Após duas semanas a casa estava totalmente arrumada, com todos os móveis e eletros necessários para um lar, também contratei uma cozinheira, uma faxineira e um jardineiro.
Devido ao estilo boêmio e libertino do meu irmão, achei melhor que os empregados não dormissem na nossa casa, eu tinha medo do Antony acabar levando alguma empregada pra cama, ou que elas vissem as suas amantes andando pra lá e pra cá. A cozinheira vinha a cada dois dias, ela basicamente tinha que abastecer a geladeira e os armários e deixar coisas básicas prontas para o nosso café da manhã e jantar, já que almoçamos sempre num restaurante e nos fins de semana costumamos sair para almoçar e jantar fora.
A faxineira também vinha dia sim e dia não e o jardineiro vinha umas três vezes ao mês. Assim tínhamos a nossa privacidade preservada. Ter uma casa só pra mim e pro Tony, era um sonho realizado.
Com a casa pronta decidi realizar um jantar especial para os meus amigos, era a minha forma de agradecer-lhes pelo apoio, tanto na Lovebook como na arrumação da minha casa. Pedi que a cozinheira caprichasse no jantar.
Convidei a Mag, o seu esposo, a Mel, o Tom e a Cassy. Ao saber que a Cassy vinha o Tony se animou e saiu do escritório. Desde que começou a escrever o novo livro, o Tony estava trancafiado no escritório, só saia as vezes a noite pra se divertir, "esfriar a cabeça" ele dizia. Então voltava com alguma amante que ia embora logo cedo pela manhã e ele retornava ao escritório.
A Cassy interessava ao Tony de alguma forma, eu nunca o vi se esforçar para conquistar alguma mulher, elas geralmente se ofereciam a ele, mas a Cassy era diferente, ela tinha um jeito intempestivo, empoderado de agir. Era uma mulher linda, uma beleza que até intimidava de certa forma.
Ela trabalhava na diagramação dos livros na Lovebook, raramente a via no trabalho, mas costumava almoçar conosco as vezes. Ela sempre expressa a sua opinião forte e feminista. Já discutimos sobre o amor e os livros de romance, e concordamos sobre a opressão da sociedade em relação à mulher, sem dúvida a Cassy é uma mulher a frente do seu tempo.
Eu confesso que no início senti que o Tony poderia se apaixonar pela Cassy e se tornar um homem honrado, deixar a lascívia de lado e se casar, mas com o passar do tempo percebi que o Tony só gosta de flertar com ela, e que ela gosta de o desprezar. A Cassy não é uma romântica nem se importa com essas formalidades, mas certamente o Antony não é o tipo de homem por quem ela se apaixonaria. Então eu perdi as esperanças e me acostumei a essa brincadeira deles.
Mag e seu esposo Paul foram os primeiros a chegar ela disse que viria cedo para me ajudar.
— A casa ficou perfeita Amy. — A Mag andava sorridente por todos os lados. — Está moderna e jovial, combina muito com você e com o Tony.
— Sim, eu amo muito essa casa, é um sonho realizado. — Disse emocionada.
— É mesmo uma bela casa. — O esposo da Mag, era um homem bonito e tímido, eles formavam um casal bonito.
— Obrigada!
— Amy, — A Mag me puxou num canto afastada do Paul. — vamos começar a colocar o nosso plano em ação.
Eu e a Mag combinamos de tentar ajudar a Mel a conquistar o Tom, sem que eles soubessem, é claro. Eu amava fazer isso, e eu realmente acho que eles ficariam perfeitos juntos.
— Siiiim! — Gritei em sussurro. — Estou muito empolgada pra começar. — A ideia era dar alguns pitacos, tentar deixa-los a sós e sempre falar de um pro outro, pra que eles se notem, principalmente o Thomas, ele precisa notar mais a Melinda.
Estávamos no canto da sala rindo, quando a Cassy entrou.
— Olá pessoas lindas. — Ela veio em nossa direção e nos abraçou. — Amy eu amei a sua casa, meus parabéns.
— Obrigada Cassy. — Segurei a sua mão e fiz com que ela dessa uma voltinha. — Linda como sempre. — Nesse momento o Tony apareceu na sala.
— Uau! Cassy, a cada dia está mais linda, como isso é possível. — Ele caminhou direto até ela ignorando o restante de nós.
— Obrigada Tony. — A Cassy sorria tímida. Era engraçado como uma mulher tão firme ficava tímida perto do Tony.
