Keila se aproximou de mim, o salto de seus sapatos ecoando pelo chão de mármore enquanto sua presença preenchia a sala. Eu podia sentir o perfume marcante que ela usava, um misto de poder e desafio. Ela parou perto, talvez perto demais, inclinando a cabeça com um sorriso de canto.
— Eu não canso, Laura. Pelo contrário. Acho... fascinante te ver tentando resistir.
— Resistir a quê, Keila? À sua insuportável arrogância?
Ela riu baixo, uma risada que parecia mais um sussurro de provocação do que uma resposta verdadeira. Keila sabia como me tirar do sério, e parecia se divertir com isso. Ela passou os dedos pelo meu braço de leve, como se testasse minha paciência.
— Resistir a mim. — Sua voz era baixa, quase um sussurro. — Você sabe o que quero, Laura.
Eu dei um passo para trás, tentando recuperar o controle da situação, mas minha voz falhou um pouco.
— E eu já disse que não sou uma peça no seu jogo, Keila.
— Ah, mas é isso que me fascina em você. — Keila cruzou os braços, me observando com aqueles olhos intensos que pareciam enxergar algo em mim que eu mesma não conseguia compreender. — Você não é como os outros. Não se dobra.
— Talvez porque eu tenha princípios.
— Ou talvez porque tenha medo de admitir o que realmente sente.
Meu corpo ficou tenso, mas antes que eu pudesse responder, a porta da sala se abriu abruptamente. Gael, o marido dela, entrou com o celular na mão e uma expressão séria no rosto. Ele olhou para nós, hesitando por um momento ao perceber a proximidade entre mim e Keila.
— Laura, preciso falar com você. Temos uma pista sobre Dominick.
Finalmente, uma distração. Dei um passo para longe de Keila, tentando disfarçar o calor que subia pelo meu rosto.
— Claro. O que descobriram?
— Alguém disse ter visto ele no hotel Crown ontem à noite. Mas a testemunha foi... silenciada antes de falar muito mais. — Ele lançou um olhar significativo para Keila, que apenas deu um meio sorriso, como se soubesse mais do que estava disposta a compartilhar.
— Silenciada? — repeti, tentando entender. — Quem está por trás disso?
Gael hesitou, mas antes que pudesse responder, Keila deu de ombros, interrompendo.
— Não perca seu tempo com perguntas sem respostas, Laura. Vá ao hotel e descubra você mesma.
Ela se virou, caminhando para longe com uma postura elegante e um olhar vitorioso. Mesmo indo embora, parecia que ainda tinha o controle da situação.
Suspirei, pegando meu casaco e tentando ignorar a mistura de irritação e atração que ela despertava em mim.
— Eu vou ao hotel, Gael, mas preciso saber: há algo que você ou sua esposa não estão me contando?
Gael desviou o olhar, a tensão em seus ombros denunciando algo mais profundo.
— Apenas encontre Dominick. E, por favor, tome cuidado. Há mais pessoas envolvidas nisso do que você imagina.
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O hotel Crown não era exatamente o tipo de lugar que eu frequentava por escolha. Era luxuoso, com candelabros de cristal pendurados no teto e funcionários vestidos de maneira impecável, mas havia algo de sutilmente ameaçador em sua opulência. Talvez fossem os olhares desconfiados que os seguranças lançavam ou o silêncio quase ensurdecedor que parecia preencher o saguão.
Eu me aproximei da recepção, tentando parecer despreocupada, mas minha mente trabalhava em alta velocidade. Se Dominick realmente esteve ali na noite passada, como dizia a pista, encontrar um rastro dele seria como procurar uma agulha em um palheiro.
— Boa noite. — A recepcionista, uma mulher loira com um sorriso treinado, olhou para mim. — Como posso ajudá-la?
— Preciso de informações sobre um hóspede que esteve aqui ontem à noite — falei, direta. — Dominick Barros. Jovem, cabelos castanhos, olhos claros.
Ela piscou, surpresa com minha abordagem.
— Sinto muito, mas não podemos divulgar informações sobre nossos hóspedes.
Eu me inclinei um pouco sobre o balcão, mantendo minha expressão séria.
— Escute, isso não é uma brincadeira. Ele está desaparecido, e cada minuto conta. Não quero expor ninguém, só preciso saber se ele esteve aqui.
Ela hesitou, olhando em volta como se verificasse se alguém estava ouvindo. Finalmente, baixou a voz.
— Eu não devia dizer isso, mas... sim, ele esteve aqui. Chegou no começo da noite, acompanhado de um homem. Eles pareciam nervosos.
— Um homem? Como ele era?
— Alto, de terno escuro. Não consegui ver o rosto direito, mas... — Ela fez uma pausa, mordendo o lábio inferior. — Eles não ficaram muito tempo. Subiram para o quarto 713, mas, alguns minutos depois, houve uma confusão. O homem saiu sozinho, e o outro rapaz... bom, eu não o vi mais.
Meu estômago se revirou. Isso não parecia bom.
— A polícia foi chamada?
Ela balançou a cabeça.
— Não houve tempo. Um grupo de seguranças apareceu rapidamente e controlou a situação. Depois disso, tudo ficou... estranho.
— Estranho como?
Ela hesitou de novo, como se temesse falar mais.
— Apenas tome cuidado, senhora. Coisas estranhas acontecem aqui.
Antes que eu pudesse pressiona por mais informações, senti uma presença às minhas costas. Me virei rapidamente, encontrando um homem enorme, vestido de preto, com uma expressão inexpressiva.
— A senhorita precisa sair — disse ele, a voz baixa, mas carregada de autoridade.
— Estou no meio de uma investigação.
— Agora.
Ele deu um passo para frente, tornando claro que não estava pedindo. Suspirei e dei meia-volta, sabendo que insistir naquele momento seria inútil. Mas, assim que saí do hotel, algo chamou minha atenção.
No estacionamento, uma van preta estava estacionada de forma suspeita, como se alguém dentro estivesse esperando por algo — ou alguém.
Me aproximei devagar, tentando não chamar atenção, mas, antes que pudesse chegar perto o suficiente, ouvi o som de uma porta se fechando. A van acelerou e sumiu na rua.
Fiquei ali, sozinha no frio, com mais perguntas do que respostas.
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Atualizado até capítulo 103
Comments
Maria Andrade
história interessante cheia de suspense
2025-02-17
1