Capítulo 4

Raul avisou, Abel, sobre o acordo que a espiritualidade fez e explicou que seria benéfico para ele:

— Como expliquei, Abel, você ainda não desencarnou completamente, com isso, você já pode considerar um milagre! Á prece generosa de sua mãe, a Senhora Rosália e analisando os feitos de trabalho e auxílio para cooperação de Cristo, em que ela realizou muitas vezes aos necessitados, a espiritualidade concedeu a você, uma

oportunidade de retornar a vida, mas antes, terá que cumprir uma missão.

— E qual seria essa missão? Como isso será possível, se sou um espírito?

— Na Terra, quando sua mãe fez, uma prece em seu leito quase morte, a oração entrou no campo magnético Divino, multiplicou as ondas fluídicas, se espalhou como fio de energia elétrica em um poste e se juntou com um coração aflito, que também suplicou por socorro. Essa irmã, está caminhando no calvário, têm sérios problemas psicológicos e estamos muito preocupados com ela! Já tentou o suicídio por duas vezes e pela graça de Deus, não se concluíram. Sua missão, é tonar-se mentor dela, uma espécie como é chamado na Terra, de anjo da guarda, será provisório, passará a vigiar e cooperar no trabalho de auxílio.

Enquanto ao seu estágio corporal, já te expliquei, você está no que chamamos perispírito, como ainda seu corpo orgânico, encontra-se ativo, poderá realizar esse processo de bicorporeidade, é quando o espírito abandona a matéria física e fica na fase perispírito e podendo até ser visto por pessoas comuns, em alguns casos, pode ser até tocado, aparecendo em algum lugar diferente, daquele em que está o corpo. Você terá a mesma aparência terrena, porém, não conseguirá rever por enquanto seus familiares. Você será monitorado e não deve se afastar de nós, pois na Terra, as energias são densas e há muitos espíritos que podem tentar influenciar você, a desistir. Conforme forem os dias, iremos dar orientações para que você tenha, um auxílio e amparo espiritual.

— Vou ficar de babá agora? Quem é a deprimente criatura?

— Abel, ponha-se em seu lugar, assim como a misericórdia Divina, teve com você, dando essa oportunidade! Peço que tenha respeito e compaixão para com ela. Isso não é uma brincadeira!

— Desculpe-me, vossa senhoria! Diga-me, porque me importaria de ajudar alguém, que não quer viver? É o livre arbítrio, não é? Ela tem o direito de escolha!

— Esse é o grande erro da humanidade, Abel, todos esses males, são causados por si próprios, é o que geram as enfermidades físicas e espirituais. Há aqueles, que ainda julgam, que a vida se encerra com a paralisação dos órgãos vitais e dali nada mais se têm, há não ser a escuridão e com essa convicção, tomam como livre arbítrio erroneamente, que as aflições e as enfermidades mundanas, podem ser sepultadas sobre á terra, para o fim das angústias! Livrar-se de algo passageiro, tirando a própria vida, é um equívoco, uma ilusão, um paliativo para o corpo orgânico e não a cura para o espírito, que logo depois, depara com a grande e única verdade, a criatura tornar-se prisioneira do confinamento do orgulho, sofre pela sua verídica consciência, na colheita da Lei Causa e Efeito. E sofrerá, até que compreenda a escolha equivocada que fez, desprendendo-se da mazela que se permitiu adentrar.

Por isso Abel, eles ainda precisam do nosso trabalho, então vamos ajudá-los, com compaixão, assim como Jesus teve para conosco e nos ensina a amar, o amor incondicional é a melhor ferramenta, o remédio misericordioso para tratar pessoas enfermas na alma! Não pense em você, como a única criatura que sofre ou anda por espinhos, há quem passa pelo Calvário e ainda agradece a Deus pela vida!

Vamos ajudar Emily, com suas dificuldades e dores, mostrando que as provas e expiações não são duradouras, sendo propício ao amadurecimento e crescimento espiritual, ensinando-a, remover as inúmeras dores que carregou ao longo dos anos.

