Capítulo 13

...Capítulo Treze...

...***...

Albert vagueou pelos vastos salões do castelo, tentando aplacar a revolta em seu peito. Chegou até a grande sala de banquetes, palco do destino frustrado de sua cerimônia. Lá tudo ainda ostentava os preparativos para o festejo: mesas copadas de manjares, flores enfeitando cada canto, faixas de seda bordadas com seus brasões. Ao mesmo tempo, um ar desolado pairava sobre a ambiência. Como se aqueles adornos soubessem que vestiram uma festa fantasma, uma esperança de amor transformada em vazio.

Albert debruçou-se sobre o grande tablado, apoiando as mãos no pó diamantino das pétalas murchas que outrora formaram buquês. Fechou os olhos, sentindo o cheiro amargo da desilusão impregnado em tudo ali. Em meio aos pesares, ouviu uma risada irônica às suas costas.

"Vejo que a festança acabou antes do esperado, irmãozinho."

Virou-se desgastado, deparando-se com Godfrey, seu mais velho irmão.

Godfrey detinha o título de Barão das Terras do Oeste, uma vasta região fronteiriça sob seu domínio. Como primogênito, sempre desfrutou dos maiores privilégios e do favor do pai. Embora nem sempre tão habilidoso nos torneios quanto Albert, era tido como um estrategista nato e renomado comandante das hostes ducais. Sua frieza calculista na hora dos combates o tornara temido pelos inimigos.

Paradoxalmente, fora o melhor amigo de infância do falecido Príncipe Arthur. Ambos compartilhavam o espírito aventureiro e sangue quente da juventude. Godfrey ficara profundamente abalado com a trágica morte do jovem herdeiro real.

"Imaginei que viria parabenizá-lo pessoalmente." gracejou Godfrey. "Que fim mais lastimável para as esperanças do pai."

Albert meneou a cabeça, cansado demais para retrucar. Mas Godfrey insistiu:

"Concordo que você se mostrou um completo vexame..."

"Chega, Godfrey!" cortou-o Albert, exaurido. "Se veio aqui para humilhar-me, faça-o por cartas daqui em diante."

Godfrey riu friamente.

"Parece que o rei se empenha na busca da donzela. Talvez tenhamos boas novas em breve."

Albert franziu o cenho, desconfiado.

"O que sabe dessa história?"

"Ora, imagino que a doce princesa deva estar aterrada com os rumos dos fatos" sugeriu em tom debochado.

Albert suspirou.

"Acredito que sim, está assustada. Passou por uma situação terrível."

Godfrey abriu um sorriso irônico.

"Ingênuo como sempre, irmãozinho. Às vezes acho que ainda vê o mundo com olhos de criança."

"Do que está falando?"

"A princesa não é uma mulher qualquer. Não duvidaria tanto dela se fosse você. Esse sequestro pode não ser bem o que parece."

"Explique-se!"

Godfrey deu de ombros, sorrindo com descaso.

"São apenas conjecturas minhas. Talvez nosso doce cisne tenha asas mais negras do que imagina."

Albert sentiu a raiva crescer.

"Cale a boca! Você não sabe nada sobre Aveline e o caráter dela."

"E você a conhece tão bem assim?" retrucou Godfrey. "Aprenda a enxergar além do que os olhos querem ver, irmãozinho. O coração pode ser traiçoeiro."

"Chega de insinuações!"

"Como queira. Não pensei que se recusaria a ouvir notícias da amada princesa."

Albert franziu ainda mais o cenho, sentindo a curiosidade sobrepor-se à irritação. Godfrey sorriu, percebendo ter despertado sua atenção.

"Parece que a princesa foi avistado no porto da cidade. Embarcando em um navio de Provence, nada menos."

O coração de Albert gelou por breves instantes.

"Provence?!"

"E não estava sozinha. Dizem que um cavaleiro estrangeiro estava ao seu lado.

Por um instante, Albert pensou em negar com veemência tais absurdidades. Mas algo em seu íntimo já não parecia mais tão certo.

"Com quem, afinal?!" exclamou entre os dentes cerrados.

O sorriso de Godfrey se alargou, frio como geada no inverno.

"Nada mais que o príncipe Louis de Provence.”

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