Minhas pernas moviam-se rapidamente pelos becos escuros, meu coração martelando no peito como um tambor. Ele estava atrás de mim, a presença dele se aproximando, a sensação de perigo era palpável. O eco dos meus passos misturava-se com a batida de minha respiração ofegante. Cada sombra parecia ganhar vida, e eu não sabia onde me esconder.
Um prédio abandonado apareceu à minha frente, e sem pensar duas vezes, entrei. A escuridão me envolveu, e eu me espremei entre as paredes desgastadas, procurando um lugar onde pudesse me ocultar. O cheiro de mofo e decadência me invadiu, mas eu mal o percebi; a adrenalina estava à flor da pele.
Escutei o som de passos pesados e o barulho de algo se movendo. Ele havia entrado, e uma onda de pânico me atingiu. Ele estava ali, caçando-me como um predador busca sua presa. Prendi a respiração, tentando fazer o menor barulho possível, enquanto as mãos suavam e meu coração parecia querer escapar do meu peito.
— Onde você está, garotinha? — a voz dele ressoou nas paredes. Ele estava me procurando, vasculhando cada centímetro daquele lugar, e a tensão era insuportável. Eu podia sentir minha mente em uma batalha entre a esperança de que ele fosse embora e o terror de que ele me encontrasse.
A sensação de estar sendo observada era opressiva, e a cada segundo que passava, o medo crescia. Ele se aproximou da parede onde eu estava escondida, e eu me encolhi, mal conseguindo respirar. Então, ouvi seus passos diminuindo, e a esperança começou a brotar em meu peito. Ele estava indo embora.
Soltei um suspiro profundo, mas a tranquilidade foi breve. Em um piscar de olhos, ele retornou, sua figura emergindo das sombras. O desespero tomou conta de mim novamente antes que eu pudesse reagir. Ele me agarrou com força e me jogou contra a parede, o impacto fazendo-me perder o fôlego.
— Você não deveria estar andando sozinha por aqui, garotinha — ele disse, sua voz era como um veneno, e o medo pulsou em cada parte do meu ser.
Senti meu estômago revirar enquanto ele se inclinava para mais perto. Eu sabia que minha vida estava em jogo. As palavras dele eram ameaças, cada uma delas mais cruel que a anterior.
— Posso fazer você sofrer de tantas maneiras... — ele começou, um sorriso distorcido no rosto. — Você sabe, o que eu mais gosto é ouvir as pessoas implorando por suas vidas. Posso começar devagar, talvez arrancar suas unhas uma a uma. Ou quem sabe eu faça você assistir enquanto eu acabo com a vida de outra pessoa, só para ver o desespero em seu rosto.
Tentei falar, mas minha voz falhou. O terror me dominava, e eu sabia que precisava fazer algo para me salvar.
— Espere! — implorei, minha voz trêmula. — Eu posso ajudar você. Podemos... podemos negociar.
Ele arqueou uma sobrancelha, seus olhos brilhando de curiosidade. Eu continuei, despejando todas as palavras que consegui reunir.
— Dinheiro! — disse, quase desesperada. — Eu tenho acesso a recursos, posso te dar o que você precisar. Informação, poder... eu posso te ajudar a se livrar de qualquer um que você queira.
— E o que mais? — ele perguntou, rindo de mim, como se eu fosse uma piada.
— Eu posso ser útil. Se você me poupar, posso garantir que você mate quem quiser sem que ninguém saiba. Você poderia ter liberdade para agir como quisesse, e em troca, eu preciso de proteção contra aqueles que me perseguem.
Ele hesitou, avaliando minha oferta com um olhar que misturava desdém e interesse.
— Você realmente acha que eu iria proteger uma garotinha como você?
— Não é só isso! — exigi, sentindo uma onda de esperança. — Se você me deixar viver, eu posso abrir portas. E você pode se vingar de quem quiser, como se não houvesse amanhã.
Houve um silêncio pesado. Ele parecia ponderar a oferta, mas logo um sorriso sádico tomou conta de seu rosto.
— Você está realmente oferecendo a minha liberdade em troca da sua vida? Isso é... audacioso.
— Sim! — afirmei, sentindo que era minha última chance. — Você pode ter tudo o que quiser, eu posso garantir isso. Só me deixe viver.
Ele soltou uma risada baixa e sarcástica.
— Vou pensar no seu caso, garotinha. Mas se não for como aliada, será como inimiga.
Com isso, ele desapareceu na escuridão do beco. Eu desabei no chão, tremendo e tentando processar o que acabara de acontecer. O medo ainda pulsava em minhas veias, e eu me perguntei o que aconteceria a seguir.
