Clara lançou um olhar intrigado para o marido antes de encarar a amante, que agora estava bem à sua frente. Eduardo, com um gesto casual e nada inocente, fez questão de apresentá-la.
— Clara, acredito que se lembre da Marisa. Ela é minha assistente.
Sabendo de tudo, Clara percebeu o jeito como ele olhava para Marisa e se perguntou como nunca notara esse olhar antes. Controlando-se, decidiu reagir à altura.
— Como vai, Marisa? — perguntou, com um leve sorriso. — Não sabia que os funcionários da empresa estavam na lista de convidados. Não vi mais ninguém por aqui — disse, olhando ao redor como se procurasse outra pessoa.
Marisa não hesitou e respondeu com um tom firme:
— Não sei se outros foram convidados, mas, como o senhor Eduardo me convidou, fiz questão de prestigiar a noiva.
— Apenas a noiva? — Clara rebateu, a provocação contida em cada palavra.
Marisa o lançou um olhar frio antes de se virar para Eduardo.
— Quem mais seria? — respondeu ela, em um tom afrontoso.
A tensão entre as três figuras era nítida, e Clara sentiu que, por mais que tentasse se conter, Eduardo estava desafiando cada limite que ela ainda tentava manter.
— Ninguém. Se me derem licença, preciso cumprimentar algumas pessoas. Fique à vontade, Marisa. Acredito que já se sinta parte da família. — Clara respondeu, sua voz calma, mas carregada de sarcasmo.
Ela não conseguiu mais suportar aquele fingimento. Dentro dela, a vontade de dar um tapa em Marisa e expulsá-la dali pulsava forte, mas sabia que seria rotulada como irracional ou causadora de confusão. Engoliu mais essa afronta, decidida a não dar a eles a satisfação de vê-la perder o controle. Levar Marisa para o casamento e apresentá-la daquela maneira era uma tentativa clara de humilhá-la, mas Clara, por mais que estivesse ferida, não se deixaria esmagar.
Sem olhar para trás, começou a se afastar. No entanto, sentiu o braço ser segurado. Eduardo a puxou, fazendo-a virar de frente para ele.
— O que foi aquilo? Como pôde ser tão rude com a Marisa? — ele perguntou, a expressão séria, mas com um leve tom de reprovação.
Clara conteve a amargura, fitando-o com uma frieza recém-descoberta.
— Rude? — ela murmurou, quase incrédula. — Está se doendo por sua assistente? — Clara rebateu, a voz baixa, mas carregada de ironia. — Não sabia que eram tão próximos. Não disse nada de mais, apenas percebi o quanto ela está à vontade. Então, não fará diferença se ela tiver a minha atenção ou não... já que claramente tem a sua.
— O que está insinuando? — Eduardo apertou o braço de Clara com mais força, o tom de sua voz endurecendo.
Clara manteve o olhar fixo nele, imperturbável.
— Depois conversamos. Ao contrário de você, me importo com os sentimentos da Livia. Não farei nada para estragar esse momento único para ela.
Eduardo franziu a testa, surpreso e confuso, como se não reconhecesse a mulher que tinha diante de si.
— O que deu em você? Há poucas horas você estava sorrindo, agindo de maneira totalmente diferente. O que mudou? Sabe que não gosto de rodeios, então me diga logo o que está acontecendo.
O aperto de Eduardo se intensificou, e Clara sentiu a dor crescente no braço, mas antes que pudesse protestar, uma presença inesperada interveio.
— Licença. Senhora Clara, temos mais algumas fotos para tirar, e sua filha está procurando por você — disse Miguel, com uma calma assertiva, interrompendo o momento.
Clara voltou-se para ele, e um breve alívio atravessou seu rosto. A presença de Miguel era um respiro bem-vindo, uma oportunidade de escapar da pressão sufocante daquele confronto com Eduardo.
Eduardo soltou o braço da esposa, lançando um último olhar para o fotógrafo, que mantinha uma expressão calma. Ele encarou Clara com intensidade, deixando claro que aquilo não terminaria ali.
— Essa conversa ainda não terminou — afirmou, antes de se afastar e voltar para perto de Marisa.
Clara soltou um suspiro, tentando afastar o desconforto, e voltou-se para Miguel, que ainda exibia a mesma expressão serena de quando o encontrara no jardim.
— Vamos fazer as fotos? — Clara sugeriu, em um tom que tentava mascarar o clima tenso.
Miguel hesitou por um instante, um leve sorriso tranquilizador surgindo em seus lábios.
— Eu menti.
Clara o encarou, confusa, e Miguel prontamente explicou, o sorriso discreto permanecendo enquanto sua voz baixa trazia uma estranha sensação de conforto.
— Percebi que as coisas estavam tensas entre você e seu marido, então inventei uma desculpa para tirá-la de lá. Sinto muito pela mentira.
