Acompanhante a preço de Sangue

Atenção: Se você chegou até aqui, obrigado, mas tenho que avisá-lo que este livro contem violência, então se não gosta deste tipo de conteúdo, sugiro não continuar. De qualquer forma, seja bem-vindo! Boa leitura.

...

     Uma espécie de organização clandestina fora montada para fazer o que a justiça não era capaz. Era, na verdade, uma facção contra estupradores e outros tipos de criminosos que se localizava na grande e pacata Rosenfeld, que atualmente estava mais que agitada em busca desta tal facção, chamada os Justiceiros. Anastasia era uma Justiceira por opção, amava agir e não ficar apenas dentro do lugar onde se reuniam alguns dos que podiam ser vistos, vendo papeladas ou dando ordens e por isso, neste momento estava se arrumando para mais uma ação. Era a suposta acompanhante de luxo de um suspeito. Este, estava entre os maiores e mais conhecidos da cidade, mas não passava de um pedófilo. Tinha a ficha completa de sua próxima vítima e o faria não passar desta noite com vida. Jhofrey McFarland era investigado pelo FBI por crimes como estupros e abusos contra garotinhas entre sete e nove anos, também fazia filmagens de suas vítimas, provas que foram capturadas pelos justiceiros por um hacker que entrou no sistema de seu computador através de um bate papo. Para a polícia este caso havia sido arquivado, pois não conseguiram as provas suficientes. Provas estas, foram adquiridas pela facção e a total investigação estava nas mãos dos Justiceiros. Um ano inteiro de investigações até que descobriram a real história, ele realmente fazia todas as barbaridades indicadas na ficha com crianças de orfanatos e abrigos. Jhofrey era esperto, mas não era mais que eles. Ao contrário da polícia, os justiceiros não os levava para um confinamento mofado com grades e uma cama de cimento, os justiceiros os mandavam diretamente para o inferno e era o que iria fazer naquela noite com Jhofrey.

Ana era uma suposta acompanhante de luxo nesta noite em um evento importante, afinal, Jhofrey, além de criminoso, era um deputado federal muito poderoso. Olhou pela última vez no espelho. A aparência deveria estar a frente, considerando que Jhofrey era um poderoso deputado e o grande evento tinha a finalidade de fazer homens adquirir mais poder e exibir seus "troféus" do lado, o que a deixou um pouco apreensiva, também haveriam grandes juízes ali e Anastasia era procurada. Estaria arriscando-se muito colocando-se totalmente em público, mas era seu trabalho. Trajava um vestido vermelho com um decote não tão exagerado, entretanto uma fenda um tanto ousada na perna. Batom vinho, maquiagem marcante a deixando com um rosto e corpo extremamente sensuais. Qualquer homem que a olhasse sentiria um extremo desejo de tê-la em sua cama naquela noite. Essa era a parte que mais odiava. Não gostava de olhares masculinos voltados para si, abominava chamar a atenção de todos os usuais olhares lascivos. Ao contrário de outras justiceiras, Anastasia Stellenboschs nunca levou suas vítimas para a cama. Assim que os conhecia dava um jeito de marcar um encontro com a vítima, de preferência noturno e era ali que executava o plano sem antes ter contato sexual, por este motivo era conhecida como Anjo Negro. Anjo porque segundo as justiceiras "resistia" a tentação e Negro por não ter piedade. Colocou em seu pescoço um colar de pequenos diamantes e brincos em conjunto para decorar sua transformação. Estava uma mulher completamente diferente do que costumava ser, mas não lhe importava, queria ser invisível, se fosse possível. Sabia que este era um evento muito importante e invisibilidade não era uma opção. Por fim, colocou um salto alto da cor dourada e detalhes em branco e ficou esperando pelo homem em sua suposta casa. Não demorou muito até a chegada de Jhofrey que buzinou anunciando sua chegada. Ligou o microfone que se localizava no colar e instalou um broche em seu vestido, continha uma câmera. Em seu ouvido havia um ponto para escutar o que seu parceiro diria.

— Anjo negro para o setor.— Testou.— Justiceiro Anjo Negro na escuta.— Foi até a janela, vendo-o já parado lá fora a conversar com um motorista.— O alvo chegou. Setor na escuta?

— Setor um, disponível. Estou tendo uma visão do alvo através da câmera instalada no exterior da casa, siga em frente com o plano, mas com cuidado, ele tem seguranças à sua disposição.