Os dias que se seguiram foram um turbilhão de ansiedade e precaução. A sensação de ser observada nunca me deixou. Cada barulho no apartamento fazia meu coração disparar, e as sombras pareciam mais longas do que nunca. O encontro com o assassino ainda pairava em minha mente, um lembrete constante do quão vulnerável eu realmente era.
Determinei que não poderia mais viver assim, com medo de cada movimento. Logo, o apartamento se transformou em uma fortaleza. Instalei câmeras em cada canto, os olhos eletrônicos vigiando tudo. Alarmes foram colocados nas portas e janelas, e um sofisticado sistema de infravermelho foi instalado, capaz de detectar qualquer movimento. As travas de segurança eram robustas, capazes de resistir a qualquer tentativa de arrombamento. Eu precisava de proteção.
Enquanto organizava cada detalhe do sistema, uma parte de mim desejava a normalidade. Queria deixar de lado a paranoia e a desconfiança, então tentei agir como se tudo estivesse sob controle. Afinal, eu era a CEO de uma empresa em ascensão, e a última coisa que queria era que meus funcionários percebessem o medo que me consumia.
Naquela manhã, preparei-me para uma reunião importante. Vesti um blazer escuro que me conferia uma aparência de autoridade, ajustei o cabelo e respirei fundo. Olhando-me no espelho, visualizei a líder que todos respeitavam e admiravam, não a garota assustada que me via em casa.
Quando entrei na sala de reuniões, a atmosfera era elétrica. Executivos discutiam a expansão da empresa, e eu precisava estar à altura das expectativas. A mesa estava cheia, e todos os olhares se voltaram para mim.
— Precisamos aumentar nosso alcance — comecei, minha voz firme e decidida. — A tecnologia que estamos desenvolvendo pode transformar o mercado. Não podemos nos dar ao luxo de hesitar.
Enquanto falava, a adrenalina pulsava em meu corpo, uma defesa contra o medo que tentava me dominar. O que me manteve focada foram os rostos dos meus colegas, esperando por diretrizes. Eles acreditavam em mim, e eu não podia decepcioná-los.
Mas, por trás da confiança que exibia, minha mente continuava a correr. Lembrei-me de cada passo que dei nos últimos dias, de cada sombra que pareceu se mover, do assassino que poderia aparecer a qualquer momento. Um toque de desconforto se infiltrou nos meus pensamentos, mas mantive a postura. Ninguém poderia notar o caos que se desenrolava internamente.
— Precisamos de um plano — continuei, desenhando no quadro as estratégias que eu tinha em mente. Mas enquanto falava, meu olhar vagava pelas janelas. E se alguém estivesse me observando? O que aconteceria se o homem de olhos verdes decidisse que era hora de voltar?
No entanto, a reunião seguiu seu curso, e, para todos os efeitos, eu parecia em plena forma. A sensação de controle que isso me proporcionou era temporária, mas, por ora, eu era a líder que meu time precisava. O que não sabiam era que, por trás daquela fachada, eu estava sempre atenta, sempre alerta, esperando pelo próximo movimento de meus inimigos.
Enquanto a reunião prosseguia, todos estavam atentos às minhas palavras, exceto por um. Era claro que Richard, um dos executivos mais antigos e conservadores da empresa, estava inquieto. Ele já havia demonstrado anteriormente que não gostava de ser liderado por alguém tão jovem, e hoje parecia disposto a desafiar minha autoridade.
— Com todo o respeito — começou ele, a voz carregada de desdém —, mas será que uma adolescente de 15 anos realmente está apta para liderar uma empresa desse porte? Quero dizer, experiência conta muito, e... bem, todos sabemos que isso leva tempo.
Os olhares ao redor da mesa congelaram por um momento, e pude sentir a tensão crescer no ar. Alguns dos executivos pareceram se inclinar um pouco para frente, curiosos para ver minha reação.
Mantive meu rosto impassível e me permiti um pequeno sorriso. Sabia que essa provocação viria mais cedo ou mais tarde. Respirei fundo, mantendo minha compostura. Quando falei, minha voz estava calma, mas com uma pitada de ironia afiada.
— É curioso você mencionar isso, Richard — comecei, cruzando as mãos sobre a mesa de forma relaxada, porém firme. — Porque, em apenas um ano, a "adolescente de 15 anos" à qual você se refere conseguiu levar esta empresa a um patamar que a sua não alcançou em... quanto tempo mesmo? Dez? Vinte anos?
