Samara
— Sinto muito, Samy, queria te contar a verdade, mas seus pais insistiram que era melhor não contar nada para te proteger e quando você fez 18 anos e não teve sua primeira transformação, eles simplesmente pensaram que você nunca se transformaria e que era melhor você continuar pensando que era humana. — Lina parecia realmente arrependida.
— Meus pais também sabem? Oh! Isso fica melhor a cada momento! — bufei sarcástica passando a mão pelo meu rosto.
— E vai ficar ainda melhor, vadia! Verá quando eu te contar sobre o cio — e essa era minha amiga em seu estado puro.
— Sinto estragar a surpresa, amiga, mas você chegou tarde, já experimentei por mim mesma! — gritei irritada no telefone.
— Espera, você se transformou e entrou no cio? —
— Melhor dizendo, eu entrei no cio e depois me transformei —
— Ufff —
— Ufff? Sério que a única coisa que você tem a dizer é ufff? —
— Bom, você entrou no cio em uma cidade cheia de lobos bonitos, deduzo que você passou esses dias com um ou vários deles, o que quer dizer que você não esteve tão mal. É incrível o sexo estando no cio, não é? —
— Lina! — a repreendi
— Quem foi o sortudo ou sortudos em compartilhar seu primeiro cio? —
— Diga a ela que sou sua alma gêmea! — gritou Kai da cozinha, já que eu tinha ido até o grande salão do penthouse.
Será que ele ouviu?, pensei. Não, é impossível.
— Ele é, bom, diz que é minha alma gêmea —
— Sua alma gêmea? Você encontrou sua alma gêmea? Você se transforma pela primeira vez e encontra sua alma gêmea? Eu levo cinco anos procurando, cinco fodidos anos e você se transforma e zás!, encontra, você não sabe a sorte que tem, vadia! — a tristeza na voz de Lina fez com que minha raiva dela disparasse totalmente.
— Melhor dizendo, ele me encontrou. Quando me transformei, desmaiei de dor e ao acordar estava com ele. —
— Você tem que me contar todos os detalhes, mas será em outro momento, agora, onde você está? Tive que mentir para sua mãe quando ela ligou esta manhã dizendo que você tinha ficado para dormir na minha casa e que ainda estava dormindo —
— Continuo na cidade Ametista, acho — Kai apareceu na minha frente assentindo com a cabeça.
— Eu a levarei para ver seus pais hoje mesmo — disse o loiro.
— Que voz mais sexy tem sua alma gêmea, com certeza ele é muito gostoso! —
— Isso dizem — respondeu o loiro com um de seus preciosos sorrisos.
Olhei para ele levantando uma sobrancelha.
— Me ligue quando chegar, vadia! — minha amiga desligou a ligação.
— Acho que deveria pegar alguma roupa antes de irmos. Não acho que meus pais gostem de me ver chegar de cueca —
— Sim, isso, eu me encarrego — pegou o smartphone da minha mão e começou a escrever algo nele — pronto, Crystal te trará algo de sua roupa.
— Crystal? Loira, olhos azuis... —
— Sim, acho que não tem outra Crystal na cidade Ametista, você a conhece? —
— É a prima de Lina, minha amiga. Estava com ela quando comecei a notar as mudanças —
— Crystal é como minha irmã. O pai dela era o beta do meu pai. Algo como sua mão direita. Meu beta e melhor amigo, James, é o parceiro dela. Quando o pai dela e meus pais morreram em um acidente de avião, Crystal e sua mãe se tornaram minha única família — explicou Kai.
— Sinto muito pelos seus pais — disse sinceramente
— Obrigado, foi há muito tempo. —
Em poucos minutos Crystal já tinha chegado com uns jeans azuis, uma camiseta preta básica e uns tênis brancos tipo Converse para mim.
Depois de me trocar e de Crystal me dizer um monte de vezes o quão contente estava de que eu fosse a parceira de Kai, o loiro e eu entramos no carro dele rumo a Greenforest.
O percurso durava umas duas horas e pensei que seria bom saber mais sobre o tema das almas gêmeas e o que se supunha que tínhamos que fazer agora. Kai me explicou que aos lobisomens a deusa Lua concedia uma parceira destinada à qual chamavam alma gêmea. Quando uma alma gêmea se encontrava, criava-se uma espécie de vínculo. Esse vínculo fazia com que o casal ficasse muito mais unido, multiplicava as sensações ao ter contato com a pele do casal, fazia com que o aroma da alma gêmea fosse irresistível...
Toda essa informação me oprimiu um pouco. Kai pareceu perceber.
— Calma, tudo isso é novo para você, então vamos fazer do jeito humano — pôs sua mão sobre a minha.
— Jeito humano? —
— Bom, os humanos levam mais numa boa, podemos ir aos poucos. Quero dizer que podemos ir no ritmo que você quiser — fez uma pausa como se estivesse pensando em suas próximas palavras — Samara, você é muito importante para mim e farei todo o possível para que essa relação dê certo —
Sem perceber, um sorriso se desenhou no meu rosto ao ouvir as palavras do loiro.
O resto da viagem fizemos em silêncio. De vez em quando Kai pegava na minha mão ou me acariciava a coxa.
Chegamos a Greenforest na hora do almoço.
— Quer que a gente vá a algum lugar para comer? Posso falar com eles depois — ofereci.
— Não, você deve falar com eles o mais rápido possível. Com certeza ficarão muito contentes de ter você aqui para o almoço. Eu comerei algo no hotel — expôs Kai estacionando onde eu indiquei que era minha casa.
O loiro se ofereceu para falar com meus pais, mas eu preferia falar primeiro sozinha com eles e que ele viesse depois para o jantar. Me deu um beijo na bochecha e se despediu de mim. Era estranho, mas um sentimento de nostalgia me inundou assim que o carro de Kai se afastou para o final da rua.
Toquei na porta e minha mãe me abriu.
— Querida, você deveria ter me ligado ontem à noite para avisar que ficaria na casa de Lina — a morena me deu um grande abraço, que achei reconfortante como sempre.
— Mamãe, onde está o papai? Tenho que falar com os dois —
Meu pai surgiu com sua cabeça grisalha pela porta da sala.
— Aqui estou, querida, do que quer falar conosco? — disse sentando-se em sua poltrona.
— Quando pensavam em me dizer que sou uma loba? — soltei sem preâmbulos. A cara dos meus pais era um poema.
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Atualizado até capítulo 78
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