Capítulo 5 - Queria um motivo

A minha mãe me responde:

- Alô, quero saber se vai voltar pra casa?

Eu:

- Mãe, vou voltar depois do café, tudo bem?

Cecília:

- Quando chegar aqui a gente conversa.

Eu:

- Eu fiz algo?

Cecília:

- Fez sim, não veio pra casa quando eu disse.

Eu:

- Mas, a senhora não me disse a hora exata pra voltar.

Cecília:

- Não vou discutir por ligação, quando chegar a gente conversa.

A chamada se encerra, e fico bem confusa. Cecília não deixa as coisas esclarecidas muito bem, para depois vir me ferrar e eu devia ter desconfiado disso. Retorno para tomar café, e dona Iara questiona:

- Tudo bem, querida?

Eu:

- Sim, era a minha mãe.

Iara:

- Qualquer coisa estou aqui, Milena. Pode contar comigo.

Juliano desce, e se junta a nós:

- Bom dia, mãe. Bom dia, amor.

Iara:

- Bom dia, filho.

Eu:

- Bom dia, amor. Acordei mais cedo e resolvi descer.

Juliano sorrir e me dá um selinho. Ele responde:

- Tudo bem, Milena. Estava cansado, a noite foi longa.

Eu:

- Foi mesmo.

Iara:

- Dormiu bem, Juliano?

Juliano:

- Muito bem, mamãe. Cadê o pai?

Iara:

- Foi fazer o cooper diário dele, daqui a pouco tá por aqui.

Após alguns minutos, senhor Cássio chega e junta - se a mesa. O café da manhã flui tranquilamente; em seguida, o meu namorado me acompanha até a minha residência. Ainda tenho uma péssima sensação, sinto - me observada, e como se estivesse alguém me seguindo. Tomara que seja apenas algo da minha mente, sei lá. Acho que é isso, coisa da minha cabeça.

Nos despedimos, ele foi embora. Abro a porta, e Marina já estava plantada lá:

- Lembrou que tem casa, Milena?

Reviro os olhos, e falo:

- Cuidar da própria vida é o conselho que sempre te dou.

Marina rir:

- Não, mas eu prefiro te atormentar, irmãzinha.

Eu:

- Com licença, eu preciso subir.

Marina:

- Sua mãe estar uma fera hoje, cuidado.

Eu:

- Agradeço a sua intromissão, mas já sei disso.

Marina:

- Vai ser muito legal, ver ela te colocar no seu lugar. Vou assistir de camarote, Milena.

Ela some da minha visão, quando entro na sala, a minha mãe indaga:

- Por que demorou, Milena?

Eu:

- Avisei pra senhora que ia tomar café, lembra?

Cecília:

- Olha lá, como você fala comigo, p0rra! Por que não voltou logo, quando eu liguei?

Eu:

- Mãe, expliquei já. Me desculpa, isso não vai mais se repetir.

Cecília:

- Vai se repetir, sim. Eu te conheço, garota! Nunca muda, nunca me escuta, igual aquele desgraçado do seu pai, e a raça podre dele!

Eu:

- Não entendo a senhora, me disse ontem que não se importava, que eu podia dormir lá. E agora, estar desse jeito?

Cecília:

- Não quer ouvir merda, é muito simples, Milena, arruma um emprego e dá o fora daqui!

Balanço a cabeça, e respondo:

- Pode ficar, tranquila. Que eu vou fazer isso mesmo, dona Cecília. Só quero saber uma coisa, por que me odeia tanto?

Cecília:

- Cala boca e sobe, Milena.

Eu:

- Me diz, mãe. Por que?

Cecília:

- Olha essa foto aqui.

Joga uma foto do meu pai ausente, na minha cara e fala:

- Tá vendo aí, você é a cópia feminina dele! Queria um motivo, então estar ai!

Eu:

- Isso não tem sentido nenhum, eu não sou aquele filho da put4! Sou Milena, outra pessoa que insiste em ferir.

Cecília:

- Procura isso toda vez, já parece com ele e ainda vacila assim? Já chega disso, vai pro o seu quarto!

Eu:

- Se incomodo assim, por que não me entregou pra adoção?

Cecília:

- Não fiz isso, porque é minha filha.

Eu:

- Sabe que estar sendo injusta comigo, que bom saber agora os seus motivos, mamãe.

Cecília:

- É assim que me sinto, não ligo se é justo ou não.

As lágrimas caem do meus olhos contra a minha vontade, digo:

- Dói demais… ouvir isso vindo de você. Quando, eu arrumar um emprego, sumo daqui na mesma hora.

Marina vê tudo e sorrir da situação, corro e vou pro meu quarto. Escuto a minha mãe gritar:

- Dói em mim, ter dito isso também!