— Você sabe que já lidei com isso.

— Certo. Apenas... Tome cuidado.

Dito isso, Ana foi até o sofá onde sua pequena bolsa fora anteriormente jogada, colocou-a em seu ombro, prestes a sair. Era uma pequena bolsa vermelha com uma alça na cor dourada, ali continha a seringa já com o veneno que deveria usar e sua arma, para o caso de tudo fugir do planejado. Também escondia uma faca em sua cinta liga na perna esquerda onde não havia uma fenda, essa cinta liga era adaptada para a faca. No cabelo, um acessório que guardava um pequeno canivete. Estava preparada para enfrentar qualquer desafio, caso estivesse se sentindo ameaçada, cumpriria a missão e fugiria. Caminhou até a porta, sentindo um arrepio se alastrar por toda a espinha, como se algo diferente fosse acontecer naquela noite, algo ruim. Afastou logo seus pensamentos ruins e abriu a porta. Jhofrey a esperava encostado do lado de fora do carro com um longo sorriso em seu rosto, surpreendera-se com a beleza da ruiva. Sentiu nojo, uma vontade imensa de matá-lo ali mesmo, era como se visse nele seu padrasto. Anastasia via Kaley em todos os homens que olhava, odiava ver seus sorrisos lascivos, suas olhadelas, suas existências. De qualquer maneira, o homem lembrava Kaley até em sua forma de a olhar, Anastasia sentia-se novamente vulnerável, como se as noites tão horríveis fossem voltar a acontecer, mas disfarçou e decidiu continuar com o plano. Setor via sua apreensão através das câmeras, ele também estava desconfiado. Também sentiu como se naquela noite fossem acontecer coisas diferentes, mas tinham que seguir com o plano.

— Caminhe até ele.— Incentivou.— Tudo estará bem, Anjo Negro.

Assim fez, caminhou até Jhofrey com um pequeno sorriso em seus lábios. Eles se cumprimentaram com um beijo na bochecha e logo estavam no carro, em direção ao tal evento. Durante o caminho conversaram sobre coisas aleatórias e o homem ao seu lado só se sentia mais atraído por uma mulher que aparentava ser tão inocente e alheia às outras, ela respondia apenas o necessário. Sua falsa timidez dava o ar de mistério que todos os homens gostam em uma mulher, não foi diferente com este. Imaginava como seria sua noite, mas no pensamento da mulher, adivinhava que o homem um pouco mais velho não passaria daquela noite. Ao perceber que recebia olhadas indevidas, a mulher apenas olhou pela janela, tentando distrair sua mente. No dia em que se conheceram, há três dias atrás, apresentou-se para ele como Diana, era protocolo em todos os casos não revelar seu verdadeiro nome para o caso de algo dar errado, mesmo que fossem capturados, atrasando assim o sistema. Os justiceiros já se arriscavam de mais revelando seus rostos para as vítimas, por isso tudo tinha de sair perfeitamente bem e segundo o planejado. Logo chegaram ao local da festa, onde vários jornalistas esperavam os multimilionários, juízes e políticos chegarem para serem entrevistados e saírem na mídia com suas belas acompanhantes. Era por isso que estava sendo investigada, para o FBI — eles não sabiam ainda seu verdadeiro nome, fora excluído todos os dados dos justiceiros do sistema, mas eles tinham algumas informações da mulher —, Anastasia era além de uma simples acompanhante de alguns multimilionários com quem já foi raramente vista. Quase todos morreram na mesma noite que saíram com ela. Decidiu não arriscar ser vista mais uma vez. Virou-se para Jhofrey.

— Não tem como entrarmos por um lugar onde não tenham muitos jornalistas e paparazzis?— perguntou com voz meiga.

Não era isso o que o homem havia planejado com a equipe do FBI, mas a mulher o convenceu com sua meiga e doce voz.

— Tem sim.— Acenou para o motorista.— Vá pela entrada lateral.

