Eu vi sua verdade.

 Mais um dia fiquei sem ir trabalhar, a minha mãe me obrigou ficar em casa mesmo eu dizendo que estava tudo bem, mas agradeço a ela, pois eu estava bem fisicamente, porém destruída emocionalmente, sorria, mas a minha vontade era de chorar, enquanto eu ficava em casa sozinha, várias coisas se passava pela minha cabeça, passava o dia olhando para a parede, o silêncio era insuportável, era tão alto que parece que eu podia escutar o barulho de uma pena caindo no chão, e isso fazia o meu coração ficar agoniado. Então decidi me levantar do sofá e dar uma volta na rua, assim eu conseguiria ouvir barulhos reais.

 — Kiara?

— Oi.

— O quê faz aqui? Fiquei sabendo que você não estava bem.

— Eu acho que eu enlouqueceria se ficasse mais um pouco dentro de casa.

— Então já que está aqui, topa me acompanhar?

— Topo fazer qualquer coisa.

Encontrar Isaac naquele momento foi inesperado, porém foi bom, ele me levou para a biblioteca, no começo achei que seria um tédio, mas aí acabei descobrindo que estava errada, pois ver Isaac falando sobre os livros e o mundo literário era lindo.

— Acredito que não encontrei alguém que ame mais livros do que você.

— Eu só amo aquilo que me faz bem… Você disse que fazia 7 anos deis da última vez que havia entrado numa biblioteca, né?

— Sim, foi em um passeio de escola.

— Qual foi sua experiência? Quando alguém não encontra mais magia nos livros, tentando fazer ele reviver de alguma forma a primeira experiência que ele teve com um livro… Qual foi a sua?

— Bem, no passei da escola a professora disse que era para todos sentarem, em grupo ou trio, ou dupla, mas ninguém sentou comigo, ninguém nunca queria fazer nada comigo, sempre foi só eu… Então eu peguei um livro, me sentei no chão da biblioteca entre as partileiras, quando eu abri o livro, eu chorei, porque nele não tinha uma se quer palavra, era somente imagens, eu imaginei que até às palavras havia deixado de existir para mim, até os livros havia se calado… E foi essa a minha primeira experiência em uma biblioteca.

— Aí nossa, você teve toda a oportunidade do mundo para criar a melhor história possível com um livro de imagens, e você criou a história mais triste… Os livros não se calam para o leitor, é o leitor que se cala para os livros assim que ele decide para de lê-los.

Nossa, como ele consegue? Como ele consegue fazer isso? Como ele consegue me fazer sorrir com uma lembrança ruim? Como ele consegue fazer eu esquecer os meus problemas nos dias ruins?

— Eu… Eu era uma criança patética, né? Na verdade, eu penso que sou até hoje.

— O quê? Você não é patética, e não era uma criança patética, você era uma criança sortuda, você teve a oportunidade de criar a história que quisesse e criou, enquanto as outras crianças estava lendo aquilo que já estava escrito, agora me diz, o que é mais maneiro, criar ou copiar?

— Criar, com certeza criar.

— Exatamente… E você não é uma pessoa patética, você é uma pessoa muito forte e incrível.

— Aí nossa, como você é cafona.

— Porque? O quê eu falei de errado?

— Como você pode dizer isso de uma pessoa sendo que você nem a conhece?… Como você pode dizer que uma pessoa é forte e incrível sendo que você não sabe nada dessa pessoa?

— Você é cruel sabia, olha todos nós temos uma história, história essa que poucas pessoas sabe e nós não fazermos questão de contar, e eu acredito que você seja uma dessas pessoas, você não faz questão de conta sua história para as pessoas não terem pena de você ou algo do tipo, então me diz, isso não é ser forte?

— A sabedoria também é um sinônimo de força…

Eu não podia negar, ele realmente estava certo. Eu voltei para casa, pensando nas palavras de Isaac, e por um estante voltei a me achar patética, eu estava pensando de mais nas coisas que Isaac falava.

