-Por que essa cara de espanto?
Nesse momento acho mais uma partida que eu perdi e o pior que ela sabe que ela me domina.
-Chegamos melhor não perder as pernas, você é mais fraca do que pensei, bebê.
Bem na hora um pouco depois Gael estava esperando na porta do elevador.
-Amor tudo bem? Sobre o que estavam falando,a senhorita Laura está me parecendo sem jeito,o que aconteceu alguma coisa, senhorita Gomes?
Eu mal conseguia respirar na quela hora…enquanto o senhor Gael perguntava se eu estava bem.
-Oi, você está bem, senhorita Gomes?
-Ah mil desculpas eu estava em outro mundo.
-Está tudo bem então você pode continuar com a investigação certo?
Aquela maldita sabe jogar,a qualquer momento,naquele exato instante ele podia ter ouvido mas será quê ele entenderia?
-Então vamos prosseguir com a investigação?
-Sim claro!
E eu sei que tenho que me controlar,mas a insanidade dela de se pôr ao perigo,é incrível,a cada passe,a cada jogada,ela tem um truque.
Enquanto caminhávamos pelo corredor, eu sentia o olhar de Gael em mim, atento a qualquer sinal de desconforto. Keila, por outro lado, parecia tranquila como sempre, quase flutuando em seu salto alto. O contraste entre eles era tão gritante que me fazia questionar como aquele homem conseguia viver ao lado de alguém tão... imprevisível.
Assim que o elevador abriu as portas para a sala de reuniões, Marques estava sentado na cabeceira da mesa. Seu olhar encontrou o de Keila com um brilho de reconhecimento que não consegui decifrar. Algo em sua postura me dizia que aquela reunião já estava manipulada antes mesmo de começarmos.
— Bem-vindos — disse Marques, sua voz calma demais para alguém envolvido em uma investigação de desaparecimento.
— Vamos direto ao ponto — interrompeu Keila, sentando-se de forma imponente na cadeira. — Quero saber o que você está escondendo, Marques.
Ele riu baixinho, como se fosse uma brincadeira interna que só os dois compreendiam.
— Sempre direta, não é, Keila? Mas sinto dizer que não estou escondendo nada.
Enquanto eles trocavam farpas, meus olhos vasculhavam a sala. Cada detalhe parecia um enigma. A disposição simétrica dos objetos sobre a mesa, as pastas organizadas demais... Como se tudo fosse uma encenação.
— Senhor Marques, se Dominick esteve aqui antes de desaparecer, preciso ver registros. Documentos, vídeos de segurança, qualquer coisa que possa ajudar. — Minha voz cortou o clima de provocação entre os dois.
— Claro, senhorita Gomes. — Marques sorriu, mas era o tipo de sorriso que não chegava aos olhos. Ele acenou para o assistente, que trouxe um tablet com acesso aos arquivos.
Eu me aproximei da tela, analisando as informações, mas algo parecia errado. Havia lacunas, como se partes da história tivessem sido apagadas.
Enquanto eu investigava, senti o olhar de Keila queimando em mim. Quando levantei a cabeça, ela tinha aquele sorriso enigmático que me deixava desconfortável.
— Está encontrando o que procura, Laura? — ela perguntou, a voz doce, mas cheia de insinuações.
— Ainda não — respondi, tentando manter a calma. — Mas vou chegar lá.
— Talvez você só não esteja vendo o que está bem na sua frente.
Foi nesse momento que percebi. A data no arquivo que Marques estava me mostrando coincidia com a mensagem que encontrei no meu apartamento. A sigla "KD" estava nos documentos, mas de uma forma disfarçada, como uma anotação irrelevante.
— Quem mais tem acesso a esses registros? — perguntei, encarando Marques.
— Poucas pessoas. Mas não se preocupe, Laura. Nada sai daqui sem o meu conhecimento.
Keila riu baixinho.
— Acha mesmo que pode controlar tudo, Marques? Isso é fofo.
A tensão na sala aumentava a cada segundo, e eu sabia que Keila estava brincando comigo de alguma forma. Sempre estava.
— Keila, por que você parece tão à vontade aqui? — perguntei, encarando-a diretamente.
— Talvez porque eu conheça as regras desse jogo melhor do que você, bebê.
O uso daquela palavra novamente me fez estremecer. Ela estava jogando comigo, e eu sabia que, de alguma forma, ela tinha planejado tudo isso.
Quando a reunião terminou, Keila não perdeu a oportunidade de me isolar. Assim que Gael se afastou para atender uma ligação, ela se aproximou de mim no corredor, encurralando-me contra a parede com um sorriso que misturava desafio e diversão.
— E então, Laura? Está se sentindo testada?
— Testada? — Minha voz saiu firme, mas eu sentia o coração acelerar. — Keila, o que você está escondendo?
Ela inclinou a cabeça, seus olhos fixos nos meus.
— Talvez eu só queira ver até onde você está disposta a ir.
— Isso não é um jogo, Keila. Estamos falando da vida do seu irmão.
— E você acha que eu não sei disso? — Sua voz ficou mais baixa, quase um sussurro. — Mas, se quer respostas, vai ter que provar que merece.
Ela se afastou, deixando-me com uma mistura de raiva e confusão. Keila estava me provocando, testando minha paciência, minha determinação. Mas, no fundo, eu sabia que ela estava tão envolvida nisso quanto eu.
Naquela noite, enquanto revisava os arquivos em casa, percebi uma nova mensagem anônima no meu celular:
"Parabéns, você passou na primeira prova. KD está de olho em você.”
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Atualizado até capítulo 103
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