O carro acelerou mais uma vez e foi até uma porta onde não tinha ninguém além dos seguranças do próprio lugar, que aliás haviam mais seguranças que o normal. Dimitry (Setor Um) sentia-se preocupado com a ruiva, por provavelmente estar entrando em uma armadilha dos investigadores, contudo era praticamente impossível abortar. Pediu que a missão fosse seguida, disse haver mais três justiceiros lá dentro para analisar tudo como sempre e lhe dar cobertura. Ambos não sabiam que Ana, na realidade ficaria sozinha nesta missão. Os outros justiceiros poderiam ser pegos a qualquer momento, estavam na mira dos agentes. A comunicação entre Dimitry e os outros havia sido cortada, não nada a ela para não lhe preocupar. Pensou que poderiam apenas estar com um problema na comunicação, apesar de ser avançada em tecnologia. Ana desceu do carro e foi em direção a emboscada que haviam armado, sentindo um certo pressentimento, mas dizia dentro de si não sentir medo. Seguiu pelo jardim até o tapete vermelho, e continuou a caminhar indo de encontro ao enorme lugar. Logo adentraram o hall onde o homem que os recebeu os levou até o salão de festas e os conduziu até a maior mesa. Jhofrey não largava seu braço, queria mostrar para todos seu "troféu", Ana era uma mulher muito bonita e se sentiria muito feliz por mostrar a todos o que conquistou. Em segundos, os olhares estavam voltados para a linda acompanhante do político, sentiu seu estômago embrulhar e sua cabeça girar, a sensação de desespero voltou como em todas as noites que foi tocada contra sua vontade na adolescência. Os olhares lascivos dos homens ao seu redor lhe fazia se sentir como aquela garotinha frágil de alguns anos atrás, o ratinho de estimação de Kaloey. Dentro de si, chorava e gritava em uma crise descontrolada de medo, mas por fora sorria para todos enquanto seguia para a mesa com Jhofrey. Anastasia não sabia que apenas uma pessoa além de Dimitry percebeu seu incômodo, alguém que conseguia ler qualquer pessoa através de seus olhos. Dimitry a todo tempo lhe confortava dizendo que tudo estava bem, que o plano ia correr tranquilamente segundo o usual. Ele era o único além dela mesma que sabia o que aconteceu em seu passado e apesar de não o conhecer pessoalmente, ambos eram muito amigos. A organização dos justiceiros não era uma organização específica, não era um covil, apenas uma facção formada por pessoas que trabalhavam secretamente e recebiam suas recompensas por cada trabalho. Obviamente tinha uma central, como a cabeça da máfia, onde eles investigavam e de lá saiam os maiores planejamentos. Para não arriscar uma possível queda da facção, era importante não manter contato com os planejadores além do que já tinham, até mesmo investidores não tinham muito contato com os planejadores. No meio de tantas pessoas se sentia mal, que nada iria ficar bem depois daquela noite, mas estava disposta a dar sua vida por aquela missão se fosse necessário, só para salvar as prováveis próximas crianças que sofreriam com estupros e abusos tendo suas vidas marcadas para sempre. Não permitiria que mais ninguém tivesse um buraco negro no coração, ou que se culpasse por um estupro. As mulheres presentes possuíam carrancas horríveis em seus rostos diante de Anastasia. Os homens a desejavam​ e Jhofrey se sentia como um campeão de uma luta de MMA, praticamente todos os olhos foram voltados aos dois. Seus olhos percorreram por todo o local, fazendo uma varredura em todos, alguns eram suspeitos para a mulher, quando parou em um certo par de olhos azuis. Paralisou por um momento, Jhofrey a chamou disfarçadamente ao perceber seu transe, mas era como se ninguém mais estivesse presente, apenas os dois. Dimitry também a chamava pelo ponto, mas por um momento também não o escutou, sentiu uma vontade imensa de correr para fora diante do olhar mais intimidador que já viu, ao mesmo tempo que queria correr em sua direção. Era misterioso e ao mesmo tempo amedrontador, uma pessoa impossível de se ler apenas pelo olhar, isso intrigou Anastasia. Respirou fundo e voltou a si.

—Diana?— Chamou Jhofrey pela milésima vez. Desviou seu olhar para o mesmo.— Está tudo bem? Você ficou pálida de repente, como se estivesse com medo.

— É... Estou.— Respondeu sucinta.

— Então vamos, querida.— Ele sorriu​ e se virou, voltaram a caminhar para a mesa onde aquele homem estava.

— Droga!— Dimitry disse ao conseguir ver um par de olhos azuis e tatuagens saltando do paletó mais caro da noite.— O reconhecimento facial me diz que é o Juiz Frederick Schumacher, se desejar abortamos a missão. Se deseja isso, é só pigarrear.

