...Capítulo 4...
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Lindsay observou sua mãe ser bem recebida naquela casa e ficou feliz por saber que a sua presença não fizera muita falta durante esses anos. Na verdade, não estava feliz, apenas aliviada por saber que seus pais sabiam viver sem ela, já que estava ali temporariamente até que tudo entrasse no eixo.
Só então notou que o garoto daquela tarde não parava de olhar para ela, sabia que estava tentando se adaptar naquele lugar com suas roupas, mas seria difícil. Naquela noite, havia optado por uma blusa cropped com modelagem ombro a ombro, possui listras coloridas e shape justinho. Estava usando com uma Saia longa Sereia listras do mesmo modelo da blusa e salto alto. Deixará o cabelo solto, mas se arrependeu por não ter feito nada nele, afinal ele estava quase na bunda.
A amiga de sua mãe apareceu com avental e cumprimentou todos com um abraço.
- Ai que bom que chegaram... fiquem a vontade e desculpa a bagunça.
- Que isso. Quer uma ajuda aí na cozinha. – Maggie se ofereceu e como estava segurando uma travessa com sua famosa salada de batata, aproveitou e foi atrás da amiga.
Seu pai sentou no sofá onde foi convidado a se sentar, enquanto ela ficou ali parada só observando a casa. Lhe pareceu ser pessoas simples, já que a casa parecia estar em reforma e tinha poucos móveis, a sala tinha dois sofás, um painel com TV e demais aparelhos e mais uma mesinha de centro. Depois tinha a parte da sala de jantar que tinha uma mesa grande com oito cadeiras que estava bem arrumada, teve que sorrir só de ver que ali morava uma família grande e unida.
Ela sempre que podia, lembrava de sua infância. Tinha tido uma bela infância, tirando as horas que ela ficava no quarto se arrumando para brincar com suas amigas que estavam sempre correndo ou andando de bicicleta, coisa que ela quase não fizera. A maior parte da sua infância tinha sido ficar trancada no quarto treinando para ser uma modelo um dia. Um sonho que realizará e agora não tinha mais nada.
Foi então que duas garotas se aproximaram dela sorridentes e ficou sem graça ao ver que estavam a olhando da cabeça aos pés. As duas eram idênticas, cabelos castanhos, olhos verdes, a única diferença era que ambas não usavam roupas iguais.
- Oi.
- Oi.
- Quer se sentar? – uma delas a convidou.
- Sim.
- Você é alta.
Lindsay sorriu e se sentou ao lado do pai e viu que as duas não iriam sair da sua cola.
- Maggie disse que você é modelo.
- Sim.
- Você posa para fotos?
- Sim.
- Ei, vocês duas nada de ficar entrevistando ela. – Alex interferiu.
Uma fez careta.
- Papai deveria...
- Já falei para vocês duas calarem a boca. – ele de novo.
Elas se entreolharam e depois olharam para ele bravas, se afastaram.
- Essas duas são demais. – Seu pai comentou. – Elas querem ficar famosas.
- São suas filhas?
Alex fez careta.
- Não.
Viu seu pai dar uma risadinha. E Alex sorriu torto para ela, o que a deixou desconfortável. Não era bem assim que imaginou o começo de um jantar em casas desconhecidas. Ela pensou em levantar para ajudar sua mãe na cozinha, quando as duas mulheres apareceram dizendo que já estava pronto o jantar e que já estavam colocando as coisas na mesa.
- Querido, pode pegar algo para beber. – a mulher se dirigiu ao filho, e depois para ela. – Você não é vegetariana, é?
Ela hesitou.
- Não.
- Graças a Deus!
Lindsay olhou para Alex que sorria em deboche e se afastou balançando a cabeça. Ele estava de olho nela, conhecia aquele tipo de olhar. Só esperava que não estivesse enganada, e outra não estava muito afim de se envolver com ninguém.
Ela sentou-se ao lado de sua mãe, as gêmeas ficaram de frente há ela, mas o que a mais incomodou foi sentar ao lado do adolescente que não parava de olhar para ela. Aquele jantar seria um desastre, só não disse não por causa dos seus pais que tinham costumes de jantar com eles.
