Capítulo 4

Depois de um banho demorado e mais uma troca de carinhos debaixo do chuveiro,  Apólo e Alessia desceram para tomar café da manhã. Encontraram Salvatore já na cozinha, sentado à mesa, com uma xícara de café na mão e os olhos fixos no celular.

Ao perceber a presença dos dois, ele pousou o aparelho sobre a mesa e ergueu os olhos com um leve sorriso.

— Bom dia, pombinhos!

— Bom dia, senhor Salvatore — responde Alessia, sorridente.

— Já chegou? — pergunta  Apólo, surpreso.

— Bom dia pra você também, filho.

— Hm... bom dia.

Os três sentaram-se juntos para o café da manhã. A conversa foi leve e rápida. Assim que terminaram, Apólo levou Alessia de volta pra casa.

— Posso entrar? — perguntou ele, com um sorrisinho malicioso.

— Não! — respondeu ela, séria, mas logo deu risada. — Tô brincando, entra logo.

— Agora não quero mais.

— Ah, para com isso!

— Tô brincando, gatinha. Mas hoje não dá mesmo… preciso voltar pra preparar a aula de amanhã.

— Eu sei. A gente se vê durante a semana, então.

— Combinado! E hoje, o que vai fazer sozinha? Vai sair com a Martina?

— Acho que não. O Fabrízio chega de viagem hoje, então ela provavelmente vai ficar com ele o dia inteiro. Mas tá tudo certo, vou aproveitar pra descansar. Amanhã a rotina já volta com força.

— Verdade… bom, então vou indo. Qualquer coisa, me liga.

— Tá bom, amor. Beijos!

Apólo foi embora, e Alessia entrou em casa. Foi direto até a cozinha, tomou um copo d’água gelada e seguiu para o escritório, onde aproveitou a paz do domingo para colocar a vida profissional em ordem. Enquanto revisava documentos e fazia anotações para a semana, o celular tocou. Era Martina.

📞

— Oi, amiga! Tá aproveitando o seu gatão? — disse Alessia, com um sorriso na voz.

— Siim! Aproveitando horrores! E você? Aposto que passou a noite inteira nos amassos com o Apólo.  Acertei?

— Acertou! — riu Alessia. — Mas agora tô aqui em casa, organizando coisas do trabalho. O Apólo foi cuidar da aula dele.

— Entendi… quer que eu passe aí mais tarde?

— Não precisa, amiga. Aproveita o seu momento com o Fabrízio.

— Ah, vou aproveitar mesmo! Hoje vai ser intenso!

— Hahaha! A gente se vê durante a semana, então.

— Com certeza. Beijos, amiga!

— Beijos!

Alessia desligou, sorriu sozinha e voltou ao foco.

No dia seguinte…

Como de costume, Alessia acordou cedo para mais um dia de trabalho. Trabalhando como estilista, ela mantinha uma rotina elegante até nos detalhes. Depois do banho, secou o cabelo com capricho, escolheu uma roupa elegante e finalizou com seus perfumes importados, um aroma marcante, à altura de sua personalidade.

Assim que terminou de se arrumar, Alessia desceu para a cozinha. Estava sem fome e também um pouco atrasada, então pegou apenas uma fruta e saiu. Entrou no carro e seguiu para o trabalho.

Ao chegar no ateliê, foi recebida com certa ansiedade pela equipe.

— Bom dia, senhorita Alessia. Estávamos a esperando para organizar o desfile.

— Bom dia, pessoal! Me atrasei um pouco, me desculpem. Vamos começar?

— Claro. Precisamos definir as peças que vão entrar na passarela.

— Certo. Como eu disse antes, vamos com peças bem coloridas, com tons vibrantes. É verão, né, gatas? — disse ela com um sorriso.

— Entendido!

— Ótimo! Temos muito o que organizar ainda hoje, então mãos à obra!