Ela não o fez, pelo contrário, continuou caminhando pelo salão até que chegou na grande mesa, recebendo olhares de todos os que estavam sentados. Jhofrey puxou a cadeira para sua acompanhante se sentar, orgulhoso de si mesmo, estava acompanhado da mulher mais bela. Se sentou ao seu lado e a apresentou como Diana Campbell, ambos recebendo um cumprimento abreviado da maioria. Então todos estavam conversando e o jantar foi seguidamente servido. Após terminarem, continuaram conversando sobre trabalho enquanto alguns foram dançar. Ana continuava calada, apenas observando o local, e constatando o que mais temia: não havia nenhum justiceiro ali para dar cobertura e também haviam agentes do FBI disfarçados por todos os lugares. Olhavam disfarçadamente em sua direção em certas horas, mas logo voltavam a seus disfarces. Por um momento o juiz Frederick tirou seus olhos penetrantes que a encaravam impertinentes, então começou passou a repará-lo. O homem tinha tatuagens em suas mãos, dedos e pescoço. Não podia ver mais detalhes, pois estava em um bom terno que cobria-lhe muito de seus desenhos na pele, mas era evidente que os desenhos passeavam por muito de seu corpo. Os cabelos eram quase loiros e sua pele bem branca, porém pequenas bolsas escuras em baixo dos olhos demostravam a dedicação extrema de tempo ao trabalho. Não era coincidência ser conhecido como o melhor juiz de Rosenfeld e não só de lá. Logo seus olhares novamente se cruzaram fazendo-a desviar imediatamente se virando para Jhofrey. O velho babão conversava com um ministro sentado ao seu lado, mas virou-se imediatamente ao toque feminino e delicado da mulher do lado oposto.

— Preciso de um pouco de ar, vou até a varanda.— Comentou baixo.

— Tudo bem, linda. Volte logo.

Ele sorriu e ela se levantou educadamente, pegou sua bolsa e passou a caminhar rapidamente até a varanda se perdendo em meio ao emaranhado de pessoas. Parou na varanda escondida atrás de umas cortinas grossas e brancas, que vinham do alto teto e paravam no chão. Observava a clara noite e se lembrou que foi em uma noite linda como esta que teve os piores acontecimentos de sua vida. A bela noite não a impediu de seu sofrimento. Tratou de afastar aqueles pensamentos da mente, não era momento de chorar e fraquejar "feito uma mocinha". Abriu sua bolsa, vendo os objetos necessários para fugir dali, mas voltou a fechar por medo de estar sendo vigiada.

— Setor Um!— Chamou ajeitando o ponto em sua orelha.— Setor Um, responde. Não vejo os justiceiros e tem agentes da polícia aqui. O que esta acontecendo?— Não havia resposta.— Setor?

Bufou irada. Agora nem mesmo Dimitry a respondia — a quem conhecia por Setor Um, que era o setor correspondente a sua área de trabalho e atendimento. A conexão foi cortada em algum momento, mas como poderiam interferir em uma tecnologia de conexão tão avançada? Algo estava errado. O que poderia estar acontecendo? Por que tinha tantos agentes da polícia ali? Não importa o que viesse, estava preparada. Colocou as mãos na barra da sacada e respirou fundo, fechando os olhos e tentando pensar no que fazer. Foi quando sentiu um perfume se alastrar pelo ambiente, não estava sozinha e praguejou a si mesma por não ter olhado para trás antes de falar. Havia cometido uma grave falha. Ana tinha a companhia mais misteriosa da noite aproximando-se cada vez mais. O homem por sua vez, encarava a mulher de costas, ouviu a tentativa de conexão satisfeito. O plano de a encurralar estava dando certo.

— Ele não vai te responder, Diana. Se é que esse é mesmo o seu verdadeiro nome...

Um sussurro em seu ouvido trouxe-lhe grande arrepio na espinha. Virou-se abruptamente dando de cara com o mesmo par de olhos azuis bem próximos de seu rosto, um frio indecifrável percorreu sua espinha e se sentiu completamente vulnerável diante de olhos tão penetrantes e impenetráveis. Indecifravelmente não sentia nojo ou desconfortável diante de Frederick, apenas intrigada. Por que não sentia o mesmo que com todos os homens? Por que aquele olhar não a deixava com nojo, repugnância ou qualquer outro tipo de sentimento? Ele a olhava como se quisesse desvendar seu grande mistério, curioso para saber qual era a dor carregada dentro dela, emitida em seus olhos. Viu nela uma inocência e sabia que esse jeito era apenas uma capa, disfarce com a finalidade de se esconder. Assentiu concordando com o que dissera, mesmo não tendo entendido seu dito, completamente embriagada por certo par de olhos azuis. Desviou-se do juiz e caminhou de volta para o evento, voltando para Jhofrey que bebia uma taça de vinho. Aquela presença intrigava-a.

