Capítulo 2

° Maya 🪷

O sol já havia se posto, e a brisa da noite trazia um frescor que parecia combinar com a minha animação. Eu estava na piscina, deixando a água morna relaxar meus músculos enquanto observava o céu escuro acima de mim.

O som de uma notificação no meu celular me tirou daquele momento de relaxamento. Peguei o aparelho, que estava descansando na espreguiçadeira ao lado, e vi uma mensagem de Laila.

Laila: Amiga, vai rolar uma festa incrível na casa noturna Moonlight hoje! Você PRECISA ir. Passo daqui a pouco. Não aceito um não como resposta, hein!

Respondi a Laila:

"Vou tentar ir! Te aviso quando estiver pronta.

Um sorriso se abriu em meu rosto. Era exatamente o tipo de convite que eu precisava. Meu coração acelerou com a ideia de finalmente fazer algo fora do ordinário. Eu sabia que Tio Felix jamais aceitaria isso se soubesse a verdade, então uma estratégia rápida tomou forma na minha cabeça.

Saí da piscina apressada, secando o corpo enquanto pensava no que dizer. Vesti meu roupão e voltei para o quarto, onde comecei a procurar o que vestir. Se eu dissesse que estaria com amigas confiáveis, Felix poderia ceder. O importante era ser convincente.

Escolhi um vestido preto curto, de alças finas, justo o suficiente para realçar minhas curvas, mas discreto para parecer "seguro" aos olhos dele. Enquanto ajustava o tecido em frente ao espelho, senti uma pequena pontada de culpa. Mas ela logo foi substituída pela empolgação de fazer algo por mim, algo que eu realmente queria, longe do olhar seguro de tio Félix.

Com o plano traçado, desci as escadas. Felix estava na sala, como sempre, mergulhado no celular, mas levantou o olhar assim que ouviu meus passos. Seus olhos percorreram minha figura com aquela mistura de proteção e desconfiança que eu já conhecia tão bem.

— Aonde você vai, vestida dessa forma? — ele perguntou, direto, sem rodeios.

— Laila me chamou para uma festa pequena. Só algumas amigas da faculdade, nada grande. Achei que seria bom pra mim sair um pouco. — Falei com a voz mais casual que consegui, embora meu coração estivesse batendo rápido.

Ele arqueou uma sobrancelha, claramente analisando minhas palavras.

— Que amigas são essas? — Ele insistiu, cruzando os braços.

Respirei fundo, mantendo o tom confiante.

— Laila, Clara e outras meninas do nosso grupo. São todas confiáveis, tio Felix. Você sabe que eu não faria nada imprudente. Afinal, estou indo muito bem na faculdade e estou quase concluindo.

Um silêncio pesado pairou no ar enquanto ele me observava. Eu sabia que ele queria dizer algo mais, talvez até me proibir de ir, mas parecia estar lutando contra isso.

— Está bem. Mas volte cedo. E me mande mensagens quando chegar e quando sair dessa festa.

Eu sorri, tentando parecer despreocupada, embora por dentro estivesse radiante com a pequena vitória.

— Pode deixar, tio. Obrigada! — corro até ele, e deixo um beijo na bochecha. Faço isso no impulso.

Subi de volta para o quarto e terminei de me arrumar. O vestido estava perfeito, e a maquiagem que fiz destacava meus olhos de um jeito que me fazia sentir poderosa. Escolhi um par de saltos discretos, mas elegantes, e finalizei com um perfume suave, mas marcante.

Quando terminei, Laila já havia estacionado o carro na frente de casa. Desci rapidamente, tentando evitar mais perguntas de Felix.

— Cuidado, Maya — ele disse antes que eu saísse.

— Sempre — respondi com um sorriso tranquilo.

Entrei no carro de Laila e me acomodei no banco do passageiro. Ela olhou para mim com um sorriso travesso.

— Você tá deslumbrante! seu tio realmente deixou você sair assim?

— Eu tive que ser criativa, mas sim. — Dei de ombros, rindo.

— Bem, a noite é nossa. Vamos fazer valer a pena! — Laila acelerou o carro, e eu senti uma onda de adrenalina enquanto nos afastávamos.

A música alta e as luzes da cidade piscando pela janela aumentavam minha expectativa. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava vivendo algo para mim.

Hoje, seria diferente. Hoje, eu seria livre, como qualquer uma jovem solteira.

Já na boate, a música pulsava alto, invadindo meus sentidos. Laila e eu chegamos à festa em grande estilo. As luzes vibrantes refletiam nas paredes e o ambiente exalava energia. Tanta gente junta, dançando, bebendo, rindo. Eu queria me sentir parte disso, mesmo que fosse apenas por uma noite.

