Capítulo 5

Enquanto Abel repousou, sua mãe estava no hospital, Lurdes chegou e acordou Rosália, que retornou para casa:

— Rosália, bom dia. Como está Abel?

— Do mesmo jeito, não mudou nada e já se passaram três meses, isso está me deixando, assustada!

Parece que os dias vão diminuindo as minhas esperanças! Às vezes me pego a questionar, onde está Deus, que não vêm socorrer-me!

— Você está deixando vencer pelo cansaço! Essa não é minha irmã perseverante com fé que conheço. Tudo vai ficar bem! Sei que não é uma boa hora para te contar, mas comecei a fazer o processo para tentar engravidar.

— Que notícia maravilhosa! Que Deus, te abençoe e ilumine de bênçãos e que logo possa vir o meu sobrinho ou sobrinha!

— Vá para casa, ficará tudo bem aqui, estarei de vigília! As crianças têm sentido sua falta, e perguntam o tempo todo sobre Abel, já nem sei mais o que dizer.

— Tudo bem, vou ficar com eles e direi a eles, sobre o irmão, não vai ser fácil. Cuide do meu menino, Lurdes. Te amo, se cuida e fica com Deus.

— Você também, te amo. Não se preocupa, Kevin irá revezar comigo, vai e tenta relaxar. Fique um pouco com as crianças.

— Tudo bem! Tchau!

Rosália voltou para casa, às crianças festejaram sua chegada:

— Bem-vinda mamãe! Olha, fiz um desenho para você. — Disse Carlinhos entusiasmado.

— Obrigada! Querido.

— Mãe, onde a senhora estava? Por que não vem ficar mais com a gente? — Questionou Mateus. — A senhora só pensa nele!

— Desculpe filho, quem você está falando?

— Estou falando de Abel! Sei bem o que aconteceu com ele e tudo isso é culpa da senhora!

— Como pode, falar assim comigo, desse jeito?

— Só estou dizendo a verdade, de repente estamos sem pai, sem Abel, daqui a apouco ficaremos órfãs de mãe!

— Mateus, o que há com você, por que está agindo, dessa maneira?

— Porque estou cansado, poderíamos ser uma família normal para variar! — Mateus chorou. — Não é justo, você nem fala mais conosco, isso aqui, está uma droga! Gosto da tia e do tio, mais a casa não é mais a mesma, você se tornou a senhora do hospital, tive um problema na escola e queria muito você por perto, mais não pude a quem recorrer, pois, estava ocupada demais com Abel! —Mateus saiu de casa e sua mãe o chamou;

— Mateus, volte aqui menino! Mateus!

Mateus correu para rua nervoso e não viu o carro que veio em sua direção, Rosália gritou:

— Mateus, cuidado!

O carro freio com tudo, quase o atropelou Mateus, Rosália desmaiou de susto, foi socorrida pelos filhos, que saíram de casa com o barulho. Mateus Chorou:

— Você está bem? Menino, você precisa prestar mais atenção! Não pode sair correndo na rua desse jeito! — Repreendeu o motorista.

— Mãe! Calma, está tudo bem, acorde!

Rosália despertou, com olhar perdido procurou por Mateus e foi tranquilizada por Kael:

— Onde está Mateus? — Perguntou Rosália aflita!

— Ele, está bem, não aconteceu nada, só foi um susto.

— Minha senhora desculpe, o garoto entrou na frente com tudo!

— Mateus, venha aqui, ajude-me levar a mamãe para dentro.

— Deixa-me ajudar vocês! — Disse o motorista, mas Kael recusou.

— Obrigada, Senhor! Está tudo bem! Eu, meus irmãos, daremos conta!

— Tudo bem, vou indo e cuidado.

Kael e Mateus colocaram Rosália para dentro e deitara-a no sofá e ela abraçou Mateus, que pediu desculpa para ela:

— Desculpa mamãe!

— Meu filho! Que susto pensei que tivesse lhe perdido!

— Desculpe mãe, não foi minha intenção! Desculpe!

— Farei um chá para senhora se acalmar! — Disse Kael indo para cozinha.

— A senhora, me perdoa? — Abraça Mateus a sua mãe.

— Claro meu amor, só fiquei preocupada. Olha Mateus, nesse momento irei precisar muita da ajuda de vocês, principalmente você e Kael que são os mais velhos. Por favor, chame seus irmãos, tenho um comunicado a fazer.

— Sim, vou chamá-los.

Kael fez um chá para mãe, Carlinhos e Cauã juntaram-se e Rosália deu a notícia sobre o acidente de Abel:

— Bem crianças, eu andei muito ausente nesses três últimos meses e devo desculpa, por não ter compartilhado com vocês o ocorrido com Abel, três meses atrás, ele sofreu um acidente de carro. — As crianças ficaram, espantadas com olhares de questionamentos. — Calma, ele está internado e o momento agora é de muita prece.

— Podemos vista-lo? — Perguntou Cauã. — Como ele está?

— Por enquanto, está em estado um pouco crítico e no momento não pode receber visita.

— Foi por isso que a senhora não ficou conosco, mamãe?

— Sim Carlinhos e devo desculpa a vocês. Nesses últimos meses dediquei Abel e mal fiquei com vocês. Desculpe-me, compreendo seu questionamento Mateus, mas peço um pouco de paciência, logo as coisas, se Deus permitir, voltará no lugar. Venham, me dê aquele abraço gostoso, que amo! Estou com muita saudades de vocês!

Rosália passou um tempo com as crianças, enquanto Lurdes ficou no hospital. Raul visitou Abel e o convidou para um passeio, antes da missão:

— Como está o mais novo aprendiz?

— Entediado!