— Quero sair daqui. Agora.— Disse firme.

Interrompeu a conversa dele com o mesmo senhor. Disfarçando, sorriu para a bela moca, surpreendido com a firmeza de uma mulher aparentemente frágil e delicada.

— Espere, ainda temos que ver o leilão.

— Eu disse agora.— Insistiu, ignorando olhares.— Me sinto mal.

— Tudo bem,— Bufou.— venha comigo.

Ele se levantou, despedindo-se do velho que apostava todas as suas forças que seria a cobaia para o deixar ainda mais imponente. A guiou aparentemente pelo mesmo caminho que vieram. Tudo parecia normal e apesar de ainda estar intrigada com o Juiz e sem conexão com Dimitry, acreditava que tudo correria bem. Tão ligada aos pensamentos e alheia a tudo, a moça não reparou quando viraram para o lado oposto de onde tinha ido. Caminharam por mais um tempo até que Jhofrey parou de frente a uma porta e a abriu, dando passagem para a mulher e seguiu atrás, entrando em um cômodo escuro. A luz foi ligada. Droga! Pensou. Entrou em uma sala onde os outros justiceiros estavam algemados e amordaçados, suplicando com o olhar por piedade. A mulher sentiu o sangue subir e um medo lhe invadiu, havia mordido a isca, não ouvindo seus sentimentos e seguindo em frente com a missão. Olhou para um canto da sala, Frederick já estava lá, fitando-a com um olhar neutro e sentando tranquilamente.

Como chegou tão rápido?

— Ops...

Jhofrey comentou sorrindo, enquanto se sentia vitorioso, ele apenas a faz voltar a si. Voltou-se para os justiceiros e todos tinham olhares​ de derrota, foram descobertos e pegos. Sabia que tinham famílias os esperando, ela não, ela não tinha nada. Começou a pensar em algo que os livrasse e apenas uma coisa veio em sua mente, então, com agilidade pegou o acessório de seu cabelo e o colocou no pescoço de Jhofrey, fazendo o homem ficar em sua frente, enquanto apertava o canivete em seu pescoço. Frederick se levantou mantendo o contato visual com ela e um copo em mãos. Homens anteriormente apontando armas para os justiceiros amarrados, agora apontavam suas armas na direção da mulher, a fim de disparar assim que vissem qualquer movimento brusco.

— Não é assim que vai conseguir escapar, justiceira.— Disse Frederick.

— Não tenho nada a perder, Meritíssimo.— Enfatizou o apelido atribuído ao mesmo.— Não quero escapar.

Em sua mente, só o que queria era libertar os outros. Não se importava com seu destino a partir daquele momento, desde que estivessem livres.

— O que você quer?

Parou bem em sua frente. Ela estava na mira de tantas armas, mas não sentia medo. Só queria que Jhofrey pagasse por tudo o que fez e que seus companheiros de trabalho, que arriscaram suas vidas fossem para longe daquela armadilha.

— Deixe os três irem e não os machuque.

— Vocês já foram descobertos, não há escapatória.— Frederick insistiu.

— Tem que haver, pelo menos para eles. E se eu souber que me enganou, mato você e esse estuprador aqui.— Apertou mais o objeto cortante contra o pescoço do homem.

Ele parecia pensar na "proposta" de Ana. Olhou para os três ajoelhados e amordaçados com olhares suplicantes, mas ao mesmo tempo duros. A mulher parecia desesperada, mas quase não demonstrava. Algemados e amordaçados. Suspirou, voltando-se para a Justiceira com Jhofrey desesperado sob seu poder. A ruiva era bem habilidosa, tinha medo de seu amigo pagar por isso.

— Soltem-nos.

