Antônio

Chegamos à casa do senhor Rocco Morabito e logo ouvimos uma discussão acalorada entre ele e a filha. Meu amigo fez menção de entrar para interromper, mas segurei o braço dele e balancei a cabeça em negação. Ficamos ali, ouvindo minha noiva enfrentando o pai.

Como eu imaginei... ela não quer se casar comigo.

Não ouvimos o início da briga, mas pegamos o momento em que ela mandava o pai matá-la. Jogou na cara dele que havia sequestrado a mãe dela. Aquela garota tem coragem.

Ouvi o som seco de um tapa... e, em seguida, a porta batendo com força.

Entramos na sala, e o senhor Rocco mudou de cor ao me reconhecer.

— Don Antônio, desculpe o senhor ter presenciado uma cena dessas. Minha filha normalmente é muito dócil, mas está inconformada com esse casamento.

— Está tudo bem. Vim conhecê-la, mas acho que vai ter que ser mais tarde. O senhor sabe onde ela está?

— Não se preocupe. Ela não tem permissão para sair da propriedade. Deve estar no jardim, se acalmando. Vou perguntar ao segurança.

Vi Rocco ligar para alguém no celular.

— Marcos, onde está minha filha?

— Ela está mais calma, só que… destruiu o canteiro de rosas amarelas.

Rocco caminhava em direção à porta, mas usei minha autoridade.

— Rocco, onde o senhor vai?

— Vou corrigir aquela menina ingrata. Ela destruiu meu canteiro de rosas amarelas. Eu mesmo plantei todas, para a mãe dela.

— Pare. Não vou permitir que minha noiva seja agredida por causa de um punhado de rosas.

Ele voltou, irritado, e veio na minha direção.

— Aqui em minha casa quem manda sou eu, e educarei minha filha como quiser.

Rodrigo tentou impedir a aproximação. Sabia que, se eu perdesse a paciência, as coisas poderiam ficar feias. Levantei a mão para que ele parasse. Virei-me para Rocco com minha voz de comando:

— Rocco, se esqueceu, vou te lembrar: sou Antônio Maori. Seu Capo. E espero que se lembre do que isso significa.

Vi Rocco recuar e abaixar a cabeça. Sei que deve ser difícil para ele obedecer a alguém com menos da metade da sua idade… mas eu sou o Capo. E ninguém passa por cima da minha autoridade.

— Desculpe, Don Antônio. Me excedi. Não vai acontecer de novo.

Estendi a mão. Ele se aproximou e a beijou.

— Agora vamos conversar… como pessoas civilizadas.

— O senhor quer que eu chame a Lara para conhecê-la?

Pensei por um momento. Faz tempo que não brinco de jardineiro. Vou conhecê-la de um jeito diferente.

— Não. Quero uma roupa de jardineiro. Vou me aproximar dela sem que saiba quem sou.

— Como? Não entendi.

— O senhor disse que ela destruiu o canteiro de rosas?

— Sim, falei.

— Então eu sou o jardineiro que o senhor contratou para consertar. E ninguém pode contar a ela quem sou. Há algum lugar fora da casa onde eu possa ficar?

— Tem um chalé. Não é muito grande, mas é confortável.

Virei para Rodrigo:

— Leve minhas coisas até esse chalé. Deixe a chave embaixo do tapete. Depois, volte e fique com seus pais. Se ela perguntar por mim, diga que tive que retornar à Itália e virei outro dia conhecê-la.

Rocco ainda tentou me convencer do contrário.

— Don, não acho isso uma boa ideia.

— Por quê? Está me escondendo algo sobre a Lara?

— Não… Ela está sendo bem guardada para o senhor.

Detestei o jeito como ele falou, como se ela fosse uma mercadoria. Mas não retruquei. Ainda.

Ouvi um movimento e, ao me virar, vi uma versão mais velha de Lara.

— Bom dia, senhora.

— Bom dia. Rocco, querido, não sabia que teríamos visitas.

— Eu também não sabia que Don Antônio viria à nossa casa.

Ela mudou o semblante ao ver Rodrigo. Correu até ele com um sorriso e o abraçou.

— Rodrigo! Que homem lindo você se tornou! Sejam muito bem-vindos à nossa casa.

Rocco explicou:

— Cristina, Don quer se disfarçar de jardineiro para se aproximar da nossa filha.

Ela olhou divertida para mim e soltou uma risada.

— Don, minha filha é esperta. Tome cuidado para ela não descobrir de primeira. Mas… vai ser divertido. Vou ajudar no que for preciso.

— Pode me chamar de "você". E agradeço a ajuda, mas acho que dou conta de uma menina.

— Não subestime a Lara. Ela sabe ser geniosa.

Rocco murmurou:

— Ele chegou bem no meio da discussão. Viu o quanto ela é geniosa.

— E vi o tapa que você deu nela, também — completou Don Antônio.

Olhando séria para o marido Cristina falou. — Rocco, você bateu nela de novo? Sabe que isso só piora as coisas.

Preferi encerrar a conversa, mas ninguém vai bater em minha noiva novamente.

— Vamos resolver isso antes que ela entre. Quero ver como estão as rosas.

Cristina olhou para o marido, com a pergunta nos olhos.

— Lara destruiu o canteiro de rosas amarelas que plantei para você — explicou Rocco.

— Entendi. Por favor, me acompanhe, Don. Vou arrumar uma roupa de jardineiro que te sirva.

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Comments

Sol Oliveira

Sol Oliveira

A Lara é muito mimada, sabe do que a mãe passou, mais vive bem e em harmonia com seu marido, o perdoou e fica provocando o pai, com coisas do passado...ela vai passar por um aperto danado.
O DOM vai aprontar com ela.../Joyful//Joyful//Joyful/

2025-08-02

0

Iara Drimel

Iara Drimel

Para uma mãe e muito feliz e despreocupante saber que sua filha terá um bom marido

2025-07-03

2

Iara Drimel

Iara Drimel

É seu sogro não fez exatamente isso: tratou Lara Beatrice como objeto imaculado para o Dom

2025-07-03

2

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