Clara balançou a cabeça, um alívio sincero surgindo em seu rosto.
— Eu é que agradeço a mentira. Se não tivesse me tirado de lá, talvez eu tivesse chamado atenção desnecessária, e quero que esse dia seja perfeito para Livia.
— Acredito que tudo esteja perfeito para Livia. Ela está radiante, a decoração e a festa estão impecáveis... do que ela poderia reclamar? — Miguel disse, com um sorriso tranquilo, mas seu olhar atento recaía mais uma vez sobre Clara. — Pelo que vi até agora, parece que para você a noite não está tão interessante assim.
Clara o encarou por alguns segundos, surpresa pela precisão com que ele percebia suas emoções. Era como se, entre todos ali, ele fosse o único que enxergava o que ela realmente sentia.
— Você parece ser alguém que presta bastante atenção — comentou, intrigada. — Conseguiu ler minhas emoções com bastante precisão.
Um sorriso discreto iluminou o rosto de Miguel.
— Sou um homem observador, faz parte do meu trabalho. — Ele deu uma pausa breve, mantendo o olhar sobre Clara. — E alguns detalhes… chamam mais atenção do que outros.
A resposta deixou Clara momentaneamente sem palavras, e ela se sentiu curiosamente acolhida naquela conversa, como se com Miguel ela pudesse deixar transparecer como estava por dentro, ainda que por um breve instante naquela noite tumultuada.
Após a resposta de Miguel, um breve silêncio se instalou entre eles, interrompido apenas pelo chamado animado de Livia.
— Vou jogar o buquê e quero você presente. — Ela segurou a mão de Clara, sorrindo, antes de se voltar para Miguel. — E quanto a você, Miguel, quero fotos maravilhosas.
Miguel fez uma continência brincalhona, afastando-se para registrar o momento, e deixou mãe e filha sozinhas. Assim que ele se afastou, Livia olhou atentamente para Clara, a expressão cheia de preocupação.
— Está tudo bem? Achei que você e meu pai estavam discutindo mais cedo. Você não parece muito feliz.
Clara suspirou, ocultando sua dor por trás de um sorriso tranquilizador.
— Não foi nada de mais, querida. — A mentira escapou suavemente; ela não queria que a verdade arruinasse o dia especial de Livia. — Hoje é o seu dia, e nada pode estragar isso. Vamos lá! Quero ver quem será a sortuda que vai pegar o buquê.
Com um sorriso para disfarçar, Clara seguiu Livia até o local onde ela jogaria o buquê. As convidadas começaram a se agrupar, rindo e cochichando enquanto se posicionavam, todas com a intenção de pegar o tão desejado buquê. Por um momento, Clara conseguiu se distrair, deixando-se envolver pela descontração da cena... até o instante em que Livia lançou o buquê.
O sorriso de Clara desfez-se instantaneamente ao ver o buquê nas mãos de Marisa, que exibia uma expressão de triunfo. Marisa o lançou um olhar carregado de provocação antes de desviar os olhos na direção de Eduardo. Clara acompanhou o movimento, e a visão do leve sorriso de seu marido confirmou o que ela já sabia. A dor se transformou em um sentimento gelado de certeza sobre a decisão que precisava tomar.
Aquela noite, que deveria ser marcada pelo orgulho e pela alegria por Livia, tornara-se uma mistura amarga de humilhação e desilusão. Eduardo não apenas a traíra; ele ousara trazer a amante e transar com ela no casamento da filha, uma afronta que ultrapassava qualquer limite de respeito e dignidade. A lembrança de saber que ele fora capaz de estar com Marisa, com tanta indiferença, enquanto a mantinha ao seu lado, intensificava o peso da traição.
Clara inspirou fundo, fortalecendo-se internamente. Sabia que não poderia deixar aquela humilhação passar em branco, mas também não permitiria que Eduardo e Marisa vissem o impacto de suas ações. Não, ela encontraria uma maneira de devolver a eles toda a dor, mas faria isso com calma, calculadamente, no momento certo e da sua maneira. Afinal, Clara ainda tinha sua dignidade e isso, Eduardo jamais poderia tirar dela.
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Andréa Karlla Silva Farias
A poucas horas a Clara se sentia irmã do coringa, só sabia sorrir feito uma verdadeira 🤡, mas depois que presenciou a traição se descobriu a verdadeira Alerquina kkkkkk
2024-12-06
2
Andréa Karlla Silva Farias
A idiota, solta ela e vai dar mamadeira a tua piriguete pra ver se ela se cala que daqui tá dando pra ouvir os berros da inocente
2024-12-06
2
Hanah Oliveira
Tá certa Clara!
A fúria só traz o mal!
Calma e frieza pra planejar deixando ele na miséria!
A pior vingança é deixá-lo sem dinheiro.
2025-04-14
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