Acordei com uma ligação repentina da minha chefe.
— Alô, tudo bem chefe?
— Olá, espero você em 30 minutos aqui.
O quê? Mas são 5:00 horas da manhã, o que ela pensa que está fazendo.
— Filha? Já está de pé essa hora da manhã?
— A minha chefe me ligou, disse que era para me estar lá em 30 minutos, não entendi nada.
— Mas para quê?
— Também não sei… Aí eu estou tão furiosa.
— Se acalma… Coma alguma coisa.
— Não, não dá tempo, mas obrigado.
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— Então, chamei vocês aqui para dar um comunicado, quero que saibam que foi uma honra enorme trabalhar com vocês e ser chefe de vocês, mas… Mas infelizmente iremos fechar a lanchonete.
— O quê?
— Eu sei que vocês não querem perder o emprego de vocês, mas seria injustiça minha deixar vocês trabalharem sem a esperança de que vão ou não receber o salário no próximo mês… Vocês se esforçaram demais, a cada manhã vocês estavam dispostos mesmo estando cansados, colocar um sorriso no rosto não é para qualquer um, e vocês conseguiram, conseguiram todos os dias, valeu por tudo pessoal… Bem, eu vou pegar um empréstimo no banco e pagar os dois meses de salário atrasado e o desse mês… Não sei muito bem se vou vender ou alugar esse lugar… Então se vocês conhecerem alguém que se interesse, e só entrar em contato.
Ninguém sabia o que fazer, por um lado ninguém queria se despedir da lanchonete e por outro lado, todos precisavam do dinheiro, porque trabalhar só por amor, não enche barriga, naquele momento a senhorita Sintia só queria um abraço, perder o que você trabalhou para conquistar não é nada incrível, muito pelo contrário disso. Na minha volta para casa, pensamentos não só passavam pela minha cabeça, eles vagavam, vagavam sem destino, não sabia se era porque eu tinha perdido o emprego ou se era apenas eu sendo eu, e por conta disso eu estava me achando muito filosófica naquele dia.
— Filha chegou!?
— Oi, mãe.
— Nossa que "animação" toda é essa? O que aconteceu? Por que está com essa cara?
— Essa é a cara de uma desempregada que entrou pela porta de sua casa.
— Desempregada? Você foi demitida?
— Eu e todos os outros.
— Como assim!?
— Ah… Bem, a lanchonete está passando por um problema financeiro… Não tem como pagar os funcionários, não tem dinheiro para manter o estoque, pagamento das mercadorias, e energia, todos atrasados… A única opção que restou foi fechar a lanchonete.
— Eu sinto muito minha filha.
— Tá tudo bem, obrigado.
— A Sintia deve estar se sentindo um caco.
— Está, pode ter certeza que está… Foi muito difícil para dela nos comunicar, e o pior é que ela vai ter que fazer um empréstimo no banco e não sabe o que irá fazer com a lanchonete, não sabe se alugar ou vender.
— Nossa… Ela realmente estava se sentindo horrível e isso é claro… Filha.
— Oi?
— Será que você pode terminar de cuidar das coisas enquanto eu vou lá dar um apoio?
— Claro mãe pode ir sem problema.
— Obrigado filha.
Enquanto eu ficava em casa cuidado nas coisas, eu não parava de pensar no que eu iria fazer de agora em diante, sem o meu trabalho na lanchonete, me tornei desempregada, e o meu currículo é horrível, a lanchonete sempre foi o meu trabalho deis dos meu 12 anos de idade, nunca tive uma outra experiencia, conclui o ensino médio, mas não sei fazer nada da vida… O quê eu faço agora?
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Ah porquê essas partileiras são tão altas? Tinha que ter sido ele mesmo para colocar uma partileira na altura de 1;89 para uma pessoa de 1;60… AAAH PORQUE NÃO CONSEGUI PEGAR.
— Deixa eu pegar para você.
Aquela voz… Uma voz suave e sedutora. O, alguém atrás de mim, que demonstrou ser mais alto que eu, pegando a vasilha de louça com mais facilidade e praticidade.
— Prontinho!
Era Isaac.
— A desculpa chegar sem avisar, lhe deixei assustada ou desconfortável?
— … Aham? O quê? Não, não tá tudo bem, tá tudo bem.
Ele sorriu de mim, acho que ficou muito na cara que eu fiquei no mínimo surpresa, MAS É CLARO QUEM NÃO FICARIA COM ALGUÉM CHEGANDO POR TRÁS DE VOCÊ.
— O quê você veio fazer aqui? Se não for mal pergunta.
— Eu!? Eu vim deixar uma bolsa para a sua mãe, que minha tia pediu, aí eu encontrei ela ali na porta e ela disse que eu podia entrar e entregar para você.
— Há então foi por isso.
— Sim.
— Senta, eu vou pegar uma água para você.
— Ah, obrigado… Se não for mal pergunta, o que aconteceu com a sua mãe, para ela sair daquela forma?
— Ah, nada, e que a lanchonete vai fechar, então ela foi dar um pouco de consolo para a Sintia.
— Entendi… E como você está?
— Desempregada serve?
Como o sorriso dela é lindo, se eu pudesse, diria para vim trabalhar comigo, só para não perder a chance de vê-lo novamente.
— O que está pensando em fazer nesse tempo livre?
— Ainda não tenho nada em mente e isso está me matando.
— Olha, se existisse alguma hipótese, eu não pensaria duas vezes em chamar você para vim trabalhar na biblioteca.
— Não precisa se preocupar, eu vou dar um jeito.
— Mas qualquer coisa eu te chamo.
— Obrigado.