— Compreendo, mas, não sou especialista no assunto de sentimentos, é ridículo, candidatar-me a isso! Sempre fui dono de mim mesmo, nunca precisei de ninguém para enxugar as minhas lágrimas e nem tanto desistir da vida, por algo ruim. As coisas acontecem, simplesmente, os confrontos!

— Não seja tão duro consigo mesmo, Abel! Veja aonde seus confrontos, o levaram! Um tirano fracassado, carregado na veste da arrogância, prepotência pela ousadia, sem nenhuma consideração a si mesmo, a sentença final, suicídio subconsciente, surpreso? Pois bem! Veja, que a sua observação estava equivocada sobre si e não

está muito distante na conduta de Emily, pode considerar inigualável.

Quem age com cautela e vigília, manterá as ocorrências e principalmente a morte, estagnadas!

Saiba escutar seus sentimentos e buscar o amparo e auxílio. Para que se fazer de forte? Não se esconda por trás da máscara do orgulho. Isso não é vergonha, achar que os homens não devem falar de seus sentimentos, quem pensa assim, é estupido! E sofre calado, revertendo em si, uma doença, um convite a morte prematura.

— Eu não intimido com suas palavras, a morte, não foi culpa minha, foi um acidente! Isso acontece, não é? Vocês costumam dizer, que a “morte vem para todos, cedo ou mais tarde!

O senhor fala em fabulas, um conto de fadas que não existe, na vivência selvagem terrena. A sobrevivência naquele mundo, não é para os sentimentalistas e só os fortes sobrevivem, essa é a realidade, enquanto vocês ficam aqui, tocando harpas e filosofando como bons samaritanos!

— Então é isso que você acha que se faz depois da morte? Ah, Abel! Se soubesse a estrada do martilho que aguarda aqueles, que não retiram a veste do orgulho e posso falar com total certeza, que o conto de fadas que menciona em relação a Terra, é o mesmo infernal aqui, só que dez vezes pior, pois, a custódia da consciência, não permite nos fantasiar ou usar máscaras, é cruel a nossa verdade e o confronto será entre nós mesmo!

Mas, aqui o auxílio chega com toda a verdade, sem méritos ou medalhas, sem superioridade, fazemos pelo amor incondicional e não pense que é fácil! Para estarmos na condição de orientador, foi preciso atravessar o mar velho, nem tudo foram flores, andamos muito pelo vale das sombras, nos espinhos do calvário, pois, tivemos tão cegos e agarrados a nossa estupidez e arrogância,  mergulhados no lodo do orgulho. Hoje estou na condição oposta à sua, mas por merecimento ao trabalho árduo e verdadeiro no auxílio dos meus irmãos enfermos e livre das algemas da ignorância.

Abel, não darei continuidade, no que se trata de revelar a verdade, ainda está prematuro!  É compreensível, não querer aceitar essa reflexão, como um mapa para chegar no caminho da redenção. É preciso ter amadurecimento para sucumbir toda essa verdade.

— O senhor pensa que serei capaz de salvar a garota e fazê-la mudar de ideia?

— Bem, acredito que a espiritualidade tem seu propósito, você encaixa em um perfil, que possa, encoraja-la a enfrentar os medos.

— Sei que as garotas amarram em mim, mas não que me tornaria um padre a ouvir confissão de uma garota chata!

— Por favor! Sem gracinhas! Foi compreendido que poderíamos fazer uma troca, você nos ajudaria com a garota em questão e você retornaria ao mundo carnal.

— E se eu não quiser retornar?

— Você está no seu livre arbítrio, porém, tem que considerar que era para você ter desencarnado, a espiritualidade está fazendo um imenso esforço terreno, para manter seu corpo orgânico vivo, aproveite essa oportunidade preciosa e não a desperdice!

— Eu não levo jeito para ser um padre, ou seja, lá, o que vocês querem que eu seja!

— Não precisa ser ninguém, será você mesmo! A sua personalidade, embora meio sem juízo, mas você tem algo que possa ajudá-la.

— Isso tudo parece ser meio chato!

