Capítulo 2

Kai

Meu lobo estava inquieto o dia todo. Havia um tempo que o deixava sair bem pouco porque estava com muito trabalho e atribuía a isso. A matilha Ametista tinha crescido muito nos últimos anos. Não só éramos a matilha mais extensa e com mais membros do país, também nos transformamos na mais moderna, isso fazia com que meu trabalho se multiplicasse e mal tivesse tempo para fazer rondas ou levar meu lobo para correr.

Esta noite tinha feito um espaço para acompanhar meus amigos, James e Luka, na ronda de vigilância. A noite estava tranquila. Fazia muito tempo que a guerra tinha sido erradicada e não tínhamos uma ameaça real, mas gostávamos de continuar com a tradição das rondas e ser precavidos nunca era demais.

Seguimos a trilha do rio até a parte mais profunda da floresta. O lobo de James se aproximou do rio para beber água. Era um grande lobo marrom de olhos azuis. Seu tamanho era porque era um beta. O lobo malhado de Luka o seguiu e quando fui eu beber, percebi. Um leve aroma a flores, jasmim, flor de laranjeira... Farejei para distinguir de onde vinha o fraco aroma e saí correndo em busca de sua portadora. Sabia que a dona desse cheiro era minha companheira. Nunca tinha me sentido pressionado por encontrá-la. Tinha 28 anos e nessa idade a maioria dos lobos já estão emparelhados e com família, mas era como se soubesse que em algum momento aconteceria e agora estava louco para conhecê-la.

'Kai! Onde você vai? O que aconteceu?' James me perguntou surpreso através da ligação mental.

'Minha companheira está perto' respondi me aproximando cada vez mais da fonte desse delicioso aroma.

'Nossa! Parabéns! Nesse caso, vamos na direção oposta para te dar privacidade no encontro.'

Os lobos de James e Luka deram a volta e se perderam entre as árvores. Continuei correndo perseguindo o aroma até que cheguei a uma pequena clareira na floresta e lá estava. Uma loba branca como a neve estava deitada no chão. Não se movia e isso me fez entrar em pânico, mas me aliviou não ver sangue por nenhum lado. Me aproximei e lambi seu focinho e suas orelhas. Ela se mexeu um pouco e começou a mudar para sua forma humana. Com um movimento rápido, coloquei meu corpo abaixo de sua cabeça para que não se chocasse com o chão. Notei que sua pele estava muito quente, demais e então me dei conta. Estava no cio. Mudei rapidamente, peguei-a nos braços e fui até uma das várias caminhonetes que tínhamos camufladas ao longo da floresta com roupas, comida e combustível para uma emergência. Coloquei um short de esporte e a cobri com uma camiseta três vezes maior que seu tamanho, mas que fazia sua função de cobrir o que tinha que cobrir do corpo de minha companheira.

Ouvi seus gemidos e sua verborragia incoerente, me dando a conhecer que o tempo estava se esgotando.

Dirigi como um piloto de fórmula um para chegar ao meu penthouse em um dos bairros mais exclusivos da Cidade Ametista. A maior parte do tempo ficava em uma cabana que meu pai tinha construído nas afueras da floresta. Era muito mais aconchegante e tranquila que o penthouse, mas agora me pegava do outro lado da floresta e precisava de um lugar para levar minha companheira o mais perto possível.

Deixei a caminhonete estacionada na porta e subi com minha companheira nos braços.

—Quem é você? Por que cheira tão bem? — o elevador chegou ao último andar. Tínhamos chegado em casa.

Minha companheira parecia um filhote de veado deslumbrado na estrada. Sua respiração era rápida e podia ouvir como o coração ia sair do peito. Ficou encostada em uma parede segurando a barra da camiseta xl que tinha colocado.

—Me chamo Kai e sou seu companheiro, não vou te fazer mal — coloquei as palmas das minhas mãos para cima em sinal de paz.

—Meu o quê? — sua voz soava confusa — Ah, meu Deus, de novo não!

Sua pele se tornou rosada, sua respiração acelerou ainda mais. Cambaleou para a frente e corri até ela para evitar que caísse.

—O que está acontecendo comigo? — sua voz soou desesperada e soube que não tinha ideia do que estava ocorrendo.

—Você está entrando no cio —

—O quê? — sua pele estava ardendo e ela parecia ainda mais confusa.

—Como você se chama?

—Samara — respondeu com um fio de voz.

—Bem, Samara, você é uma loba e está entrando no cio. Eu sou seu companheiro, sua parceria destinada e estou — não tive tempo de dizer mais nada quando ela se apoderou dos meus lábios.

