O sol entrava pelas frestas da cortina, mas Felipe continuava deitado, encarando o teto. O apartamento estava bagunçado partituras espalhadas pelo chão, o piano coberto de poeira, a louça acumulada na pia.
Ele não tocava há dias.
Desde que Ana foi embora naquela noite, desde que Rafael apareceu e sumiu de novo, ele se sentia… vazio. Como se estivesse em uma corda bamba, prestes a cair.
A campainha tocou. Ele fechou os olhos, esperando que quem quer que fosse desistisse. Mas a pessoa insistiu.
Resmungando, ele se levantou e abriu a porta.
Livia: -Você tá uma merda
disse Lívia, segurando uma sacola de compras.
Felipe piscou, confuso.
Felipe: -O que você…?
Livia: -Entra logo, cara
ela empurrou a porta e passou por ele.
Felipe observou, ainda atordoado, enquanto ela começava a tirar coisas da sacola café, pão, uma barra de chocolate.
Felipe: -Eu não lemter-te ter te chamado
ele murmurou.
Livia: -Não chamou. Mas Ana tá preocupada e, sinceramente, você parece o tipo de pessoa que morre de fome porque esqueceu de comer.
Ele franziu a testa.
Felipe: -Ana falou com você?
Lívia deu de ombros.
Livia: -Não exatamente. Mas eu sei ler entre as linhas. E você? Já tentou falar com ela?
Felipe desviou o olhar.
Felipe: -Não sei o que dizer.
Lívia cruzou os braços, analisando-o.
A chuva caía forte, batendo contra o vidro da cafeteria. Ana observava as gotas escorrendo, traçando caminhos aleatórios, como se fossem pequenos rios em movimento.
Carolina: -Você tá encarando essa janela como se ela fosse responder suas perguntas
disse Carolina, sentando-se à frente dela com uma xícara de café fumegante.
Ana riu, mas sem humor.
Ana: -E se eu estivesse esperando uma resposta?
Carolina tomou um gole do café e a olhou por cima da borda da xícara.
Carolina: -Você tá esperando por ele, né?
Ana desviou o olhar.
Ana: -Eu parei de esperar.
Carolina: -Mas ainda tá olhando pra porta.
Ana suspirou, afundando no assento. Ela odiava como Carolina sempre enxergava através dela.
Ana: -Eu só… Queria que as coisas fossem diferentes.
Carolina: -Eu vou sair com a Livia
Carolina apoiou o queixo na mão.
Carolina: -Você queria que ele olhasse pra você do jeito que você olha pra ele.
Ana assentiu, mordendo o lábio.
Felipe: -Eu não aguento mais
Livia: -Tá legal, sei bem como você não aguenta
Lívia pega a sua camisa de couro que está sob sofá
A música alta vibrava no chão do bar, misturando-se com as vozes e risadas dispersas. Luzes coloridas piscavam no teto, refletindo nos copos e garrafas sobre o balcão.
Lívia girou o drink na mão, observando a espuma se dissipar lentamente.
Livia: -Eu sempre sou quieta. Você que fala demais.
Carolina sorriu, apoiando o cotovelo no balcão e virando o corpo na direção de Lívia.
Carolina: -Talvez seja porque eu gosto de preencher o silêncio.
Lívia deu um gole na bebida, sem desviar o olhar do líquido âmbar.
As duas ficaram assim por um tempo, apenas observando o movimento do bar
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Atualizado até capítulo 67
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