......................

Dois dias depois eu voltei a trabalhar, até escutei boatos que eu estava mais corada depois que voltei as tarefas, e isso não era mentira, eu realmente estava mais contente, trabalhar em uma lanchonete obviamente não era o meu sonho de criança, mas trabalha dela e muito mais confortável para mim, sim, era, realmente era.

— Oi amiga, tudo bem?

— Sim.

— Então eu e a Sam… Queremos saber se você pode ficar para arrumar tudo?

— Sozinha?… Tá bom, eu fico.

— Fica mesmo amiga!? Aí obrigada.

— Tá bom, mas da próxima vez, eu quero ir também.

— Pode deixar.

Aí, aí, eu acho que falei cedo demais sobre a lanchonete, mas apesar do serviço todo que ficou para mim, eu vou ficar bem ocupada.

......................

— Ei, você está indo para onde?

— Fica quieto cabelinho.

......................

— Kiara.

Eu conhecia aquele voz, era Max.

— Max? O quê está fazendo aqui?

— Eu queria te ver, calma, eu não vou te fazer mal, eu queria conversar com você… Podemos?

— …

— Eu vim aqui… Porque queria te pedir perdão.

— Perdão?

— Sim… Quero te pedir perdão por tudo de ruim que fiz para você, e te agradecer por não ter me abandonado no momento mais difícil da minha vida… Kiara, eu não estou aqui para voltar com você, estou aqui para pedir o seu perdão, você foi a pessoa mais incrível do mundo na minha vida, mas eu não dei valor, então será que.

— Porque?

— O quê?

— Porque eu te perdoaria?

—… Eu não sei, mas me diga, porque eu devo pedir o seu perdão? Ou porque eu devo me arrepender amargamente?

Eu não sabia responder… Porque desejamos que uma pessoa se arrependa amargamente pelos erros que cometeu, sendo que quando ela se arrepende, não sabemos responder uma pergunta dessa, então resolvemos agir como criança.

— Desculpa, eu não quero que você se sinta culpada por uma coisa que não foi você que cometeu, eu reconheço o meu erro.

— Reconhece mesmo?

— Sim… Eu reconheço que nesse relacionamento passado que tivemos, vivemos muitas coisas, e eu sei que muitas delas foram boas, mas que outras de fez sofrer mais do que o inesperado.

Ele estava certo, eu vivi bons momentos, e foi nessa fase que eu amei alguém, eu amei ele, Max foi a primeira pessoa que eu amei, mas acabou, e infelizmente ou felizmente não sei ao certo se é bom ou ruim, mas eu me lembro de tudo que eu sofri do lado de Max e com Max.

— … Eu não sei o que dizer.

— Tudo bem, eu passei muitas horas procurando palavras para falar para você quando eu estivesse aqui, e mesmo assim me sinto perdido.

— Por tudo que vivemos quando éramos felizes, eu te perdôo, e assim eu posso dizer que eu não sinto mais nada por você.

— Obrigado! Obrigado mesmo… Você não faz ideia do quão feliz eu estou ouvindo o seu perdão.

Ele chorou, presenciei Max chorando por um motivo e agora estou vendo isso de novo, e isso é confuso.

— Qual o motiv-

— Eu só amei uma pessoa em toda a minha vida, e ela morreu, eu não tive a oportunidade de pedir o seu perdão antes dela parti… E você Kiara Ados foi a segunda pessoa que amei, e eu tive a oportunidade de pedir o seu perdão antes deu ir embora.

Embora? Como assim, embora?

— Como assim? Você vai embora para onde?

— Ah… Eu estou me preparando para realizar o meu sonho… Eu estou me consultando com uma psicóloga, e é graças a esse "tratamento" que eu consegui me sentir livre agora.

— Eu não sabia.

— Comecei a pouco tempo.

— Me diz uma coisa, para onde vai?

— Eu acho que você não se lembra, eu quero começar conhecendo alguns estados.

Eu não consegui acreditar naquilo,… E porque eu estava tão triste com aquela notícia? Porque?

