Flashback
O bar estava meio vazio naquela noite. A música ao fundo era suave, quase melancólica, e Rafael girava o copo de whisky entre os dedos, distraído.
Foi quando ouviu o som do piano.
As notas eram hesitantes no começo, como se quem estivesse tocando ainda estivesse se acostumando ao instrumento. Mas, pouco a pouco, a melodia ganhou forma.
Rafael se virou na direção do palco.
Lucas estava lá, os dedos deslizando pelas teclas com uma concentração intensa. Havia algo nele algo na forma como franzia a testa, como mordia o lábio quando errava uma nota—que prendeu a atenção de Rafael.
Quando a música terminou, Lucas ergueu o olhar e encontrou Rafael observando.
Rafael: -Você toca bem
Rafael disse, levantando-se do balcão e se aproximando do palco.
Lucas soltou um riso nasalado.
Lucas: -Fazia tempo que não tocava.
Rafael: -Não parecia.
Lucas olhou para o piano por um instante antes de encarar Rafael de novo.
Lucas :Você entende de música?
Rafael sorriu de canto.
Rafael: -Entendo de sentir quando alguém coloca o coração no que faz.
Lucas o analisou por um momento, tentando entender se aquilo era um elogio ou apenas uma observação.
Flashback
Marina caminhava pelo shopping sem rumo certo. O cheiro de pipoca doce misturava-se ao perfume caro das lojas, e o barulho de passos e vozes ao redor criava um fundo caótico que, de alguma forma, era reconfortante.
Ela entrou em uma loja de roupas sem pensar muito, passando os dedos pelos tecidos macios enquanto sua mente vagava.
Beatriz: -Essa cor combina com você.
Ela se virou e encontrou Beatriz segurando um vestido azul contra o próprio corpo, sorrindo de leve.
Marina piscou, surpresa.
Marina: -Você acha?
Beatriz assentiu, olhando-a nos olhos.
Beatriz: -Sempre achei que azul te deixava mais… você.
Marina desviou o olhar, sentindo um calor estranho no peito.
Marina: -Faz tempo que a gente não se vê
disse, pegando outro vestido qualquer só para ter o que fazer com as mãos.
Beatriz: -Você que sumiu.
Marina: -Eu precisava de um tempo.
Beatriz observou-a por um instante antes de sorrir, sem ironia.
Beatriz: -Sempre precisa.
Marina suspirou.
Marina: -Você ainda se importa?
Beatriz pegou um cabide da arara e brincou com a etiqueta, como se ponderasse a resposta.
Marina: -Eu nunca soube parar de me importar com você, irmã
Marina sentiu a garganta apertar.
O shopping estava cheio naquela tarde, o barulho das conversas e dos sapatos ecoando pelo piso de mármore. Lívia andava distraída, segurando um milkshake na mão enquanto mexia no celular.
Foi quando esbarrou em alguém.
Livia: -Ah, desculpa!
disse automaticamente, levantando o olhar.
Marina: -Tudo bem…
a outra pessoa respondeu, mas sua voz foi morrendo ao ver quem era.
Lívia piscou.
Livia: -Beatriz?
Beatriz franziu a testa antes de soltar um riso surpreso.
Beatriz: -Lívia? Uau, quanto tempo.
Livia: -Pois é
Lívia disse, ajeitando a alça da bolsa no ombro.
Livia: -Você ainda mora por aqui?
Beatriz: -Sim, sim… e você?
Antes que Lívia pudesse responder, Marina apareceu ao lado de Beatriz, segurando duas sacolas de compras.
Será que ele sentia o mesmo? Mas, ao mesmo tempo, havia algo nela que se recusava a esperar mais.
Ela entrou na pequena livraria no final da rua, buscando um refúgio temporário, um lugar onde os pensamentos sobre Felipe pudessem ficar em segundo plano, ao menos por alguns minutos.
A livraria estava vazia, exceto por uma garota jovem que estava do outro lado, folheando um livro. Ana não prestou muita atenção nela a princípio, mas logo a garota se virou para olhar para a seção de romances, e foi quando Ana percebeu.
Ela era bonita. De um jeito calmo e sereno, com cabelo liso e castanho claro preso em um coque desfeito, uma aura tranquila, mas ao mesmo tempo enigmática. Algo naquela garota a fez sentir uma pontada no peito, uma sensação estranha que ela não conseguia identificar.
Foi só quando a garota olhou diretamente para ela que Ana se deu conta de que estava a observando. A garota sorriu de forma discreta, como se já a conhecesse, e isso fez o coração de Ana acelerar. Ela rapidamente desviou o olhar e se focou nos livros à sua frente, tentando não se deixar afetar.
Mas então, a garota se aproximou.
Garota: -Desculpa, você é a Ana, não é?
perguntou a garota com uma voz suave.
Ana se virou, surpresa. Ela não sabia quem era, mas a maneira como a garota a observava parecia de alguma forma familiar.
Ana: -Sim… Eu sou
Ana respondeu, hesitante.
A garota sorriu mais uma vez, dando um passo à frente.
Sandra: -Eu sou a Sandra. Eu… sou amiga do Felipe. Na verdade, ele me falou muito de você.
Ana sentiu uma sensação estranha subindo pelo peito, e ela tentou disfarçar. As palavras de Lúcia não deveriam incomodá-la, mas de alguma forma, elas a atingiram mais forte do que ela esperava.
Ana: -Felipe?
Ana repetiu, forçando um sorriso.
Ana: -Ah, é? Eu não sabia que ele tinha falado de mim.
Sandra parecia perceber que algo não estava certo, pois a expressão dela se suavizou.
Sandra: -Não se preocupe, não vou incomodar. Só achei que era legal nos conhecermos, já que o Felipe falou tão bem de você.
Mas, para Ana, as palavras soaram diferentes. Ela sentiu uma pontada de ciúmes que a fez se sentir vulnerável, algo que ela não estava acostumada a sentir. Afinal, era ela quem deveria ser importante na vida de Felipe, não essa garota que ele parecia conhecer tão bem.
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Atualizado até capítulo 67
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