À mesa já estava pronta e viu que a mulher havia caprichado na comida, havia carne assada, purê de batata, a salada da sua mãe, molho e uma travessa com verduras que presumiu ser brócolis com cenoura. Ela serviu todos, quando chegou a sua vez ela teve que pedir para não pôr o que causou vários olhares.
- Eu não como batata. – ela engoliu em seco. – Vou ficar só com a carne e as verduras. Obrigada.
- Sério que vai comer só isso?
- Sim.
A mulher olhou torto e se sentou em seguida. Sentiu que todos estavam olhando para ela como se fosse um bicho estranho. Foi então que começaram a conversarem sobre assuntos que não lhe interessavam. E o tal de Alex não tirava os olhos de cima dela, apesar de tentar disfarçar. Sabia que mal tinha acabado de chegar e já estava querendo ir embora, aquele lugar não era para ela, se estivesse Sioux Falls estaria jantando num restaurante e depois ia para o apartamento namorar, ela tinha regras de não poder beber demais ou ir em baladas.
- Essa salada sua é maravilhosa, Maggie. – Ana Lúcia elogiou fazendo os demais concordarem. – Podíamos combinar um churrasco no domingo, agora que sua família está completa.
- Seria muito bom. A Lin não vai embora tão cedo... o ex dela...
- Mamãe... será que dá para não falar sobre isso...aqui. – ela interrompeu ficando sem graça. Ninguém precisava sabe sobre seu ex idiota.
- Ai me desculpa, querida.
- Então está solteira?
Lindsay suspirou antes de responder.
- Sim.
- Eu não disse para você Alex... – o garoto falou olhando para o irmão mais velho.
Alex se encolheu ao ver que todos olhavam para ele.
- Eu não sei de nada. Era você que estava olhando as fotos dela.
- Estava vendo fotos minha na internet? – Ela indagou indignada quando ele assentiu. – Quantos anos você tem?
- Dezesseis.
Ela franziu as sobrancelhas.
- Sério?
- Sim. E sei dirigir melhor que você.
- Eu sei dirigir.
Ele sorriu zombeteiro.
- Não foi o que eu vi hoje. Se quiser posso lhe dar aulas de como...
- Erick... por favor. Quer que eu aumente o seu castigo?
- Não.
- Então feche a boca. – ela pediu e se dirigiu ao mais velho. – Eu não pedi para você ficar de olho nele, Alex.
- Eu não vou ficar vigiando-o vinte quatro horas por dia. – ralhou ele. – Não é meu filho.
- Mas é seu irmão. Me desculpa gente por isso. – ela disse olhando para Maggie.
Lindsay fez menção de se levantar. Precisava respirar ar puro, pediu licença e saiu para fora. Deu uma olhada para o seu celular, tinha muitas ligações perdidas de Pierre. Ele insistia em continuar ligando, e ela precisava trocar de número para que ele parasse de ligar, estava começando a ficar irritada com isso.
Ergueu a cabeça para o céu e contemplou as estrelas. Sorriu ao ver de como o céu naquela cidade era tão bonita, podia vê-las tão bem. Ela poderia estar bem, mas não estava.
Ouviu um barulho e virou-se, foi então que o viu. Alex estava ali, e pelo jeito estava também fugindo da mãe.
- Achei que tivesse ido embora. – ele disse.
- Não.
Ele fez cara de pouco caso e observou-o acender um cigarro.
- O que veio fazer aqui?
- Vim com os meus pais jantar.
- Não estou falando disso. Estou falando porque voltou a cidade?
Ela hesitou cruzando os braços.
- Uma filha não pode voltar a sua cidade para ver os pais. Não sabia que isso era crime.
Alex balançou a cabeça e tragou o cigarro.
- Crime não é. Mas por que demorou seis anos para sentir falta.
- Isso não é da sua conta. – ela suspirou e resmungou. – É por isso que sai daqui, todo mundo gosta de cuidar da vida dos outros.
- Pode ficar tranquila que não vou cuidar da sua vida. – tragou mais uma vez. – Mal sei cuidar da minha.
- Ótimo.
- Não deveria estar lá dentro.
- E você não?