— E depois quero viajar para outros.

— Países e depois trabalhar em uma casa de idosos.

— Exatamente, você ainda se lembra… Porque está chorando?

— … Eu!? Eu não sei, acho que estou surpresa só isso.

— Ah… Será que posso fazer um pedido antes deu ir?

— Claro.

— Será que você pode me dá um lanche? Estou morrendo de fome.

......................

A minha jornada havia chegado ao fim, na vida de Kiara, mesmo sabendo que isso doía muito… Mas era assim que deveria acontecer, Kiara era incrível demais para um cara como eu. Eu observei ela tentar esconder o choro enquanto conversávamos, e aquilo estava doendo muito em mim, porém não podia fazer nada, mesmo que a minha vontade fosse só de abraça-lá. Me despedir e depois observei ela sendo acompanhada por Isaac até em casa, e até isso fez eu me arrepender, pelo fato de nós dois já termos vivido algo juntos, porque se entre nós nunca tivesse acontecido nada, talvez ela não teria criado traumas, que a partir de agora iram influenciar em outros relacionamentos de sua vida.

......................

 — Tudo bem com você?

— Hum rum.

— … Tem certeza? Parece estar pensando em algo distante que está lhe deixando triste.

— … Ah desculpa, eu realmente estou pensando em uma coisa… Você já… Se apaixonou por alguém?

— Nossa! Assim do nada.

— Desculpa!

— Não, tudo bem… Eu já me apaixonei sim.

— E como foi para você?

— Bem, foi bom.

— Você nunca se decepcionou? … Desculpa eu acho que eu estou falando demais né.

— Tá tudo bem, pode perguntar.

— Então diz o que é o amor para você.

— O amor? O amor é aquilo que não podemos explicar com palavras, mas sim com atos.

— … O alguém que você ama ou amou… O quê você sentia?

— Você está gostando de alguém?

— O quê?

— Parece que está gostando de alguém.

— Eu!? A eu não, só estou perguntando por perguntar mesmo.

Obviamente não era, ela saiu com o rosto molhado, depois que falou com Max, eu só não sabia o que havia acontecido, mas eu sei que algo aconteceu lá dentro.

— Então chegamos.

— É, chegamos.

— Eu vou entrar, tchau.

— Tchau… Kiara.

Eu dei graças por ter chegado na casa dela antes de dar tempo de responder a pergunta, ela obviamente está confusa com os seus sentimentos por Max, ela achou que havia acabado os seus sentimentos por ele, mas talvez ainda não, e agora isso deve está lhe deixando confusa… E eu não quero me meter nesse assunto, isso não é problema meu, tenho que fazer que meu coração entenda isso de uma vez por todas.

......................

Porque eu estou me sentindo tão mal assim com a notícia que o Max me deu? Eu não sinto mais nada por ele, ou será que sinto? Qual o motivo dos meus sentimentos serem tão burros que chegam a ser exaustantes?

— Filha você chegou?

— Oi mãe, tudo bem aqui?

— Tudo sim filha, esse é um conhecido, ele já está indo embora.

— Olá, tudo bem? Se vocês quiserem eu posso sair ou ir para o meu quarto, se eu estiver atrapalhando.

— Não! Está tudo bem, ele já vai.

Nunca vi minha mãe tão tensa assim antes, por um estante eu tive uma leve impressão que eu estaria atrapalhando os dois, mas depois que ele foi embora, minha mãe se sentiu mas aliviada, mas por algum motivo me senti desconfortável também, mesmo eu não tendo ficado nem 30 minutos frente a frente com ele.

— Mãe! A onde vai?

— Vou me deitar, estou cansada.

Mas e eu? E a nossa conversa? E nossa janta juntas? E nosso momento mãe e filha? Será que realmente era cansaço? Acreditaria nela se por algum motivo eu não tivesse visto que ela está escondendo algo. Ela tentou mentir para mim, e isso estava estampado em seu rosto.

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