— … Bem, agora eu vou indo.
— Claro!
— Foi bom te ver.
— Foi bom te ver também, tchau.
— Tchau.
......................
— Filha, cheguei.
— Eai, como foi lá?
— Triste né filha… Mas ela vai ficar bem, ela vai se reerguer e voltar com ânimo e forte, porém só está sendo difícil agora.
— Assim espero.
— Mas e você?
— O quê tem eu?
— O que vai fazer agora? Que você está sem emprego.
— Não sei.
— Então tira um tempo para pensar.
Na verdade, pensando bem, porque torna a falta de emprego a coisa mais difícil do mundo, além disso não faz nem 24 horas que estou desempregada.
......................
Poxa vida 3 semanas! Eu vou surtar, preciso de algo imediatamente.
— Filha!
— Oi mãe.
— Vai na confeitaria para mim, e comprar um bolo trufado.
— Tá.
Pelo menos uma "desculpa" para sair de casa e ver gente.
Sentir a brisa do ar poluído e satisfatório nessas horas… Naquele dia eu deveria apenas comprar o bolo e voltar para casa, mas a vontade de não voltar foi maior no momento em que eu encontrei Isaac, ele estava comprando um bolo também.
— Olha quem vemos por aqui.
— Kiara!?
— Oi!
— Veio comprar um bolo também?
— Sim, vim a pedido da minha mãe, ela ama bolo trufado, e eu não fico para trás… Mas e você, também está comprando?
— É, esse é para a minha tia, eu estava passando e resolvi comprar, ela gosta de bolo de cenoura.
— Humm, é uma delícia mesmo.
— É, é sim… Você quer que eu lhe espere para podermos ir juntos?
— Há, eu gostaria.
— Então vai lá, eu te espero aqui.
Eu não entendo, mas tudo o que ele diz ou faz sempre é convincente para mim, suas palavras, não sei, não compreendo se é o seu tom de fala, sua maneira de se expressar.
— E então, conseguiu?
— Sim!
— Então vamos?
— Vamos.
Na volta para casa eu e Kiara conversamos de várias coisas, a conversa fluía com muita facilidade, parecia que nós nos conhecia a anos e anos, a Kiara conseguia ser a paz para as minhas perguntas sem resposta e ser um ponto de interrogação para novas descobertas.
— E então… Já conseguiu pensar em algo para fazer?
— Ainda não… Mas eu vou encontrar.
— Eu acredito que sim, mas não tenha pressa, você pode ir de vagar.
— Obrigado…
— … Acho que chegamos.
— É… Chegamos sim.
— … Kiara.
— O quê?
Oh céus, será que faço isso? Mas e se ela disse que não… Mas ela também pode dizer sim, ah vai, eu não sou tão ruim assim.
— Isaac! O quê foi? Por qual motivo está me olhando com essa cara? Você está bem? Está sendo algo?
— O quê? Ou não, está tudo bem, eu estou bem.
— Então tá… Eu vou entrar… Tchau!
— Tchau…
Poxa vida, eu sou um idiota, deveria ter lhe convidando para sair.
Poxa… Por um estante achei que ele ia me chamar para sair… É, acho que não foi dessa vez, ou talvez Isaac só me veja como uma amiga… Aí para de pensar besteira garota, o que está acontecendo com você.
— Ah, você chegou!
— Oi mãe.
— O quê está fazendo aí? Porque não entrou?
— Ah, eu acabei de chegar.
— Estava fazendo o quê para demorar tanto? Estava fazendo o bolo?
— Nossa! Tá muito grossa, não acha?
— Entra logo garota.
Nossa precisava falar desse jeito.
— Kiara?
— O meu Deus! BENJAMIN!
— Sim, sou eu.
Benjamin era um amigo da infância, foi o primeiro garoto que eu chamei de amigo… E não podia acreditar que ele estava ali na frente depois de 4 anos.
— Você ainda continua com o abraço mais apertado do mundo.
— Aí, desculpe.
— Não peça desculpa, eu gosto.
— Então tá, me diz, por onde andou esse tempo?
— Bem, depois que eu fui embora daqui de Blumenau, eu viajei para outros lugares, mas eu não consigo me desapegar daqui.
— Você saiu de Blumenau, mas Blumenau não saiu de você.
— É isso aí.
— Pera aí, mas que horas você chegou aqui?
— Assim que você saiu para comprar o bolo.
— O quê? Pera aí, tá tudo muito confuso.
— Desculpa, eu vou te esplicar.
— Acho bom, mas antes senta lá, eu vou servir um pedaço de bolo para você.
— Tá bom.
Benjamin, me contou que ele e minha mãe estavam planejando isso, na hora que eu saí para comprar o bolo, Benjamin chegou e ficou me esperando.
— Kiara, eu fiquei sabendo que você e o Max terminaram.
— É, terminamos sim.
— É como você está?
— Eu… Eu estou bem.
— … Não precisa fingir ser forte na minha frente.
— … Doeu muito.
Naquele exato momento Benjamin, me abraçou, foi o meu consolador imediato.
Era como se eu pudesse ouvir as batidas aceleradas do seu coração, eu senti que ela não estava bem, parece que todos os dias ela estava sobrevivendo, tentando ser forte.
— Não precisa dizer que está bem o tempo todo.
— É bom ter você aqui.
Depois que me desmanchei em choros na frente de Benjamin, consegui me recompor, conversamos e sorrimos muito… No meio daquela conversa, eu contei para Benjamin que eu não estava sabendo o que fazer, depois que eu perdi o meu emprego, e ele acabou me dando uma sugestão, e eu gostei.
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Atualizado até capítulo 13
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