— Repense, não é somente para ajudá-la, mas também fará você crescer espiritualmente, há muito que aprender, quem sabe, consiga resgatar sua essência perdida?

— Nunca imaginei vida após a morte! Pensando bem agora, olhando para esse hospital, é muito bonito. Esse cheiro, que aroma! Será que eu poderia visitar meus parentes?

— Isso dependerá da sua vontade de mudar moralmente. O trabalho a favor do bem maior é nosso advogado amanhã! Todo esforço e merecimento caminham em mão dupla!

— Minha avó, chama Zuleica e meu avô, Afonso, sinto falta deles, às vezes vinham visitar-me, quando criança.

— A família é algo de muita benção! Eles são nossas primeiras lições, o recinto familiar a nossa primeira escola!

— O senhor, tem família aqui?

— Aqui tenho muitas, mas há uma em especial e eles encontram-se entre os encarnados.

— O senhor sente falta deles?

— E muita! A saudade será passageira, às vezes o trabalho de auxílio aos irmãos sofridos, ajuda-me, manter a fé e a esperança de que um dia nos reencontraremos.

— Na minha vida terrena, a única coisa que sinto falta, é do meu pai e meus irmãos! Lembro-me muito pouco, era muito novo, ele me amava. Mas minha mãe fugiu com outro e deixou meu pai. Será que poderia saber onde ele está?

— Você quer muito vê-lo, não é?

— Gostaria de viver tudo o que não permitiram com ele, minha mãe estragou tudo! Vivi sozinho nesse mundo, sem poder ter um amor de um pai.

— Não fale coisa que não sabe, não a julgue!

— Não defenda ela, essa mulher não merece! Sofri muito, por causa dela.

— Ainda terá a oportunidade de ver a verdade, perante os seus olhos!

— O senhor fala como se a conhece-se!

— Abel, vivenciei muitos nós erros da vida, cedo ou mais tarde a verdade virá até você, quando estiver pronto a ouvi-la.

— Bom, e agora? Saberei quem é a tal garota misteriosa?

— No momento oportuno irá saber, vamos encontrar com Osvaldo e Cristal, nós três iremos ajudá-lo, Abel.

— Pronto, lá vem às regras!

— Esse trabalho, dispõe de disciplina e determinação, você irá conseguir no propósito Divino! Vamos, há dois mentores e eles devem estar nos esperando.

Raul, Cristal que é mentora de Emily e Osvaldo, prepararam Abel para seu retorno no mundo carnal.

—  Abel, deixa-me apresentar, essa senhorita linda é Cristal mentora de Emily, a garota que você irá auxiliar, e esse é o nosso orientador , o senhor professor Osvaldo.

— Raul, por favor, já não estamos na terra sem formalidade, muito prazer Abel, chame apenas de Osvaldo. Bem, precisamos por algum tempo, aplicarmos o véu do esquecimento, ele não irá se concentrar, se tiver ainda, as lembranças da família que possui na Terra. — Sugeriu, Osvaldo.

— Meus irmãos, pela graça Divina, o trabalho está concluído! Já poderemos, instruir Abel, para sua missão. — Disse Cristal. — Devemos transportá-lo, ainda na condição dormente.

— Então, vamos! Devemos alcançar a cidade, ante do crepúsculo. — Apressou Osvaldo.

Antes da chegada do crepúsculo, chegaram ao mundo carnal, Osvaldo, Cristal e Raul, despertaram Abel, que por alguns segundos, sentiu-se estranho e confuso.

— Bem-vindo novamente ao lar, Abel! Raul o acompanhará nessa missão. Bom, devo retornar a colônia agora, irei com Cristal. — Despediu Osvaldo.

— Aproveitarei a companhia de Osvaldo, para terminar algumas tarefas, mas logo retornarei.

— Compreendo, acredito que ambos têm muito a conversar! — Brincou Raul, que deixou seu amigo Osvaldo, sem jeito.

— Osvaldo, é uma excelente companhia, embora misterioso! Quem sabe, Raul, você possa ajudar-me com essa questão!

— Será um prazer! — Sorriu, Raul.