Se entreolharam, e pode sentir seu coração palpitar. Ele podia ser estranho, mas não conseguia desviar o seu olhar para com ele. Havia algo nele que a fazia se sentir bem, era como se tivesse no lugar certo. Quando era adolescente tinha tido uma queda por um garoto que ela costumava ficar as vezes escondido, mas depois que sairá daquela cidade, ela só tivera Pierre como experiência em relações. Sabia que não tivera muita experiência nas coisas, pois havia se dedicado ao trabalho e o único que mostrará as coisas há ela nesse tempo fora Pierre, e realmente ele mostrar coisas boas e ruins ao mesmo tempo.
E olhando para Alex, ficou pensando que não deveria ter feito isso. Deveria ter explorado mais a vida, tanto no trabalho quanto nas experiências masculinas.
- Você é a visita.
- Estou como acompanhante dos meus pais e nada mais. – ela ralhou.
- Tanto faz.
Alex balançou a cabeça e jogou a bituca do cigarro no chão e se virou indo para dentro sem se importar com ela.
Deu um suspiro antes de entrar. Seus pais estavam agora conversando na sala, as crianças já não estavam ali e ficou aliviada por ver que seus pais já estavam prontos para irem embora.
No dia seguinte ela acordou toda dolorida. Foi ao banheiro e deu uma olhada na onde havia um roxo, sabia que aquilo iria demorar para sumir. A outra que ela tinha na coxa já estava quase sumindo e ficava aliviada por poder usar roupas mais curtas, já tivera uma no rosto que levou quase duas semanas para sumir e a última vez que ele colocará as mãos nela, se olhará no espelho e vira uma mulher fraca e foi então que decidiu que aquela seria a última vez que ele colocaria as mãos nela. Decidida em ir embora, arrumara a suas coisas e sairá sem avisar ninguém, nem mesmo a agência aonde trabalhava. Queria sumir e nunca mais ser vista por Pierre.
Sabia que estava fazendo errado em não ir a uma delegacia e denunciar o sujeito, mas sabia que estava fazendo o certo em voltar para casa dos seus pais, pois sabia que ali ela estava a salvo por um tempo. A cidade podia ser chata mas pelo menos ali era seguro, todo mundo se conhecia e seria mais fácil ser protegida.
Tomou banho e se arrumou antes de descer para tomar café, seus pais tinham mania de tomarem café cedo, e não queria ser deixada para trás. Entrou na cozinha e viu que seus pais já estavam tomando café e estavam meio que arrumados.
- Bom dia!
- Bom dia.
Ela sorriu e sentou-se se servindo de café.
- Vão sair?
- Vamos a igreja aos domingos.
- Sério?
- Sim.
- Uau!
- Quer vir com a gente. As gêmeas vão se apresentar hoje no coral e você vai poder rever o pessoal.
Lindsay encarou a mãe por alguns segundos, então respondeu.
- Isso soa estranho. Desde quando vocês vão a igreja?
- Desde que a família Wayne se mudou para cá.
- Sério?
- Querida, desde que você foi embora. Nós tivemos que mudar nossas vidas, e estamos felizes assim. – Sua mãe disse. – Eles são uma família muito boa.
Lindsay tomou o café e assentiu.
- Ok.
- Vai conosco para a igreja?
- Bem, não há nada para se fazer aqui.
- Ótimo. Vou terminar de se arrumar e daqui umas meia horas estaremos saindo.
Lindsay observou a mãe sair da cozinha e então sorriu para o seu pai. Não comeu muito, apenas uma torrada e já subiu para o quarto para se trocar, decidiu por um vestido tubinho vermelho com detalhes em “ V" nas costas, ainda bem que ele não era tão curto, calçou um salto alto, se maquiou e deixou o cabelo solto, gostava em deixa-lo com algumas ondas mas não teria tempo para isso então deixou-o liso mesmo.
Desceu e encontrou seus pais já há esperando. Meio que sem graça por ver que eles estavam a olhando da cabeça aos pés disse apenas que poderiam ir no carro dela e eles acabaram aceitando.
Seu pai foi dirigindo, pois não lembrava muito bem da igreja. Ela não tinha esse costume e seus pais também não, mas já que eles haviam mudado com a rotina por que não mudar também, afinal precisava andar ao lado deles, por proteção.
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Atualizado até capítulo 21
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