Samara
Acordei com outra onda de calor e com o corpo todo suado.
Olhei ao meu redor e vi que estava em um quarto que não conhecia. Como diabos cheguei aqui? Algo se moveu ao meu lado e, ao olhar, vi um homem deitado de bruços. O lençol cobria-o da cintura para baixo, felizmente. Era, literalmente, um deus grego. Lábios grossos e rosados, sobrancelhas definidas, cabelo loiro algo comprido, pele dourada, músculos tonificados, tablete de chocolate e aquele V que se perdia debaixo do lençol. Deus! Como desejava dar uma olhada debaixo daquele lençol. Mas que diabos estava acontecendo comigo? Eu não era assim.
Movi-me até sentar na cama e percebi que estava nua. Nesses momentos vieram à minha mente imagens do que tinha acontecido há algumas horas. Eu, como gata no cio, esfregando-me no loiro e pedindo-lhe que me fizesse sua. O rosto sorridente dele entre os meus... Kai! Chama-se Kai, lembrei-me.
Também vieram à minha mente imagens de mim transformando-me em loba, uma loba branca. Depois tudo ficou preto e, ao acordar, estava com Kai, que me dizia que era sua companheira, sua... alma gêmea? Será uma nova forma de paquerar? Outra onda de calor me atravessou e contorci-me na cama sem querer fazer barulho para que o loiro não acordasse.
Saí da cama e fui até à porta onde supus que estaria o banheiro. Acertei e entrei debaixo do chuveiro abrindo a água fria. A água estava gelada, mas meu corpo continuava ardendo. Então lembro-me que Kai disse que eu estava no cio, no cio como um animal? Se fosse assim, supunha que o frio poderia aliviar algo, mas não faria com que o mal-estar fosse embora completamente.
Um aroma a chocolate e morangos inundou meus sentidos e só queria devorar o dono de tão exquisito cheiro.
Antes que eu me virasse, Kai abraçou-me por trás e beijou meu pescoço, mandando uma corrente elétrica por todo o meu corpo.
— Outra onda de calor? — sussurrou no meu ouvido.
Estava tão sobrecarregada que não me saíam as palavras e só pude assentir.
Kai pegou meu queixo com seus dedos e girou meu pescoço até que nossas bocas se juntaram em um apaixonado beijo. Nesse preciso instante deixei de pensar. Ai, mãe, aqui vamos nós outra vez!
— Quer que eu te ajude? — perguntou sensualmente olhando-me nos olhos.
Se estivesse em meu juízo perfeito teria morrido de vergonha, mas neste estado de loucura transitória tudo me dava igual.
— Quanto tempo vai durar isto? — perguntei agitada. Quase me custava respirar.
— Uns quatro dias — respondeu ele.
Genial! Isto era realmente genial. Estava zangada por sentir-me assim, por não compreender o que me passava, mas sobretudo estava acalorada e excitada e quando não pude mais aceitei a ajuda do loiro e acabámos sucumbindo à paixão.
Depois disso estive dormitando um pouco e cada vez que despertava o horrível calor voltava.
Gostava de sexo, não era nenhuma puritana, mas esta sensação de não ter controle sobre mim não me agradava.
Passei três dias e três noites com o maldito cio. Havia momentos em que estava mais lúcida, mas outros era como se fosse uma mera espectadora de meus próprios atos. E não, não vou dizer que não desfrutava de me deitar com o puto deus grego loiro porque era muito bom e fazia-o muito bem, muito muito bem, mas não ter pleno controle do meu corpo e ir rogando como gata no cio para que me montasse ia contra minha natureza e isso fazia com que tivesse uma constante luta interna que me tinha esgotada mentalmente. Bem, a parte física também estava esgotada, mas já sabia o porquê.
Ao quarto dia despertei, finalmente, sem nenhuma onda de calor. Todas as lembranças dos acontecimentos dos dias posteriores explodiram na minha cara. O loiro dos meus tormentos estava dormindo de bruços ao meu lado com seu cabelo desarrumado e deixando-me à vista suas costas bronzeadas. Tinha várias tatuagens nessa zona que o faziam parecer mais sexy se coubesse. Na omoplata direita uma espécie de lobo envolto em chamas que lhe abrangia parte do braço, umas letras ao final de sua coluna no que pressupunha que era hebreu ou alguma língua antiga e uma espécie de desenho tribal no costado esquerdo.
Levantei-me sem fazer ruído e abri uma das portas que havia no quarto. Era um vestiário e procurei alguma roupa que pudesse vestir. No final optei por uma camiseta e uns boxers porque tudo era roupa que supunha que seria de Kai. Entrei no banheiro para tomar um duche rápido e fui à cozinha, a que recordava ter visto fugazmente em alguma das poucas vezes que havíamos saído do quarto. Nem sequer recordava quando havia ingerido algo de comida pela última vez.
Abri os móveis e encontrei cereais, farinha, café e algumas coisas que podia utilizar. Na geladeira havia leite, fruta e iogurtes. Sempre gostei de cozinhar, era algo que me relaxava e nesses momentos precisava disso. Em pouco tempo tinha um grande prato cheio de panquecas com xarope, café recém-feito, cereais e fruta cortada. Estava terminando de pôr tudo na mesa quando o delicioso aroma a chocolate e morangos invadiu meus sentidos. Por que diabos tinha que cheirar também? Seguidamente Kai apareceu pela porta da cozinha recém-banhado, com só uma calça curta de desporto vestida.
— Bom dia — disse timidamente enquanto sentava-se em um dos bancos.
— Bom dia, não sabia se gostavas de panquecas assim que também tirei cereais. —
— Sim, adoro panquecas — dedicou-me um dos seus preciosos sorrisos com suas covinhas.
— Café? —
— Sim, por favor. —
Começámos a comer em completo silêncio. Sentia-me totalmente envergonhada de tudo o que tinha feito e dito nos dias anteriores, mas tinha demasiadas perguntas na minha cabeça para continuar calada e suspeitava que o loiro tinha as respostas.
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Atualizado até capítulo 78
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