Laila foi logo me puxando para o centro da sala, onde se juntou com alguns caras. Eu a segui, um pouco relutante, mas tentando aproveitar a noite como uma jovem normal. Eles nos ofereceram bebidas, e eu aceitei. A princípio, foram apenas alguns goles, mas a cada risada e cada comentário engraçado, as doses começaram a se acumular.

Laila, sendo Laila, não demorou muito para desaparecer. Ela sempre foi mais ousada que eu, e já estava num canto mais privado com os dois homens. Eu, por outro lado, permaneci com um garoto que havia ficado ao meu lado desde que chegamos. Ele era bonito, com olhos escuros que pareciam me estudar de perto. Mas eu sabia que não queria me envolver. Não era certo, ainda mais com o álcool correndo pelas minhas veias.

— Você está linda — ele comentou, inclinando-se para mais perto. Senti o calor do seu corpo, e ele não parecia intimidado pelo meu silêncio.

— Obrigada — murmurei, minha voz soando arrastada.

O mundo ao meu redor começou a girar. Estava muito bêbada, tão bêbada que mal conseguia manter os olhos abertos. Quando senti as mãos dele deslizando para a minha coxa, o instinto falou mais alto.

— Não, não quero. — Afastei suas mãos, mesmo com dificuldade, e sai dali cambaleando pelo meio da multidão.

Eu precisava de ar, de espaço. Minha visão estava turva, e meu estômago começava a dar sinais de que não aguentaria mais. Antes que pudesse chegar a um lugar mais calmo, tropecei perto da entrada da porta e tudo ficou pior. Vomitei, sem querer, em alguém que estava parado bem ali.

— Mas que droga é essa?! — a voz grave ecoou, carregada de irritação.

Levantei os olhos para ver um homem alto, com ombros largos e um terno impecável que definitivamente não combinava com o ambiente da festa. Ele parecia furioso, limpando a sujeira de sua camisa com gestos abruptos.

 — Me desculpe... eu não... — tentei dizer, mas as palavras saíram emboladas.

— Você tem ideia do que acabou de fazer, garota? Essa roupa vale mais do que você deve gastar em um ano! — Ele deu um passo em minha direção, os olhos queimando de raiva, e uma das mãos no alto, pronto para me dar um tapa.

Eu recuei instintivamente, sentindo meu coração acelerar. Antes que ele pudesse dizer ou fazer algo mais, uma mão firme segurou o braço do homem, interrompendo o movimento que ele fazia em minha direção.

— Eu sugiro que você pense muito bem antes de ter que levantar novamente essa mão — a voz de Felix soou fria como gelo, e fez meu sangue gelar.

— Quem diabos é você para se meter? — o homem respondeu, tentando se soltar.

— Eu sou o homem que vai quebrar cada dedo da sua mão se você tocar nela — Felix respondeu calmamente, apertando o braço do outro com mais força. — Entendeu?

O homem tentou se livrar do aperto, mas Felix não cedeu. Ele apenas inclinou a cabeça, seus olhos perigosamente estreitos.

— Eu perguntei se você entendeu.

— Está bem! Está bem! Eu entendi — o homem finalmente cedeu, sua voz agora carregada de medo.

Felix o soltou com um empurrão brusco e se virou para mim. Por um momento, o olhar frio que ele havia dirigido ao estranho suavizou ao me ver. Mas logo sua expressão endureceu novamente, e ele segurou meu braço com firmeza.

— Vamos para casa, agora!

— Tio Felix, eu... — tentei argumentar, mas ele me interrompeu.

— Nem uma palavra, Ragazza. Você não faz ideia do perigo que acabou de correr, e sem contar das suas mentiras.

Ele me puxou até o carro, deixando a confusão e o som abafado da música para trás. Meu coração ainda estava disparado, não apenas pelo susto, mas pela maneira como Felix havia enfrentado aquele homem.

No carro, o silêncio era opressor. Olhei para ele, mas seu olhar permanecia fixo na estrada. Suas mãos apertavam o volante com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Eu queria agradecer, mas as palavras não vinham.

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Comments

Graça Barbosa

Graça Barbosa

Bêbada não tem como raciocinar direito, depois você pode pedir desculpas por que com certeza você vai precisar mesmo por que você saiu com uma amiga que não é confiável pois deixou você para ficar com dois homens

2025-03-27

21

Onilda Furlan

Onilda Furlan

putz garota pisou na bola feio.
como ele descobriu onde ela estava?????

2025-05-03

0

fofissima

fofissima

ta muito bom esse livro 📖. 🥰

2025-05-02

0

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