— Mas, por quê? Deveria estar feliz, na condição em que se encontra!

— Isso não muda em nada! É como seu estivesse morto mesmo, ou paralítico! Não posso fazer nada, ir alugar algum, droga! Vou acabar morrendo de tanto tédio!

— Abel, anime-se! Vamos até o jardim das rosas brancas, retomaremos a nossa conversa. Hoje passarei sua primeira lição, mas antes de iniciarmos, gostaria de convidá-lo a juntar-se a mim, para uma prece.

— Tudo bem!

— Querido mestre, instruir-nos alcançar as bênçãos das tarefas, compreendendo a grandeza do trabalho que deposita em nós. Guiando-nos a vigília, para que a vaidade não corrupta a verdade, nos deveres ao compromisso Celestial. Orienta-nos a conduzir, sem correntes da inutilidade, para que compreendamos, as tuas obras. Ministro generoso, ensina-nos a nutrir o solo de nossa essência. Abra-nos a nossa visão e evidência o caminho do teu âmbito. Assim seja!

— Assim seja!

— Bom, a primeira lição hoje, é compreender o processo de observação construtiva, para poder ter sempre na consciência, que se deve analisar de modo a cooperar no auxílio e nunca para julgar ou diminuir aquele que está no calvário de provas, ou expiações. Na carne, tendemos a examinar apenas os efeitos sem considerar a origem. Comparemos em uma análise, no indigente por exemplo, enxergamos somente a inópia, no doente apenas enfermidades do corpo orgânico. É preciso identificar a causa e remediar a situação, isso é fundamental!

— E de que maneira pretende que eu diga a ela?

— Suas anotações de observação, deve-se guardar para si, para que não venha agredir o bom ânimo do paciente, na qual você presta-lhe o auxílio. Suas ações falaram por si só, aos poucos com demonstração de fé e paciência, conseguirá penetrar no coração de Emily e com isso, trabalharemos as mazelas ajudando-a expulsar todo o mau que a consome no fundo da alma. Para depois entrarmos com o remédio do bom ânimo, restaurando as energias físicas, mentais e espirituais.

— Falando assim, até parece fácil! Por que tem tanta certeza de que isso, dará certo?

— Porque um dia, fui um paciente e pode acreditar, dei muito trabalho!

— Angelical desse jeito? Vendo pra crer!

— O senhor Osvaldo foi meu orientador. Ele resgatou-me no umbral, encontrou-me em péssimas condições, agarrado a minha estupidez e vício. O álcool foi minha companheira de uma longa vivência terrena, fazendo perde tudo que tinha. Desencarnei por suicídio subconsciente, as substâncias em excesso, fizeram com que alguns órgãos ,desintegrassem aos poucos e fui me entregando, cada vez mais a ladeira da morte! Depois do desencarne, despertei na imensurável dor! Não compreendia o que acontecerá comigo, entrei em revolta!

— Por que se candidatou-se, a ser mentor?

— Depois do resgate, Osvaldo dedicou-se na minha recuperação, ajudou-me na minha regeneração.

Ao longo desse percurso, fui acompanhando-o e comecei a notar sua dedicação, o amor comovente no cuidado dos irmãos enfermos, isso mexeu muito com a minha consciência! Senti um vazio, despertando em mim, a culpa! O desejo de mudar moralmente, veio átona! Estava cansado!

Compreendi que todo o sofrimento que passei, foi causado por mim mesmo. Fui envolvendo-me, cada vez mais no trabalho com Osvaldo.

Caminhei com a caravana dos Irmãos Franciscanos, foi nessa jornada, que cresci e um amor incondicional me envolveu, fazendo-me solicitar, a tornar-me mentor, de alguma forma para reparar os danos nas pessoas, que causei o mau um dia.

— Será que irão te perdoar? O que fez para ter tanto ressentimento?

— Não enumerei meus feitos, obtive a colheita necessária para o meu aprendizado, ainda sei que há débitos a serem pagos, conforme vou atingindo os degraus de sapiência, as provas e expiações, virão.

— Osvaldo, qual é a história dele? Notei uma postura e linguagem diferente, me pareceu pertencer outra década.

— Osvaldo vem da década de trinta, a vida dele, misturasse com tantas outras histórias, mas ele também teve sua caminhada, até chegar aonde ele está.

— Observei nele, um olhar tímido por Cristal, como se ele guardasse algum sentimento por ela.

— Impressionante observação! E realmente têm! Mas, isso não nos compete aos assuntos alheios Abel.

— Desculpe-me, só foi curiosidade. Ele parece gostar dela.

— Abel, Osvaldo e Cristal foram íntimos na última experiência terrena. Eles têm, uma linda história, porém, com desfecho trágico.

— E Cristal, não o reconheceu?

— Cristal, ainda está mantida com o véu do esquecimento, não está preparada suficiente para encarar o homem que lhe causou o mau, na sua última experiência terrena.

— Está me dizendo, que Osvaldo tirou a vida dela?

— É uma longa história e como já lhe disse, não compete a nós falarmos, mesmo que seja comentada, não haverá instruções ou algo ser aprendido agora. Por mais inocente que seja a nossa conversa, cairíamos com bisbilhoteiros da vida alheia. Note com atenção, quando for comentar algo de alguém, de que forma está aproveitar o assunto e observará que não haverá proveito evolutivo algum, se a intensão não for somente de cooperação e auxílio.

— Está bem, mas fiquei curioso!

— Assim que tiver oportunidade, talvez, ele mesmo possa lhe contar! Não atreverei a continuar esse assunto, falaremos agora de Emily, é importante que você saiba a história de vida dela, pois daqui a adiante, você estará responsável no auxílio. Agora vamos, levarei você até ela.

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