Capítulo 5
O silêncio do quarto de Clara foi interrompido pelo som de uma brisa suave, mas gelada, que entrou pela janela entreaberta. O vento trouxe um arrepio que percorreu sua pele, como um toque que não era dela mesma. Ainda atordoada pelo sonho, ela sentiu uma presença novamente. Algo ou alguém estava ali, invisível, mas inegavelmente real.
Clara levantou-se da cama, sentindo os pés frios contra o chão. Ela olhou ao redor, com uma mistura de curiosidade e receio. Então, algo chamou sua atenção. Sobre a cômoda ao lado da janela, havia um objeto que não estava ali antes. Era um anel de prata, com um tom enigmático de azul profundo em sua pedra central, como um pedaço de céu noturno preso em uma joia.
Quando Clara tocou o anel, um calor inesperado invadiu sua pele, subindo por seus braços e espalhando-se por todo o corpo. Era um calor que não vinha de fora, mas de dentro, despertando uma sensação que misturava medo e uma atração inexplicável. Ela colocou o anel no dedo sem pensar, como se fosse compelida por uma força invisível.
Assim que o anel se ajustou ao seu dedo, o quarto mudou. As sombras começaram a dançar nas paredes, e o espaço ao seu redor parecia se expandir. A luz da lua, antes suave, agora projetava um brilho intenso, iluminando uma figura no canto do quarto.
Era ele.
A mesma figura de seu sonho. Agora, mais nítido, mais próximo, e estranhamente familiar. A capa negra que flutuava ao seu redor parecia se mover como se tivesse vida própria, e, apesar de seu rosto estar parcialmente escondido pela sombra, Clara conseguia ver seus lábios, levemente curvados em um sorriso que era ao mesmo tempo sedutor e perigoso.
“Você finalmente me encontrou”, ele disse, com uma voz baixa, grave, que parecia ressoar não apenas no quarto, mas dentro dela.
Clara sentiu sua respiração acelerar. A presença dele era avassaladora, e, ainda assim, ela não conseguia se afastar. Seu olhar fixava-se nos olhos da figura, que agora brilhavam como duas estrelas perdidas em uma noite sem fim.
“Quem é você?” ela conseguiu sussurrar, sua voz vacilando entre curiosidade e medo.
Ele deu um passo em sua direção, a capa deslizando pelo chão sem som. Cada movimento seu exalava uma elegância sobrenatural, um poder que parecia pulsar no ar ao redor deles. Quando ele parou diante dela, ergueu uma mão, suas longas e frias pontas dos dedos pairando a milímetros de seu rosto.
“Eu sou o que você sempre soube que estava procurando,” ele respondeu. “Mas também sou o que você mais teme encontrar.”
Antes que Clara pudesse responder, a mão dele se moveu em direção ao anel que ela usava. Assim que seus dedos tocaram a joia, ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas não era de frio. Era uma energia que a deixou sem fôlego, como se algo dentro dela estivesse sendo despertado, algo que ela não sabia que existia.
“Esse anel,” ele continuou, “é o segundo tom. Uma peça de um quebra-cabeça que você ainda não entende, mas que sempre esteve esperando por você.”
“Segundo tom?” Clara repetiu, confusa, enquanto a sensação em seu corpo se intensificava, tornando difícil pensar com clareza.
Ele assentiu lentamente, aproximando-se mais, até que ela podia sentir a proximidade de sua respiração. “Existem sete tons, cada um guardado por alguém que conhece o verdadeiro significado do que somos. O primeiro tom veio até você em um sonho, no corredor que você nunca deveria ter atravessado. E agora, o segundo encontrou seu caminho até você.”
Clara tentou recuar, mas não conseguiu. A presença dele era como um campo magnético, prendendo-a onde estava. “Por quê? O que eu tenho a ver com isso?”
Os olhos dele brilharam ainda mais intensamente, e um sorriso perigoso cruzou seu rosto. “Porque você é a chave. E eles já sabem disso.”
Antes que ela pudesse perguntar quem eram "eles", o quarto começou a tremer, e uma nova presença foi sentida. Dessa vez, o ar ficou mais pesado, como se algo sombrio estivesse prestes a surgir. Ele recuou, os olhos fixando-se em um ponto atrás de Clara.
“Eles estão vindo”, ele murmurou. “Mas não tenha medo. Ainda há tempo.”
Clara se virou, mas viu apenas sombras se agitando, crescendo como criaturas vivas. Quando olhou para trás, ele havia desaparecido. O anel em seu dedo estava mais quente agora, pulsando como se fosse um coração batendo, conectando-a a algo maior.
O que quer que estivesse acontecendo, Clara sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.
E o segundo tom era apenas o começo.
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Atualizado até capítulo 30
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