Ordenou para os policiais dentro do ambiente e assim fizeram após olharem uns para os outros, confusos, mas não era seu trabalho questionar ou desacatar as ordens de um juiz. Logo os três justiceiros já não estavam na sala, foram-se sem olhar para trás, na tentativa de fugir o mais rápido possível. Anastasia sabia que não sairia dali do jeito que entrou, mas também não deixaria mais crianças sofrerem, então decidiu executar a missão até o fim. Sem medo de que as armas apontadas para sua cabeça seguidamente disparassem, a mulher agiu, deixando todos surpresos e abismados. Rapidamente passou a faca em seu pescoço, esguichando o sangue em quem estava ao redor e deixou o corpo de Jhofrey cair de joelhos. Em seguida, deixou o objeto seguir o corpo de Jhofrey ao chão, levando as mãos na cabeça, enquanto sorria. Os homens continuavam com as armas apontadas para ela, esperando uma só ordem, mas antes que pudessem matar a assassina, Frederick fez sinal para não atirar. Depois disso uns homens a imobilizaram e algemaram suas mãos.

— O que você fez?— Frederick gritou, logo se virando para o amigo no chão.— Jhofrey?— Disse ao homem agonizando no chão.— Aguenta, cara!

— Ele tinha que morrer.— Ana disse baixo, impedindo-o de se ajoelhar para alcançar o amigo.

Fitou-a com indignação e de seus olhos pareciam sair chamas de fogo. Instintivamente uma das mãos de Frederick foram parar no pescoço da mulher, mas retirou depois de um tempo, tentando manter a calma para não se igualar. Isso sequer a abalou. Ajoelhou-se na altura de seu amigo. Mediu os batimentos cardíacos do homem no chão e constatou que já não estava mais vivo. O desespero e a culpa atingiam o Juiz, sabendo que nada disso teria acontecido se não tivesse escolhido Jhofrey para ser cobaia de uma mulher tão perigosa. A raiva também aguçava seu interior, quase o cegando, então se levantou pegando em seu pescoço novamente. Ana o encarou sem abaixar a cabeça, com um semblante um tanto vitorioso e aliviado. Pensava que este sera apenas mais um que não faria mais mal a nenhuma criança. Ela não tinha medo de homens e muito menos da morte.

— Sua...— Forçou-se a calar.— Ele era meu melhor amigo!

— Lugar de estuprador de criancinhas é a sete palmos da terra.— Sorriu.

— Não tínhamos provas suficientes!— Alterou-se.— O FBI ainda o investigava.

— Mas nós tínhamos. Sempre estamos a frente de vocês e do FBI.

Não queria mais ouvir sua voz ou ver seu rosto, controlava-se para não perder a paciência. Soltou o pescoço de Ana, evitando a olhar.

— Levem essa mulher daqui. Já sabem para onde ela deve ir.

Eles acataram as ordens, levando-a imediatamente da sala. Frederick ficou ali, parado olhando para o nada. Respirou fundo se abaixando e olhando para o corpo de Jhofrey que já formava uma poça de sangue em volta. No meio, apenas o corpo inerte do homem, com os olhos exageradamente abertos. Tocou seu ombro, sentindo os olhos embassar. Parou para pensar naquela noite e em como pôde permitir aquela mulher se aproximar de seu amigo. Como não pensou nas consequências? Ele era investigado pelo FBI por crimes de estupro e abusos a crianças, mas não estava comprovado o que realmente fizera. Frederick não poderia acreditar, Jhofrey tinha uma filha de apenas seis meses e a mãe morreu no parto. Essa menina não tinha família, não tinha onde ficar, não lhe restara nada além da família da parte materna que Frederick sabia que a rejeitaria, então prometeu a si mesmo que cuidaria dela como se fosse sua filha.

Levantou-se dali com as mãos cheias de sangue e a mente pesada, seus pensamentos são levados até aquela mulher com o vestido sensual. Realmente foi capaz de prender seus olhares, o fez de bobo e depois executou seu plano inicial com perfeição. Algo naquela mulher lhe chamou a atenção, porém junto com a assassina, forte e fria, havia uma extrema fraqueza. Uma menina que talvez sofreu muito e agora estava atrás de grandes barreiras, protegendo a si mesma de possíveis monstros. Protegia-se à sua maneira. Afastou aqueles pensamentos e continuou caminhando pelos corredores, havia acabado de perder seu amigo. Não sabia exatamente o que fazer com "Diana", mas iria pagar judicialmente pelo que fez.

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Comments

Luisa Nascimento

Luisa Nascimento

Mereceu morrer esse cafajeste, estuprador safado.😠😠😠

2025-01-31

1

Penelope campos

Penelope campos

amA filha seria outra que ele iria abusar.

2023-12-26

4

Liduina M Lima

Liduina M Lima

Nossa que livro bom

2023-10-30

0

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