Capítulo 2 – Cativeiro
A escuridão era densa.
Isabella sentia seu corpo sendo arrastado, mas sua mente ainda estava enevoada. Um cheiro forte de couro e gasolina impregnava o ar, misturado ao perfume amadeirado e levemente picante que ainda pairava em suas narinas. O coração dela disparou quando percebeu que não estava mais na rua.
Tentou se mexer, mas algo apertava seus pulsos. Franziu o cenho, tentando abrir os olhos pesados. Uma dor latejante percorreu sua cabeça, e ela gemeu baixinho.
— Ela está acordando — uma voz masculina informou.
Os olhos de Isabella se abriram de súbito. A luz fraca revelou o interior de um carro luxuoso, os estofados de couro negro brilhando suavemente sob a iluminação do painel. Dois homens estavam sentados à frente, a figura do motorista indistinta na penumbra.
Ela piscou algumas vezes, confusa, antes de sentir o aperto ao redor dos seus pulsos. Uma fita preta os envolvia firmemente, impossibilitando qualquer movimento. O pânico tomou conta de seu corpo em um instante.
— Onde… onde estou?! — Sua voz saiu trêmula, entrecortada pela respiração acelerada.
O homem ao seu lado, que trajava um terno impecável e cheirava a tabaco, apenas a observou com um sorriso torto.
— No carro do chefe — respondeu ele, divertindo-se com o medo estampado nos olhos dela.
A mente de Isabella disparou em desespero. O "chefe". O homem dos olhos de gelo. O mesmo que assassinou dois homens a sangue frio sem hesitar.
Seu estômago revirou ao lembrar do sangue escorrendo pelo chão do beco, das súplicas abafadas antes dos disparos ecoarem na noite. E agora… agora ela estava presa com aquele monstro.
Ela puxou as mãos, tentando desesperadamente soltar-se, mas a fita cortava sua pele.
— Se continuar assim, só vai machucar seus pulsos, dolcezza — uma voz grave e familiar ressoou atrás dela.
O sangue de Isabella gelou.
Vicenzo Moretti.
Ela virou a cabeça devagar e o viu sentado ao lado dela, tranquilo, como se aquilo fosse apenas um jogo. As sombras desenhavam seus traços fortes, a barba sombreada e a expressão fria como uma lâmina afiada. Ele segurava um copo com um líquido âmbar, girando o conteúdo com calma, como se não estivesse segurando uma refém.
O silêncio entre eles era sufocante.
Então, ele a observou como um caçador avaliando sua presa, e Isabella sentiu cada nervo de seu corpo se acender em alerta.
— Me solta! — Isabella tentou se afastar, mas ele agarrou seu queixo com os dedos firmes, forçando-a a encará-lo.
— Eu odeio gritos — murmurou, sua voz baixa, mas carregada de ameaça.
Ela prendeu a respiração. O olhar dele era penetrante, um azul profundo que a envolvia e a aterrorizava ao mesmo tempo.
Ela se remexeu, tentando afastar o rosto, mas ele segurou com mais força, a ponta do polegar deslizando sobre seu lábio inferior, provocando-a de um jeito que fez um arrepio descer por sua espinha.
— O que… o que vai fazer comigo? — a voz dela saiu como um sussurro.
Vicenzo sorriu de lado, os olhos fixos nela com um interesse perigoso.
— Ainda não decidi. Mas tenho certeza de que você me dará um bom motivo para mantê-la viva.
Isabella sentiu o pavor rastejar por sua pele.
Ela precisava sair dali.
Precisava fugir.
Mas como escapar de um homem como Vicenzo Moretti?
De repente, o carro parou. Os homens da frente saíram primeiro, abrindo a porta traseira. Vicenzo soltou seu rosto, mas seus olhos continuavam cravados nela.
— Bem-vinda à sua nova vida, dolcezza — ele disse, antes de agarrar seu braço e puxá-la para fora do carro.
O vento frio cortou seu rosto quando ela tropeçou nos próprios pés, a visão girando por causa do medo. À sua frente, um enorme portão de ferro se abriu lentamente, revelando uma mansão de pedra iluminada por holofotes.
A boca de Isabella ficou seca.
Ela tinha sido levada para o covil do lobo.
E não sabia se sairia viva dali.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Dione Lopes
Olha o que sua curiosidade fez com você agora está presa ao lado do lobo mal.
2025-02-21
1
Maria Socorro Netos
A curiosidade matou o Pato
2025-02-21
0
Nalzedi Aguiar
Au Au que lobo mal
2025-02-27
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