A sala ficou em silêncio por um momento, e notei os sorrisos disfarçados nos rostos de alguns dos executivos. Era óbvio que eu tinha conquistado o respeito de muitos ali, e a resposta de Richard era algo que eles secretamente esperavam.
— Claro — continuei, sem perder o tom elegante e profissional —, a experiência é valiosa, mas os resultados falam mais alto. E, pelo que vejo, os números estão a nosso favor, não é mesmo?
Os outros executivos trocaram olhares rápidos, e um ou dois deles não conseguiram conter um riso discreto. Richard, por sua vez, ficou visivelmente desconfortável, claramente não esperando uma resposta tão afiada. Seu rosto corou, e ele recostou-se em sua cadeira, sem ter mais o que dizer.
— Agora, se não houver mais interrupções — finalizei, voltando minha atenção para a pauta da reunião —, podemos continuar a discutir os próximos passos da nossa expansão.
O ambiente da sala se normalizou rapidamente, mas era claro que eu havia estabelecido minha posição de forma incontestável.
Conforme a reunião prosseguia, a conversa girou para os planos futuros da empresa. Era o momento de introduzir a próxima grande ideia, uma proposta que eu havia mantido em segredo até o último minuto.
— Agora, vamos falar sobre o futuro — anunciei, captando a atenção de todos. — Estamos prestes a dar um salto ousado, e quero que todos estejam cientes da importância disso.
Os executivos se endireitaram em suas cadeiras, alguns com olhares curiosos, outros mais cautelosos. A atmosfera se carregava de expectativa.
— Estamos desenvolvendo uma nova tecnologia — comecei, pausando para observar suas reações. — Uma ferramenta de precisão médica que irá revolucionar o diagnóstico e o tratamento de doenças raras. Imagine um sistema capaz de analisar, em tempo real, o código genético de um paciente e sugerir o tratamento ideal baseado em combinações de dados nunca antes exploradas. Algo que vá além dos métodos tradicionais, algo que não apenas trate os sintomas, mas que reescreva o processo de cura desde o nível celular.
Olhei em volta da sala, notando o impacto que minhas palavras tinham causado. Os executivos se entreolhavam, atônitos, enquanto processavam o que havia sido dito. O silêncio que se seguiu foi quebrado por uma voz hesitante.
— Está dizendo que... — um dos executivos começou, quase incrédulo —, está propondo uma tecnologia que... editaria o código genético humano em tempo real?
— Exatamente — respondi, firme. — Claro que estamos falando de tratamentos rigorosamente controlados e aplicados em casos específicos, como doenças hereditárias graves ou mutações genéticas raras. Isso não é uma simples atualização de software; estamos falando de uma nova era na medicina.
Outro executivo, visivelmente surpreso, interveio:
— Isso é... ousado. Se essa tecnologia realmente funcionar... estamos falando de algo que pode transformar não só a medicina, mas a ciência como um todo. O impacto seria... bilionário.
Assenti, sabendo que a proposta causava um grande impacto.
— Exato. E não apenas no aspecto financeiro. Se formos bem-sucedidos, teremos uma influência direta na expectativa de vida das pessoas, no tratamento de doenças que atualmente são incuráveis. O que estamos propondo não é apenas lucrativo — é revolucionário.
As reações variaram de pura incredulidade a empolgação visível. Os executivos começaram a trocar olhares de admiração e surpresa. Para muitos ali, essa ideia parecia algo saído de ficção científica, mas eles sabiam que, se alguém tinha os recursos e a visão para torná-la realidade, era a minha empresa.
— Se der certo... — outro executivo murmurou, meio que para si mesmo —, isso nos colocaria anos-luz à frente da concorrência.
Eu sabia que aquele era o momento. A inovação sempre vinha com riscos, mas era isso que separava os líderes visionários daqueles que apenas seguiam o fluxo.
— Vamos investir o que for necessário para garantir o sucesso dessa tecnologia — declarei, finalizando o tópico com convicção. — Sei que é arriscado, mas esse tipo de avanço exige coragem. Estamos preparados para levar a medicina a um novo patamar.
A reunião foi retomada com discussões técnicas e estratégicas, mas eu podia ver no rosto de cada executivo que algo havia mudado. O choque inicial havia dado lugar a um entusiasmo silencioso. Eles sabiam que estávamos prestes a entrar em um novo território, e se tudo corresse conforme o planejado, o impacto dessa tecnologia não só traria bilhões, mas nos posicionaria como líderes indiscutíveis no setor.
O futuro estava ao nosso alcance, e eu seria a pessoa a moldá-lo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 39
Comments