Capítulo 2
Ayla estava sentada no sofá da casa de Mark, abraçando os próprios joelhos. Ainda estava meio em choque, tentando processar tudo o que aconteceu. Mark, por outro lado, estava ajoelhado no chão, procurando um Band-Aid na caixinha de primeiros socorros.
Mark
Resumindo... Você dormiu, acordou, e agora consegue ver essas criaturas bizarras. E, como se não bastasse, essa cobra demoníaca decidiu te perseguir.
Disse ele casualmente, como se estivesse explicando a previsão do tempo.
Mark
Mas deixa isso pra lá... O mais impressionante é que você simplesmente levantou a mão e PUF! Matou aquele bicho gigantesco!
Ayla, ainda tremendo, mordeu o lábio e abaixou a cabeça, tentando processar tudo. Seu coração ainda martelava no peito.
Ayla
C-Como você consegue ficar tão calmo depois disso tudo...?
Ela ergueu os olhos e viu Mark agachado à sua frente, com um Band-Aid em mãos. Sem hesitar, ele começou a colá-lo cuidadosamente sobre o machucado em seu joelho.
Mark
Digamos que... já me acostumei com isso. Não com as criaturas me atacando, mas com elas sempre andando por aí.
Ele terminou de colocar o curativo e ergueu o olhar, encarando-a diretamente. Ayla, pega de surpresa, desviou o rosto, envergonhada.
Mark deu um pequeno sorriso antes de perguntar:
Mark
Bem-vinda ao clube... Eh... Qual o seu nome mesmo?
Mark
Bem-vinda ao clube, Ayla. Eu sou Mark.
Ayla assentiu, mas seu olhar vacilou para ele por um instante.
Mark piscou algumas vezes.
Houve um silêncio breve, até que um sorriso convencido se formou nos lábios dele.
Mark
Você já me conhecia antes.
Ayla
Bom, você tá sempre com um monte de gente. Além disso, faz parte do time de vôlei. É difícil não te notar.
Mark inclinou-se um pouco para trás, cruzando os braços e assentindo como se tivesse acabado de resolver um grande mistério.
Mark
Então você me nota bastante, hein?
Ele fez um gesto displicente com a mão.
Mark
É normal tentar disfarçar.
Mark
Mas, sinceramente, não te culpo. Ser carismático desse jeito é um fardo, sabe? As pessoas simplesmente não conseguem me ignorar.
Ayla o encarou por um momento, incrédula.
Ayla
Você realmente acredita nisso, né?
Mark
Ué, você mesma disse!
Ayla
Não foi isso que eu quis dizer!
Mark riu, claramente se divertindo com a situação.
Mark
Relaxa, Ayla, não precisa ficar tão nervosa por admitir que já me admirava de longe.
Ayla pegou um travesseiro do sofá e jogou nele sem hesitar.
Ele desviou por pouco, ainda rindo.
Ayla
E você é insuportável!
Mark
Heh. Acho que vamos nos dar bem.
Um silêncio meio estranho se instalou entre eles. Ayla olhou ao redor, reparando melhor na casa. Era simples, mas aconchegante. Ela franziu a testa e olhou para ele.
Ayla
Seus pais não estão aqui...?
Mark
Nah, saíram pra trabalhar e ainda não voltaram. Provavelmente vão chegar tarde.
Mark jogou a caixa de primeiros socorros no armário e se espreguiçou.
Mark
Então, por enquanto, pode ficar tranquila.
Ayla
Eu não sei nem como ficar tranquila depois do que aconteceu...
Mark sentou-se ao lado dela no sofá e cruzou os braços.
Mark
Bom, agora que você pode ver essas coisas, é bem provável que elas continuem aparecendo pra você. Ou seja, tem duas opções:
Mark
Primeira: finge que nada aconteceu, torce pra nunca mais ver um monstro na vida e segue sua rotina.
Depois, levantou um segundo dedo.
Mark
Segunda: aceita que sua vida nunca mais vai ser normal e aprende a lidar com isso.
Ayla
Isso era pra ser uma opção de verdade?!
Mark
Tecnicamente sim... Mas não muito.
Ayla
Isso quer dizer que eu vou ter que lutar contra esses monstros de novo?!
Mark
Relaxa! Você tem a mim. E Barry.
Ayla seguiu o olhar de Mark e viu uma criatura com quase dois metros e meio de altura, pele acinzentada e cabelos longos que arrastavam no chão, parada na porta da cozinha.
Mark tapou os ouvidos com um suspiro.
Mark
Ah, droga... Lá vamos nós de novo...
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