essas testemunhas e as liberar, amanhã prestarão o depoimento oficial, ok?
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Atualizado até capítulo 24
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