Sinceramente, não entendo a minha mãe. Me trata que nem lixo, por causa daquele maldito que nos abandonou. Não vou carregar uma culpa que não me pertence, não é justo isso.

Passei o resto do sábado estudando bastante, preciso passar nesse vestibular e ir pra faculdade. Alicia me liga, e atendo no terceiro toque:

- Alô, amiga.

Alicia:

- Oi, amiga. Tá fazendo o quê?

Eu:

- Oi, Ali. Tô estudando, amiga.

Alicia:

- Tudo bem? Parece que estar triste?

Eu:

- Um pouco, eu e a minha mãe brigamos de novo.

Alicia:

- Vish, ela disse coisas pesadas, né?

Eu:

- Disse como sempre, até me sugerir uma expulsão ela fez.

Alicia:

- Oh, nem sei o que te dizer amiga. Nem eu que já fiz muita merda, a minha mãe nunca fez isso. Isso não é justo com você, é uma pessoa boa, bem melhor que eu.

Eu:

- Mas, ela gosta de me magoar. Sempre que pode, mas e aí como você tá?

Alicia:

- Bem, apesar de tudo. Posso passar aí, pra conversamos mais?

Eu:

- Pode vir, vou te esperar.

Alicia:

- Chego aí em quinze minutos, beleza?

Eu:

- Fechou amiga, tô esperando hein.

A chamada termina, me deito e fito o teto entediada. Quando, alguém bate na porta:

- Quem é?

- Sou eu, sua mãe.

- Entra.

A mesma abre a porta, e entra. Ela diz:

- Vou fazer compras, quer algo?

- Pra quê? Pra jogar na minha cara depois?

- Descontrai um pouco, venho em paz.

- Quero ver até quando? A senhora oscila demais, né?

- Não sou podre assim.

- A senhora me magoou demais, como sempre. E depois vem aqui, como se nada fosse? Não quero nada de especial, o mesmo que comprar pro outros, compre pra mim.

- Sei te magoei muito você, e sou uma péssima mãe. Peguei pesado demais contigo, me perdoa, Milena.

- Perdoo sim, porque sou trouxa.

- Desculpa, você não tem que carregar um peso que não é seu.

- Tudo bem, vou querer aquele iogurte que acabou.

- Sim, posso te pedir uma coisa?

- Claro.

- Um abraço.

Nós abraçamos após aquele caos, era assim. Atualmente melhorou, depois que passamos por uma terrível provação. Mas isso, vou contar mais adiante.

Após quinze minutos, a minha amiga chega:

- E aí, amiga?

- Chegou na hora marcada, hein.

A mãe dela acompanhar, dona Laura me cumprimenta:

- Olá, Milena. Como estar?

Eu:

- Muito bem, que bom revê -la.

Laura:

- Igualmente, Alicia juízo. Quando quiser ir pra casa me liga.

Alicia:

- Tá bom, mãe.

Laura:

- A cidade estar muito perigosa, cuidado. Milena, cuide - se também. Até logo, garotas.

A mãe da minha amiga sobe na moto novamente, e segue rumo a estrada. Digo pra Ali:

- Entra, Ali.

Entramos, e ofereço algo para beber:

- Quer uma água, ou outra coisa?

- Quero água.

- Aqui, bora subir.

Nós duas fomos para o meu quarto, e ela fala:

- Tá melhor, amiga?

- Melhorei, mas confesso que não entendo ela. Me trata mal, por bobagem.

- Como assim?

- Só porque pareço com aquele lá que me abandonou.

- Que besteira, com todo respeito a sua mãe não bate bem da cabeça.

- a minha mãe nunca fez isso, mesmo eu dando motivo pra isso.

- Não dou muitos motivos, mas sempre engulo sapo aqui.

- Ela pediu desculpas?

