O frio na floresta era sufocante, e Red mal conseguia respirar. A luz da lua se infiltrava pelas copas das árvores, lançando sombras distorcidas ao seu redor. Ela sabia que aquilo não era real – ou pelo menos não completamente. Era como estar presa em um sonho, mas cada detalhe parecia tão vivo que a dúvida crescia em sua mente.
— Por que estou aqui de novo? — murmurou, abraçando a si mesma em busca de calor.
— Porque você tem um papel a cumprir.
A voz grave ecoou novamente, e Red girou sobre os calcanhares, tentando encontrar a origem. A criatura estava lá, parcialmente escondida entre as árvores. Os olhos amarelos brilhavam com intensidade, e seu corpo parecia ainda maior, como se a escuridão ao redor o alimentasse.
— O que você quer de mim? — perguntou, a raiva misturando-se ao medo em sua voz.
A criatura deu um passo à frente, suas garras arranhando o chão.
— Você me chamou. Agora deve escolher.
— Escolher o quê?
A criatura ergueu uma mão – ou algo que se assemelhava a uma – e apontou para Red.
— Você quer proteger a vila, não quer? Quer descobrir a verdade. Mas isso tem um preço. Sempre tem.
Red sentiu um nó na garganta. Aquilo não fazia sentido. Por que ela teria que pagar algo? Tudo o que queria era entender o que estava acontecendo, acabar com o medo que rondava a vila.
— E se eu recusar?
A criatura riu, um som baixo e assustador que reverberou pelas árvores.
— Você não pode recusar. As marcas no seu braço dizem que a escolha já foi feita.
Red olhou para as cicatrizes. Elas estavam brilhando intensamente agora, quase como brasas vivas.
— O que eu preciso fazer? — perguntou, mesmo que tudo dentro dela gritasse para correr dali.
A criatura inclinou a cabeça, os olhos brilhando com algo que parecia... satisfação.
— Traga-me o que eu quero, e a vila estará a salvo.
— E o que você quer?
O silêncio que se seguiu foi ainda mais aterrorizante do que a voz da criatura. Por fim, ela respondeu, cada palavra pesada como uma sentença:
— O coração de quem lidera.
Red deu um passo para trás, o sangue gelando.
— Você quer que eu...
— Não estou pedindo. Estou dizendo.
A criatura aproximou-se mais, e Red sentiu a pressão do seu olhar.
— Traga-me o coração do líder da vila antes da próxima lua cheia, ou o lobo fará sua própria escolha.
O chão tremeu sob os pés de Red, e antes que pudesse protestar, tudo desapareceu novamente.
Ela acordou com um sobressalto em sua cama, o coração disparado e o corpo coberto de suor frio.
O quarto estava calmo, mas as cicatrizes em seu braço ainda brilhavam, agora com uma intensidade que parecia pulsar.
A voz da criatura ecoava em sua mente: "Traga-me o que eu quero."
Red olhou para a janela, onde o sol começava a nascer. A tranquilidade da vila agora parecia uma ilusão frágil.
Ela sabia o que o líder da vila significava para todos. Mas sabia também que, se falhasse, ninguém estaria seguro.
E o tempo estava acabando.
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Atualizado até capítulo 24
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