Eles ficaram se olhando, e forcei um pigarro pra chamar a atenção deles. O Tony então sorriu e passou a cumprimentar a Mag e o Paul. Minutos depois chegou o Tom e por fim a Mel apareceu. Assim que ela chegou eu e a Mag, tratamos de chamar a atenção para o lindo vestido azul que ela usava, ele realçada o azul dos seus olhos.
— Não acha Tom? — Perguntei fingindo naturalidade.
— Sim, está realmente muito bonita Mel. — Ele sorria tímido. Talvez esse plano da Mag fosse dar certo.
Jantamos alegremente, o Tony aproveitou o jantar e a presença de leitores e escritores de romance para indagar sobre o amor para o seu livro.
— Como é isso de amar alguém? Como sabe que aquilo é amor, e não um carinho, amizade ou desejo, paixão? — Perguntou chamando a atenção de todos.
— Só a Mag e o Paul podem dizer isso, são os únicos que já sentiram amor de verdade. — Disse o Tom bebendo vinho. — O resto de nós já se apaixonou levemente ou basicamente leu sobre isso.
— Não tem nenhuma ideia do que seja o amor Tom? — A Mel perguntou com bastante interesse.
— Eu sei o suficiente pra ter certeza de que nunca amei ninguém. Pelo menos não romanticamente. — Respondeu com sinceridade, deixando a Mel um tanto desconcertada. — Quando se ama você se preocupa, se importa muito, a pessoa fica na sua mente e o que você mais quer é fazê-la feliz. Estou certo?
— Está. — Respondeu o Paul. — Quando se ama, você não se preocupa se ela pode te fazer feliz, e sim se você pode fazê-la feliz. Amar é querer o bem de quem se ama acima de qualquer coisa. É querer estar perto, querer abraçar, beijar, enfim... Amar. — Ele disse tudo isso olhando pra Mag, foi uma cena linda de ver.
— Como vocês se conheceram? — Perguntei.
— Na igreja. — Responde o Paul. — Eu viajei a trabalho para a cidade onde a Mag vivia com os pais, e resolvi ir ver a missa, e ela se sentou ao meu lado. Depois da missa conversamos, marcamos de sair e dias depois estávamos apaixonados, antes de voltar pra cá decidi pedir a sua mão em casamento e cá estamos nós.
— Eu sempre sonhei em encontrar o amor. — A Mag continuou a história. — Eu vivia numa cidade pequena com os meus pais e as minhas irmãs. Éramos presas, não podíamos estudar, nem trabalhar. — Ela falou com tristeza no olhar. — O meu pai dizia que só sairíamos de casa após o casamento.
— Então você sonhava com liberdade, não com amor. — O Tony comentou. — Só teve sorte de achar o Paul e se apaixonar.
— Não! Eu queria liberdade sim, mas não ia me casar pra isso, eu iria fugir e já estava tudo arranjado. — A Mag continuou. — A minha irmã mais nova se casou pra ser livre, ela conheceu um rapaz, um pintor muito talentoso, eles não se amaram, fizeram um acordo. — Ela fez uma pausa dramática e continuou. — Ele gosta de rapazes, mas a família dele não aceita isso, então eles se casaram, ela o ajudaria a manter a pose de homem de família e ele daria a liberdade que ela tanto queria. Hoje ela é uma modista bem sucedida, com muitos amantes, enquanto ele sai a noite e se diverte com alguns homens.
— Nossa! — Disse impressionada. — E são felizes?
— Bom, eles tem tudo que sempre desejaram. — Respondeu a Mag. — A minha irmã mais velha seguiu o exemplo e se casou com o primeiro homem que se interessou por ela. — A Mag suspirou triste. — É um péssimo marido, não deixa ela usar preservativos então ela vive grávida, ele trata ela e os filhos como se fossem lixo. No fim ela está mais presa e infeliz do que quando vivia com os nossos pais.
— Puxa vida. No final ela não conquistou nada. — A Mel falou.
— Não mesmo. Por isso eu não queria um casamento falso ou infeliz. Daí achei melhor fugir. Mas o Paul apareceu. — Eles se olharam com carinho. — Ele me ofereceu uma vida de amor e liberdade. O amor é entrega senhor Antony, quando o seu coração palpita por outro, e você entende que ele não te pertence mais, o seu coração agora é daquele a quem você ama.
Anotei essa frase da Mag no meu caderno de inspirações. A cada dia o amor ficava ainda mais interessante pra mim e também ainda mais complexo e difícil de escrever.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 41
Comments