— Obrigada Raul, por aceitar auxiliar Abel, nessa missão com Emily. Ambos estão em boas mãos! Até breve!

— Até breve, Cristal! Osvaldo, que o caminho até o seu destino, seja trilhado pela benção de paz.

— Obrigado, irmão. Cuidem-se, até breve Abel!

Raul preparou Abel, para conhecer Emily. Cristal foi conversando com Osvaldo, enquanto os dois retornavam para colônia:

— Fico feliz em ver Raul realizando esse trabalho com fé! Imaginar que ele saiu da esfera umbrosa e agora está a serviço na seara do bem!

— Realmente é um motivo a festejar, o despertar de Raul, foi intenso! No entanto, não é necessário ser grandioso para sentir-se útil! É preciso apenas, trabalhar na essência da verdade de auxílio e amparo para com o próximo, sendo assim, contribuiremos de alguma maneira.

O céu prevalece, para àqueles que humildemente, reconhecem a condição em que se encontram, sem qualquer pretensão de superioridade. A espiritualidade convida-nos ao dever, isso faz parte da Lei Divina, devemos compreender às obrigações para que fomos chamados na seara do bem e verás que não faltará trabalho ao obreiro benevolente!

— Dá-se muito trabalho ardo no auxílio, não é?

— Quem atenta o trabalho, reconhecerá o imenso esforço no auxílio, as criaturas terrenas!

O concurso divino, não somente disponibiliza o âmbito de estudos e exames, no qual poucos aprendizes que conseguem percorrer com êxodo, mas, oferta o laboratório de regeneração e gradativamente a consciência de aprendiz deve buscar na disciplina de si mesmo o autoaperfeiçoamento.

— Isso se deve também pelo seu empenho de cooperação! Lembro-me bem, quando ele chegou à colônia, o senhor não dispensou um minuto se quer no auxílio e amparo. Saiba que admiro, pela sua dedicação e sapiência.

— Agradeço o elogio, embora não mereça tanto, obrigado! Notei a sua dedicação também, não somente ao trabalho, mas se me permita dizer, a tua graça é tão encantadora como as rosas!

— Obrigada. — Sorriu Cristal. — Embora não mereça o elogio, de tal maneira, que fizessem com que minhas bochechas, ficassem rosadas!

— Desculpe-me, não foi minha intenção! Será que eu poderia vê-la, novamente?

— Teremos muitas oportunidades, ao longo desse percurso no auxílio de Raul.

— Verdade! Com sua licença, senhorita. — Osvaldo pegou a mão de Cristal e beijou, despediu-se, já na chegada a colônia e ela retribui com um sorriso e agradeceu o gesto:

— Muito obrigada, pela adorável companhia! Até mais ver, senhor!

— Até breve, senhorita Cristal.

Ambos partiram para seus afazeres, Raul explicou as condições e regras a serem cumpridas para Abel:

— Abel, como se senti?

— O que aconteceu? Eu não me lembro, por que estou, nesse lugar?

— Aqui Abel, é um lugar de pronto-socorro, aonde espírito necessitados, perdidos na terra, vêm. Como você está, com vibrações baixa, achamos melhor, trazer você para cá. Você dormiu para que pudéssemos emanar energia fluídica a você. Agora irei levá-lo, ao seu destino.

— Vamos, aonde?

— Para sua missão, quero que conheça a moça, na qual, irá auxiliá-la

Antes, é preciso instrui-lo, por favor, tente prestar atenção!

— Como quiser senhor! Sem brincadeiras. — Riu, Abel com sinal de continência.

— Você não poderá dizer sua real situação, até porque ela, não está pronta para encarar essa realidade. Não poderá manifestar qualquer tipo de sentimento afetivo e principalmente, libidinoso.

— Ah! Qual é? Está querendo me dizer que não poderei sair, me divertir? Isso é uma prisão!

— Isso não é uma colônia de férias! Por favor, tente levar isso a sério!

— Estou um tanto cansado, será que poderíamos dar uma pausa? Realmente necessito de um tempo!

— Está bem! Logo, retomaremos a conversar.

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