Mais tarde…

Após um dia produtivo, Alessia passou em uma cafeteria antes de ir para casa. Pediu um cappuccino e se sentou sozinha, folheando um livro de moda enquanto aproveitava a pausa silenciosa.

Depois, foi para casa. Tomou um banho, vestiu um roupão e deitou na cama. Pegou o celular e ligou para Apólo.

📞

— Oi, gatinha!

— Oi! Já tá em casa?

— Tô sim. E o seu dia, como foi?

— Foi tranquilo. Estamos organizando um desfile.

— Hmmm… vai ter muita mulher bonita desfilando?

— Como é que é, Apólo?!

— Tô brincando, pô!

— Muito engraçado, viu…

— E agora, o que você tá fazendo?

— Deitada, só de roupão.

— Sem nada por baixo?

— Exatamente.

— Nossa, não me fala isso… como eu queria estar aí agora!

— Chega de besteira, vou desligar.

— Ah, agora vou sonhar com você desse jeito.

— Palhaço!

Dois meses depois…

Alessia estava no trabalho, mas a cabeça longe. O comportamento de Apólo nas últimas semanas vinha mexendo com ela. Ele estava diferente. Frio. Quase dois dias sem atender, sem mandar sequer um “bom dia”.

— Senhorita Alessia? Está tudo bem? — perguntou uma das funcionárias.

— Oi? Desculpa… me distraí.

— Se quiser, podemos continuar amanhã.

— Não, tudo bem. Vamos terminar isso hoje.

— Estávamos decidindo as cores da próxima peça. Cores quentes, frias ou neutras?

— Quentes, com certeza. A modelo é uma negra linda,e vai destacar muito bem. Vermelho, laranja… Rosa-choque também. Vai ficar perfeito.

Pouco depois, a reunião chegou ao fim.

— Então é isso por hoje. Obrigada, pessoal. Bom fim de semana!

— Igualmente, senhorita Alessia!

Alessia saiu, entrou no carro e, antes mesmo de ligar o motor, tentou ligar para Apólo, mais uma vez.

Dessa vez, ele atendeu.

📞

— Oi, gata!

— Oi gata?! Dois dias sem me responder e vem com “oi gata”?

— Desculpa, tá uma correria aqui…

— Apólo, você não me liga, não responde, não manda mensagem…

— É semana de provas na universidade, você sabe como fico atolado.

— Sei, mas dessa vez tá diferente. Você tá distante.

— Não, Alessia. Tá tudo normal, só tô sobrecarregado, juro. Quer jantar comigo hoje? A gente conversa melhor.

— Pode ser. É bom mesmo que a gente converse.

— Te pego às oito, combinado?

Mais tarde…

No restaurante, Alessia foi direta.

— Pode me explicar por que anda tão distante?

— Eu? Não tô distante… só muito focado no trabalho.

— Não dá tempo nem pra mandar uma mensagem? Nem à noite? Você sempre arrumava um jeito antes.

— Eu sei… e sinto muito por isso. Vou mudar, prometo.

— Não é só por isso. Você tá frio. Não fala mais as coisas que falava. Antes, você era todo cheio de graça… eu nem lembro a última vez que ficamos juntos de verdade. Nunca foi assim entre a gente.

— Tá dizendo que tá chateada porque eu não falo mais em sexo?

— Não, Apólo! Não é sobre sexo. É sobre como você mudou de repente e acha que eu não percebi. Eu só queria entender.

— Tá bom… você tem razão. Desculpa mesmo. Eu não queria te deixar assim.

— É só que… sinto que você tá se afastando, e não diz o porquê.

Ele respirou fundo, depois segurou o queixo dela com carinho, olhando em seus olhos.

— Vamos fazer o seguinte: passa o fim de semana comigo. Todo ele. Só nós dois. Sem distrações, sem sumiços. Me dá essa chance?

— Não sei se isso resolve…

— Eu quero resolver. Me deixa cuidar de você. Me desculpa pelo sumiço. Não vai mais acontecer.

— Tá bem… assim espero.

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