Capítulos
1 Capítulo 1 - Manhã Normal
2 Capítulo 2 - Não assistem noticiário?
3 Capítulo 3 - Já tive sua idade
4 Capítulo 4 - Ele advinhou
5 Capítulo 5 - Queria um motivo
6 Capítulo 6 - Bateu a cabeça no passeio?
7 Capítulo 7 - Trinta anos mais velho
8 Capítulo 8 - Ela nunca superou
9 Capítulo 9 - Sempre estranha
10 Capítulo 10 - Houve uma complicação
11 Capítulo 11 - O luto é difícil e doloroso
12 Capítulo 12 - Uma taça de vinho
13 Capítulo 13 - E vai ter babá sim.
14 Capítulo 14 - Tô cansada de você
15 Capítulo 15 - Por que eu?
16 Capítulo 16 - Robert Whytten
17 Capítulo 17 - Estou obcecado por essa garota
18 Capítulo 18 - Como assim?
19 Capítulo 19 - Mais uma sumiu
20 Capítulo 20 - Um rosto familiar
21 Capítulo 21 - Oposto de estar bem
22 Capítulo 22 - Preciso sobreviver a isso
23 Capítulo 23 - Perturbador demais
24 Capítulo 24 - O meu pior pesadelo
25 Capítulo 25 - Manchetes dos Jornais
26 Capítulo 26 - Sexto sentido
27 Capítulo 27 - Tirei uma foto
28 Capítulo 28 - Mundo pequeno
29 Capítulo 29 - Estranho demais
30 Capítulo 30 - Não muda nada
31 Capítulo 31 - No canto do vídeo
32 Capítulo 32 - Quero um favor seu
33 Capítulo 33 - Sabotagem
34 Capítulo 34 - Desconfiam de quem?
35 Capítulo 35 - Sempre exagerada
36 Capítulo 36 - Queria denunciar um amigo
37 Capítulo 37 - Tudo estar tão confuso
38 Capítulo 38 - Uma dor dilacerante
39 Capítulo 39 - Ser uma mãe bem melhor
40 Capítulo 40 - Ele não mudou nada
41 Capítulo 41 - Parecia um sonho distante
42 Capítulo 42 - Onde estava esse tempo todo?
43 Capítulo 43 - Tenho um pedido
44 Capítulo 44 - Eles te seguiram
45 Capítulo 45 - Sufocantes e Perturbadores
46 Capítulo 46 - Lembrar sempre
47 Capítulo 47 - Contar tudo
48 Capítulo 48 - Apartamento no centro
49 Capítulo 49 - Quadro de fotos
50 Capítulo 50 - Término
51 Capítulo 51 - Não apaga, mãe
52 Capítulo 52 - Amei esse corte
53 Capítulo 53 - Pedi a sua opinião?
54 Capítulo 54 - Como um tsunami
55 Capítulo 55 - Três anos
56 Capítulo 56 - O que me tornei?
Capítulos

Atualizado até capítulo 56

1
Capítulo 1 - Manhã Normal
2
Capítulo 2 - Não assistem noticiário?
3
Capítulo 3 - Já tive sua idade
4
Capítulo 4 - Ele advinhou
5
Capítulo 5 - Queria um motivo
6
Capítulo 6 - Bateu a cabeça no passeio?
7
Capítulo 7 - Trinta anos mais velho
8
Capítulo 8 - Ela nunca superou
9
Capítulo 9 - Sempre estranha
10
Capítulo 10 - Houve uma complicação
11
Capítulo 11 - O luto é difícil e doloroso
12
Capítulo 12 - Uma taça de vinho
13
Capítulo 13 - E vai ter babá sim.
14
Capítulo 14 - Tô cansada de você
15
Capítulo 15 - Por que eu?
16
Capítulo 16 - Robert Whytten
17
Capítulo 17 - Estou obcecado por essa garota
18
Capítulo 18 - Como assim?
19
Capítulo 19 - Mais uma sumiu
20
Capítulo 20 - Um rosto familiar
21
Capítulo 21 - Oposto de estar bem
22
Capítulo 22 - Preciso sobreviver a isso
23
Capítulo 23 - Perturbador demais
24
Capítulo 24 - O meu pior pesadelo
25
Capítulo 25 - Manchetes dos Jornais
26
Capítulo 26 - Sexto sentido
27
Capítulo 27 - Tirei uma foto
28
Capítulo 28 - Mundo pequeno
29
Capítulo 29 - Estranho demais
30
Capítulo 30 - Não muda nada
31
Capítulo 31 - No canto do vídeo
32
Capítulo 32 - Quero um favor seu
33
Capítulo 33 - Sabotagem
34
Capítulo 34 - Desconfiam de quem?
35
Capítulo 35 - Sempre exagerada
36
Capítulo 36 - Queria denunciar um amigo
37
Capítulo 37 - Tudo estar tão confuso
38
Capítulo 38 - Uma dor dilacerante
39
Capítulo 39 - Ser uma mãe bem melhor
40
Capítulo 40 - Ele não mudou nada
41
Capítulo 41 - Parecia um sonho distante
42
Capítulo 42 - Onde estava esse tempo todo?
43
Capítulo 43 - Tenho um pedido
44
Capítulo 44 - Eles te seguiram
45
Capítulo 45 - Sufocantes e Perturbadores
46
Capítulo 46 - Lembrar sempre
47
Capítulo 47 - Contar tudo
48
Capítulo 48 - Apartamento no centro
49
Capítulo 49 - Quadro de fotos
50
Capítulo 50 - Término
51
Capítulo 51 - Não apaga, mãe
52
Capítulo 52 - Amei esse corte
53
Capítulo 53 - Pedi a sua opinião?
54
Capítulo 54 - Como um tsunami
55
Capítulo 55 - Três anos
56
Capítulo 56 - O que me tornei?

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!