Capítulo 4

° Félix Norton 🥵

O que você diria se soubesse que desejo Maya? Chamaria isso de loucura? Talvez. Mas não, não sou louco. E se pensa que é errado porque ela é minha "sobrinha", se enganou. Maya não carrega meu sangue, nem o sangue dos Norton. Ela nunca foi realmente uma de nós. Ela é apenas uma peça que o destino colocou em minhas mãos, uma garota adotada pela família Norton depois de uma tragédia.

Eu nunca contei isso a ela, e nem pretendo. Maya não sabe de onde veio. Não sabe que seus verdadeiros pais foram assassinados brutalmente por uma máfia rival. Era uma época sangrenta, um conflito que ceifava vidas sem piedade, um massacre que ainda assombra a muitos até hoje. Seus pais estavam em um lugar que jamais deveriam estar. Naquele dia, eu e Alex Norton, meu irmão, fomos atraídos pelo choro de um bebê, e lá estava ela... tão pequena, tão indefesa.

Naquela noite, quando a encontramos, algo dentro de mim mudou. Eu a carreguei nos braços, jurando que ninguém a machucaria. Ela era apenas um bebê, mas mesmo naquela fragilidade, havia algo nela que exigia proteção. Alex quis criá-la, e eu aceitei dando ela a ele. Não existia uma pessoa melhor para cuidar dela.

Mas Maya nunca soube a verdade. Cresceu acreditando que era uma Norton, cercada por uma família que a acolheu e que a amava como uma filha, mas que nunca foi completamente dela.

Hoje, enquanto olho para ela descendo as escadas com aquele vestido preto, lembro de tudo isso. Ela não faz ideia da verdade. Não sabe o quão frágil é o fio que a conecta a este mundo. Não sabe que, por trás do homem que a protege, existe alguém que a deseja de uma maneira que seria condenada por todos, e mais ainda, não sabe do segredo que guardo comigo a sete chaves.

Minha vontade imediata era me levantar, atravessar a sala e puxá-la para mim, sentir sua pele contra a minha e mostrar o quanto ela desperta algo em mim que ninguém mais foi ou é capaz de me fazer sentir.

Mas não podia fazer isso. Não naquele momento. Não da forma como eu queria. Eu sabia que, se cedesse aos meus desejos, a assustaria. Maya ainda me vê como o tio protetor, alguém que está sempre ali para cuidar dela, e não como um homem que luta contra seus próprios demônios toda vez que ela está por perto.

Ela é doce, sim, mas tem um brilho nos olhos que desafia qualquer um que tente controlá-la. Eu sei que ela me vê como alguém protetor, talvez até sufocante, mas não posso evitar. Ela é a única coisa que me mantém são neste mundo caótico em que vivo.

Quando ela pediu para ir à festa, eu sabia que mentia. Eu sempre sei. Mas deixei. Não porque confiei, mas porque queria ver até onde ela iria. Ainda assim, a ideia de Maya exposta ao mundo, cercada por homens que não hesitariam em tocá-la, fez meu sangue ferver.

Assim que ela saiu, liguei para meus seguranças.

— Sigam-na. Quero relatórios detalhados. E não deixem que ela perceba.

Não demorou para que descobrissem onde ela estava: uma das minhas casas noturnas. A ironia disso quase me fez rir. Ela realmente não sabe nada sobre mim, sobre o alcance do meu poder.

— Senhor, ela está no bar agora, com uma amiga e alguns rapazes. Nada fora do normal até o momento.

Nada fora do normal? Para eles, talvez. Mas para mim, tudo estava fora do normal. Maya não deveria estar lá. Não naquele ambiente, não cercada por pessoas que não merecem sequer olhá-la, não com aqueles rapazes.

Pensei em ir até lá, tirá-la à força e trazê-la de volta para casa. Mas não. Isso só faria com que ela me visse como o tirano, ou um tio chato e pegajoso. Eu precisava ser mais cuidadoso. Ela ainda não está pronta para saber a verdade. Sobre mim. Sobre ela. Sobre nós.

Eu me sentei de volta no sofá, mas minha mente estava na casa noturna , nas luzes piscando, na música alta, nas mãos de estranhos que poderiam se aproximar dela. Minha Maya, tão doce, tão ingênua, não tinha ideia do perigo que a cercava.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando afastar os pensamentos. Mas eles voltavam, cada vez mais intensos. A visão dela naquela casa noturna, dançando, sorrindo, talvez até permitindo que outro homem se aproximasse. Meu sangue ferve só em pensar.

Peguei o celular novamente.

— Alguma mudança?

— Nada, senhor. Ela ainda está com a amiga. Apenas conversando.

— Fique de olho nela. Não deixe que ninguém se aproxime demais. Quero relatórios constantes.

— Sim, senhor!

Isso deveria me acalmar, mas não aliviou a tensão em meu peito. Talvez fosse melhor assim. Deixar que ela aproveitasse a noite, que sentisse a falsa liberdade que tanto busca. Porque, no fim, ela sempre voltará para mim.

Eu conheço o ambiente de minhas casas noturnas. Sei quem frequenta, sei o tipo de perigo que ronda esses lugares. Maya não tem ideia de onde está se metendo. Ela é inocente demais para entender como o mundo funciona. E é exatamente por isso que preciso protegê-la.

Ela não sabe quem realmente sou. Não sabe do que sou capaz para protegê-la. Mas, um dia, ela vai entender. E, quando esse dia chegar, ela verá que nunca foi uma prisioneira. Foi apenas uma mulher protegida por um homem que faria qualquer coisa para mantê-la ao seu lado.

Levantei-me do sofá e caminhei até a janela, observando a noite lá fora. A cidade nunca dorme, mas dentro de mim, tudo parecia um caos. Eu sabia que precisava manter o controle, sabia que não poderia ceder aos impulsos que me consumiam sempre que ela estava por perto. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de outro homem sequer olhando para ela ou a tocando, me deixava muito furioso.

Impaciente, peguei as chaves do carro e fui atrás dela. Cada minuto que passava parecia uma eternidade. Não era apenas preocupação, era algo que ia além. Era um sentimento que eu evitava admitir, mas que crescia cada vez mais dentro de mim.

Cheguei rápido, muito mais rápido do que deveria. Estacionei em frente à casa noturna, desci do carro e caminhei diretamente até a entrada. Meus seguranças, que já haviam sido avisados, me informaram que ela estava em apuros, eles não poderiam se aproximar ou seriam descobertos. Após livrá-la daquela confusão e de quase ser estapiada por um canalha, eu a levei em segurança para casa. Mas a minha vontade era de encher aquele belo traseiro de tapas.

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Comments

Adriane Alvarenga

Adriane Alvarenga

Eita....realmente ele não é tio dela...acho que qdo ela descobrir, toda a verdade, vai ficar com ódio dos pais e dele por ter escondido a verdade....

2025-04-16

0

Graça Barbosa

Graça Barbosa

Eu sabia que ele não era tio de sangue dela, agora eu entendo o amor que ele sente por ela ❤️

2025-03-27

23

Jeneci Nunes

Jeneci Nunes

ahh o amor,muitas vezes vem de uma forma,sem explicação,só sentimos ❤️

2025-03-11

8

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