Capítulo 2

Haruto se levantou rapidamente ao ver Sayuri, uma expressão de surpresa misturada com algo que Yuki não conseguiu identificar. Era como se ele tivesse sido arrancado de um pensamento profundo, algo que ele não queria compartilhar. Sayuri, com um sorriso tímido, olhou para Yuki, como se tentasse medir o clima da sala.

— Ah, Yuki… você está aqui. Não sabia que você viria. — disse Sayuri, sua voz suave, mas com um tom carregado de algo não dito. Talvez uma culpa, ou uma ansiedade que Yuki não conseguia decifrar.

Yuki sorriu, mas era um sorriso sem vida, sem calor, como se o espaço entre ela e Sayuri estivesse tão grande quanto o oceano que separa duas almas que já foram próximas, mas que se distanciaram com o tempo. Ela se levantou e, de forma quase automática, cumprimentou Sayuri com um aceno de cabeça.

— Eu só… eu só precisava de um tempo, Sayuri. Não me importo. — respondeu Yuki, sentindo uma leve irritação, mas tentando manter a calma. O clima agora estava denso, e ela sentia a tensão crescer.

Haruto, desconfortável, olhou para as duas mulheres, como se estivesse preso entre elas, mas ao mesmo tempo, incapaz de tomar qualquer decisão. A situação estava fora de controle, e ele sabia disso.

— Sayuri… Eu… não esperava que você aparecesse aqui — disse ele, a voz mais baixa, quase como se tentasse esconder algo.

Sayuri olhou para Haruto com um sorriso triste, como se estivesse pedindo desculpas, mas sem dizer uma palavra. Ela sabia que sua presença complicaria ainda mais as coisas, mas não conseguia se afastar. Havia algo ali, entre eles, que parecia não ter sido resolvido.

Yuki sentou-se novamente no sofá, sentindo-se como uma espectadora da vida de ambos. A sensação de estar fora de lugar, de não pertencer a aquele cenário, era cada vez mais forte. Mas, ao mesmo tempo, ela sentia que tudo isso fazia parte de algo maior. Algo que ela não conseguia compreender, mas que, talvez, estivesse esperando por ela.

— Não sei o que fazer, Yuki. — Haruto quebrou o silêncio, finalmente se sentando novamente. Seu olhar estava vazio, mas ao mesmo tempo, parecia pedir ajuda. — Eu sempre fui bom em fugir de tudo, mas agora… agora não consigo mais. Não sei mais para onde ir.

Yuki olhou para ele, sem saber como responder. Ela não tinha respostas para si mesma, quanto mais para ele. Mas algo dentro dela dizia que eles não estavam sozinhos naquela sensação de perda, de vazio. Todos estavam tentando encontrar um caminho que, de algum modo, parecia sempre escapar de suas mãos.

— Talvez não precise saber para onde ir, Haruto — Yuki disse, tentando soar mais tranquila do que realmente se sentia. — Talvez o mais importante seja parar de buscar tanto e simplesmente ser.

Sayuri, que até então permanecia em silêncio, olhou para Yuki com uma expressão que quase parecia surpresa. Ela conhecia Yuki há muito tempo e sabia como ela evitava as perguntas mais profundas. Mas, naquele momento, Yuki parecia diferente. Algo havia mudado nela, como se as palavras não fossem mais um refúgio, mas sim um reflexo de sua própria busca por algo que, ela sabia, estava além de suas mãos.

— Yuki… você realmente acha que é isso que precisamos fazer? — Sayuri perguntou, seus olhos agora mais atentos. — Parar de procurar? Eu… não sei. Eu tentei fazer isso, mas sempre me sinto perdida.

Yuki fechou os olhos por um momento, permitindo que o silêncio se instalasse novamente. As palavras de Sayuri ressoaram em sua mente, e ela se perguntou se realmente existia uma solução para aquele sentimento constante de deslocamento.

— Eu não sei, Sayuri. Eu não tenho todas as respostas. Mas talvez… talvez não se trate de encontrar o lugar certo, mas de aceitar que esse lugar está em constante mudança. Talvez nossa busca seja apenas um reflexo da nossa incapacidade de aceitar o que somos e o que estamos vivendo agora. — Yuki falou, e as palavras, embora simples, pareciam carregar uma verdade maior.

Haruto olhou para Yuki, como se estivesse começando a compreender algo. Ele nunca tinha pensado dessa maneira antes. Sempre pensara que havia um lugar certo, um caminho claro a seguir. Mas e se, na verdade, o caminho fosse construir algo novo onde estavam, em vez de buscar algo distante?

Sayuri, que até então parecia mais confusa, agora parecia pensativa. Talvez Yuki tivesse tocado em algo que ela ainda não conseguia entender, mas que, em algum nível, ela sentia.

O silêncio se instalou novamente, mais pesado agora. As três pessoas estavam ali, no mesmo lugar, mas ao mesmo tempo, cada uma presa em sua própria busca, seus próprios dilemas. Yuki sentia que algo estava prestes a mudar, mas não sabia o quê. Algo dentro dela sabia que aquela conversa era apenas o começo de uma transformação que não poderia ser prevista.

As horas passaram, e a conversa, embora lenta e cheia de pausas, fez com que todos eles se vissem sob uma nova luz. Eles não sabiam para onde estavam indo, mas, pela primeira vez, parecia que estavam prontos para simplesmente caminhar, sem a necessidade de um destino fixo.

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