Capítulo 5
O céu estava claro, mas uma sensação de tensão pairava no ar, como se uma tempestade estivesse prestes a se formar, mas em outro nível.
Mark e Ayla ainda estavam tentando entender o que estava acontecendo, a cabeça girando com a rapidez dos eventos. Nenhum de seus pensamentos parecia se encaixar no quebra-cabeça até aquele momento.
O olhar fixo do demônio não saía deles, intensificando ainda mais a sensação de urgência e perigo. Mark começou a perceber que algo estava muito errado.
Esse demônio... ele não parecia ser apenas uma das típicas criaturas demoníacas que ele estava acostumado a ver.
Havia uma energia densa e quase palpável emanando dele, como se fosse mais do que um monstro qualquer. Mais do que um simples ser demoníaco.
Mark se manteve tranquilo, mas seus olhos estavam mais atentos agora. Ele não queria que Ayla percebesse, mas algo no ar estava prestes a mudar.
O silêncio antes do caos sempre foi uma dica infalível, e ele podia sentir que o demônio estava prestes a fazer algo.
Foi então que o demônio, quebrando o silêncio mortal, finalmente abriu a boca.
Demônio
Eu... venho... pegar... seus corações.
Sua voz era rasgada, como se cada palavra fosse forçada a sair.
Ayla engoliu em seco, seus olhos arregalaram de pavor e ela deu um passo para trás, como se ainda estivesse tentando entender se o demônio realmente falava sério. Mas, diante de suas palavras, a realidade finalmente se impôs.
Mark, por outro lado, não se abalou. Ele sabia que não podia deixar o medo tomar conta agora.
Ayla
Mark... você me disse que os demônios não podiam falar.
Ayla falou, sua voz trêmula.
Mark
E não podem... Pelo menos não deveriam.
Mark respondeu, mas a leveza de sua voz não conseguiu esconder a dúvida crescente em seu peito.
O sorriso sarcástico que ele forçava logo desapareceu quando o demônio se moveu, com uma rapidez impressionante. O chão sob seus pés pareceu tremer, e o ar ficou pesado enquanto o ser avançava com uma velocidade sobrenatural.
Mark puxou Ayla para o lado rapidamente, se jogando no chão e mal escapando de um corte fatal no estômago.
A multidão no parque, incapaz de ver a ameaça que os perseguia, começou a notar o pânico visível de Ayla e a agitação incomum de Mark. Mas, para os outros, eles eram apenas dois jovens agindo de forma estranha.
Ayla
AHHHHHHH! O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!
Ela tropeçou, começando a perder o equilíbrio, mas Mark, com instinto apurado, pegou sua mão e a puxou para que ela continuasse correndo.
Mark
Só continua correndo! Não olha para trás, ok?!
Mark gritou com mais urgência, tentando manter a calma, mas sentindo o desespero se infiltrar aos poucos. O som do demônio se aproximando estava ficando cada vez mais intenso, como um tambor batendo.
Eles corriam pelas ruas com agilidade, desviando de lixeiras, bancas de jornal, e se esquivando de pedestres que não tinham a menor ideia do que estava acontecendo.
O pânico estava tomando conta, e cada curva parecia levá-los mais fundo em uma corrida sem fim.
Uma senhora que estava atravessando a rua os viu, com uma expressão curiosa, e tentou pedir ajuda:
Letícia
Com licença, jovens, vocês poderiam—
Mark
Sai da frente, velha!
A senhora ficou paralisada com o grito, quase caindo para trás. Mark e Ayla passaram como um jato, e o demônio, que observava a cena, falou em tom ameaçador:
Demônio
Agora vocês merecem perder o coração.
Ayla
Não pode ser... não pode ser real...
Ayla murmurava, sua voz carregada de pânico. Mark, apesar do sorriso forçado, sabia que a situação estava se tornando cada vez mais desesperadora.
Mark
Ei, eu já disse, né? Quando você pensa que está tudo bem... a diversão começa!
Mark tentou fazer uma piada, forçando um sorriso para aliviar o clima tenso. Mas, ao olhar para o rosto aterrorizado de Ayla, ele sabia que suas palavras não tinham o efeito desejado.
Eles continuaram a corrida, até que, de repente, se viram em um terreno baldio. O ar estava pesado, e o silêncio era quase ensurdecedor.
Olharam ao redor, sem entender como chegaram ali, mas sabiam que não tinham mais para onde correr. Não havia mais ninguém. O som do vento parecia amplificado, e a tensão era palpável.
Ayla
Como... como viemos parar aqui?
Antes que pudessem sequer começar a processar a situação, o demônio celestial apareceu, sua presença esmagadora e seu olhar macabro fixando-se neles. Sua espada, levantada, reluzia com uma promessa de morte.
Foi então que o demônio avançou. Mark não teve tempo para pensar. Seu corpo reagiu automaticamente, e ele levantou a mão, fazendo o mesmo gesto de antes, como se a simples ação fosse o suficiente para deter a criatura.
Ele disse, sua voz firme, mas com um calafrio crescendo dentro dele.
Para sua surpresa, o demônio parou, sua expressão feroz se tornando confusa por um breve momento.
Demônio
É com isso que vai me matar?
O demônio rosnou, se preparando para avançar novamente com toda a fúria. Mas antes que pudesse atacar, um movimento veloz cortou o ar. Barry, o demônio de Mark, apareceu, se lançando contra o demônio de espada com uma força inesperada. O impacto foi brutal, e o demônio recuou por um momento.
Mark sentiu um alívio momentâneo. Barry estava ali para ajudá-lo.
Mark
Barry! Isso, dá nele!
Mark comemorou, mas sua alegria durou pouco. O demônio de espada, com um movimento incrivelmente rápido, cortou Barry com sua espada, separando-o em um único golpe fatal.
Mark gritou, com uma mistura de raiva e desespero, ao ver seu demônio ser destruído em um piscar de olhos.
O demônio não parou. Ele levantou sua espada novamente, pronto para atacar, mas, surpreendentemente, foi Ayla quem se colocou na frente, ofegante, mas com uma determinação inabalável.
Ela levantou as mãos, e uma luz intensa começou a emanar delas, envolvendo o rosto do demônio.
A luz cegante fez o demônio perder a metade do rosto, mas a fúria nos olhos dele não diminuiu. Ele riu de forma macabra, como se aquilo fosse um simples contratempo.
Mas antes que o demônio pudesse avançar novamente, sua cabeça foi arrancada do corpo em um movimento tão veloz que Mark e Ayla sequer conseguiram acompanhar.
Tudo o que viram foi um rastro azul reluzente cortando o ar, sinuoso como um dragão celestial, antes de desaparecer no vazio.
O corpo do demônio cambaleou por um instante antes de desmoronar, se fragmentando em cinzas e poeira, como se estivesse sendo consumido por uma força além da compreensão.
Mark e Ayla ficaram paralisados, ofegantes, tentando processar o que acabara de acontecer. Foi então que uma figura emergiu da penumbra, avançando com passos calmos e controlados. Sua expressão era serena.
Ele vestia roupas negras adornadas com detalhes em azul celeste, e sua espada, ainda desembainhada, brilhava intensamente, resquícios da energia azulada pulsando ao longo de sua lâmina. O rastro do dragão celestial parecia ter vindo dela.
Oliver
Vocês foram bem... Mas agora preciso de uma conversa séria com vocês.
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