Seus lábios eram doces, um manjar que nunca me cansaria de saborear. Minha língua se fez caminho entre seus lábios e buscou a dela para começar uma dança sem fim e se apoderar de cada canto de sua boca.

Estava extasiado. Minhas mãos moldaram sua figura por cima da camiseta até que chegaram ao seu lindo traseiro. Não pude evitar levantar o tecido e afundar meus dedos nessas redondezas tão perfeitas. Ela ofegou e de repente me dei conta de que eu também estava entrando no cio.

Acontecia com a maioria dos casais. Quando um entrava no cio, arrastava o outro para que pudessem acasalar. Afinal, era nossa parte animal que entrava no cio para procriar e continuar com a espécie. Nossa parte racional ficava em segundo plano nesses dias, latente esperando seu momento para voltar a dominar a situação.

Eu não podia me deixar dominar pelo meu animal. Acabei de encontrar minha companheira, ela estava agindo dominada por sua loba e me odiaria se nossa primeira vez fosse dessa maneira. Tinha que controlar meu lobo.

—Samara, você está ardendo, vamos te dar um banho de água fria — a peguei pela cintura para guiá-la até o banho.

Grunhiu em sinal de protesto e pulou em cima de mim colocando suas pernas ao redor da minha cintura.

—Faça parar — sussurrou no meu ouvido se esfregando contra minha pélvis.

—Temos que te tirar esse calor, vamos ao banho — direcionei-me ao banho com ela nos braços. A sentei na pia do lavatório e abri a água do chuveiro. Quando me virei ela já tinha tirado a camiseta e estava totalmente nua. Meu lobo arranhava por sair. Tive que reunir o pouco de sanidade que restava em mim para não me jogar em cima dela e fazê-la minha em cada uma das posições que passavam pela minha mente.

—Concentre-se, Kai — me recriminei.

Me aproximei dela para pegar sua mão e assim puxá-la para dentro do chuveiro, mas ela foi mais rápida e me prendeu entre suas pernas.

—Não devemos. Você está no cio e eu nunca me perdoaria se você me recriminasse por ter te feito minha pela primeira vez sem estar em todos os seus sentidos. —

Ela colocou sua mão no meu peito e passou suas unhas pelos meus abdominais.

—Por favor — suplicou — faça-me sua, faça parar esse calor.

Consegui puxá-la e colocá-la debaixo da água fria. Ela gritou pela mudança de temperatura e aos poucos foi se acalmando.

—Está melhor? — perguntei envolvendo-a em uma toalha.

—Acho que sim — respondeu tímidamente sem me olhar.

Acompanhei-a até a cama e quando ia dar-lhe alguma roupa minha para vestir, a primeira onda de calor do meu cio me atingiu. Corri até o banho e me coloquei debaixo do jato de água fria. Por mais fria que estivesse a água, era incapaz de esfriar meu ardor. Comecei a me acalmar um pouco quando a segunda onda me atravessou e soube que seria quase impossível me resistir.

Saí do banho com uma toalha cobrindo minha parte inferior, esperando que Samara tivesse adormecido e tivéssemos algumas horas de descanso dessa luta carnal, mas não, minha companheira estava bem acordada e sua pele estava avermelhada por sua alta temperatura.

—Kai, preciso de você — sussurrou estendendo a mão em direção a mim.

Puxou minha mão e fez com que me deitasse ao seu lado. O aroma de sua excitação era exquisito, estava por toda a sala e me nublava ainda mais a mente.

Em um movimento rápido, ela se colocou a cavalo em cima de mim.

—Por favor — voltou a suplicar com voz desesperada — faça-me sua e faça parar esse calor.

—Tem certeza? — a pouca sanidade que me restava já tinha se esgotado e só queria saber se ela desejava tanto quanto eu o que ia acontecer.

—Nunca estive mais certa de algo na minha vida. Faça-me sua agora, Kai! Faça parar esse calor!

Virei-a deixando-a imobilizada debaixo do meu corpo. Lancei-me à sua boca como um náufrago a um salva-vidas enquanto minhas mãos exploravam cada centímetro de sua pele.

Não queria que nossa primeira vez fosse assim, mas ambos estávamos no cio e não havia mais volta. Meu raciocínio desapareceu e meus instintos tomaram conta de mim, liberando nossa paixão.

Estar dentro do meu parceiro era estar no céu e terminamos os dois com um orgasmo espetacular.

Estava exausto, como se tivesse acabado de correr uma maratona e numa espécie de nuvem de felicidade, como se tivesse tomado a última droga sintética.

Não, definitivamente isso não era igual ao sexo que eu tinha tido antes. Ela era minha alma gêmea, minha parceira destinada, que já amava e iria amar e proteger pelo resto da minha vida.

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